domingo, 22 de março de 2015

Le Chant du départ (tradução)


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Esta é uma canção revolucionária francesa composta em 1794 por Étienne Nicolas Méhul (melodia) e Marie-Joseph Chénier (letra), que sobreviveu à época da Revolução e do Primeiro Império (período napoleônico), tendo sido usada em diversas situações com vários fins e simbologias. Também conhecida como Hymne à la liberté (Hino à liberdade), era muito tocada em eventos do governo de Napoleão Bonaparte, e por isso é conhecida como um de seus hinos não oficiais.

A canção tem um formato pelo qual cada estrofe é cantada por uma personagem diferente, alusiva à história da Revolução Francesa e da população local, enquanto o refrão é cantado por um conjunto de guerreiros, visto ser uma canção de combate. Na versão que legendei, são cantadas a primeira (deputado do povo), a segunda (mãe de família), a quarta (um menino), a sexta (uma moça) e a sétima (três guerreiros) estrofes. Leia aqui a letra integral em francês!

Esta versão da música foi gravada no álbum Révolution Française em 1990 pelo Coral e Orquestra do Capitólio de Toulouse, então regidos pelos maestros Michel Plasson e Marcel Seminara.

Segundo a Wikipédia em francês, a palavra barrière logo no primeiro verso, que traduzi como “paliçada”, tem o sentido de “liça”, ou seja, uma área em torno dos castelos fortificados, cercada por paliçadas de madeira, em que se realizavam torneios, combates e justas. Em francês, lice nomeia essa paliçada ou a área que ela circula, enquanto em português “liça” designa o local de combate, e “paliçada” é um sinônimo seu. Barrière também poderia ser uma referência à fronteira norte da França, regida pelo “Traité de la Barrière” (Tratado da Barreira) de 1715, que visava impedir invasões francesas aos Estados limítrofes locais.

Midi designa correntemente o Sul da França, daí eu ter traduzido du nord au midi como “de norte a sul”. Bara e Viala são Joseph Bara e Joseph Agricol Viala, dois adolescentes republicanos mortos no início dos anos 1790 em conflitos com realistas, e cuja mitologia foi amplamente desenvolvida na posteridade. Hyménée, ou “himeneu”, é um sinônimo de “matrimônio”, e fer, ou “ferro”, traduzi como “espada”, da qual acredito que seja sinônimo.

Eu baixei o áudio para legendagem a partir deste vídeo, traduzi e legendei. Logo abaixo meu próprio vídeo, além da letra em francês e em português, apenas com as estrofes cantadas no vídeo:


(Un député du Peuple)
La victoire en chantant nous ouvre la barrière.
La Liberté guide nos pas.
Et du nord au midi, la trompette guerrière
A sonné l’heure des combats.
Tremblez, ennemis de la France,
Rois ivres de sang et d’orgueil !
Le Peuple souverain s’avance ;
Tyrans descendez au cercueil.

Chant des guerriers (Refrain) :
La République nous appelle
Sachons vaincre ou sachons périr
Un Français doit vivre pour elle
Pour elle un Français doit mourir.
Un Français doit vivre pour elle
Pour elle un Français doit mourir.

(Une mère de famille)
De nos yeux maternels ne craignez pas les larmes :
Loin de nous de lâches douleurs !
Nous devons triompher quand vous prenez les armes :
C’est aux rois à verser des pleurs.
Nous vous avons donné la vie,
Guerriers, elle n’est plus à vous ;
Tous vos jours sont à la Patrie :
Elle est votre mère avant nous.

(Refrain)

(Un enfant)
De Bara, de Viala le sort nous fait envie ;
Ils sont morts, mais ils ont vaincu.
Le lâche accablé d’ans n’a point connu la vie :
Qui meurt pour le peuple a vécu.
Vous êtes vaillants, nous le sommes :
Guidez-nous contre les tyrans ;
Les républicains sont des hommes,
Les esclaves sont des enfants.

(Refrain)

(Une jeune fille)
Et nous, sœurs des héros, nous qui de l’hyménée
Ignorons les aimables nœuds ;
Si, pour s’unir un jour à notre destinée,
Les citoyens forment des vœux,
Qu’ils reviennent dans nos murailles
Beaux de gloire et de liberté,
Et que leur sang, dans les batailles,
Ait coulé pour l’égalité.

(Refrain)

(Trois guerriers)
Sur le fer devant Dieu, nous jurons à nos pères,
À nos épouses, à nos sœurs,
À nos représentants, à nos fils, à nos mères,
D’anéantir les oppresseurs :
En tous lieux, dans la nuit profonde,
Plongeant l’infâme royauté,
Les Français donneront au monde
Et la paix et la liberté.

(Refrain)

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(Um deputado do Povo)
A vitória, cantando, nos abre a paliçada.
A Liberdade guia nossos passos.
E de norte a sul, o clarim de guerra
Anunciou a hora dos combates.
Tremam, inimigos da França,
Reis ébrios de sangue e orgulho!
O Povo soberano avança;
Tiranos, desçam à tumba.

Canto dos guerreiros (Refrão):
A República nos chama
Saibamos vencer ou perecer
Um francês deve viver por ela
Por ela um francês deve morrer.
Um francês deve viver por ela
Por ela um francês deve morrer.

(Uma mãe de família)
Não temam as lágrimas de nossos olhos maternais:
Não temos nenhum sofrimento vil!
Devemos triunfar quando vocês pegarem em armas:
São os reis que devem chorar.
Nós demos a vida a vocês,
Guerreiros, mas não é mais sua;
Todos os seus dias são da Pátria:
Ela é sua mãe antes de nós.

(Refrão)

(Uma criança)
Nós invejamos o destino de Bara e de Viala;
Eles morreram, mas venceram.
Um covarde bem vivido não sabe nada da vida:
Quem morre pelo povo é que viveu.
Vocês são valentes, e nós também:
Guiem-nos contra os tiranos;
Os republicanos são homens,
Os escravos são crianças.

(Refrão)

(Uma moça)
E nós, irmãs dos heróis, nós que ignoramos
Os amáveis laços do matrimônio;
Se, de se unir um dia a nosso destino,
Os cidadãos expressarem o desejo,
Que voltem para nossa cidade
Adornados de glória e liberdade,
E que seu sangue, nas batalhas,
Tenha corrido pela igualdade.

(Refrão)

(Três guerreiros)
Pela espada, ante Deus, juramos a nossos pais,
A nossas esposas, a nossas irmãs,
A nossos representantes, a nossos filhos, a nossas mães
Aniquilar os opressores:
Em todo lugar, na noite profunda,
Submergindo a infame realeza,
Os franceses darão ao mundo
A paz e a liberdade.

(Refrão)



Marianne, símbolo feminino da República na França.

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