domingo, 8 de fevereiro de 2015

A “Canção do exílio” em interlíngua


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Revelo pouco às pessoas, mas tenho uma incipiente veia poética, por vezes manifesta em originais em português ou outras línguas, por vezes em traduções de clássicos da língua portuguesa para outras línguas. À medida que minhas obrigações acadêmicas foram apertando, e que me centrei mais na tradução de prosa histórica, fui deixando a poesia de lado, mas ainda guardo com carinho muitos resultados.

Um deles é a tradução da famosa “Canção do exílio”, escrita em 1843 pelo poeta brasileiro Gonçalves Dias (1823-1864), para a interlíngua, um idioma auxiliar planejado que veio à luz nos Estados Unidos em 1951, é muito parecido com as principais línguas românicas e tentou ocupar o lugar do esperanto como principal candidato a língua internacional que substituísse o inglês e o francês como instrumentos da diplomacia, do intercâmbio entre os povos e da difusão cultural. Mantive o esquema métrico e de rimas, embora não mantivesse todas as rimas iguais entre uma versão e outra, e consegui não colocar nenhum adjetivo, assim como na versão em português. Como toda tradução poética, esta não é literal, mas tentei passar ao máximo a mesma ideia da primeira versão.

A versão final de minha tradução está datada de 13 de dezembro de 2012, mas minha declamação em áudio só foi dada a público em 4 de março de 2013, no site da Radio Interlingua, administrada por meu amigo húngaro Péter Kovács, na emissão concernente àquele mês que pode ser escutada na própria página clicando em “Ascolta”, ou baixada, clicando em “discarga file audio”. Você também pode assistir ao vídeo abaixo (legendas) apenas com o áudio da minha declamação, sem o programa. Após o texto do poema, dou outras informações sobre a interlíngua!

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Canto del exilio

Mi pais habe palmieros,
Ubi canta un Sabia;
Ci le aves nunquam trilla
Equalmente como la.

Nostre celo: plus de stellas,
Nostre valles: plus de flores,
Nostre boscos: plus de vita,
Nostre vita: plus de amores.

In soniar sol in le nocte
Io gaude me plus la;
Mi pais habe palmieros,
Ubi canta un Sabia.

Mi pais ha meravilias
Que le terra ci non da;
In soniar – sol, in le nocte –
Io gaude me plus la;
Mi pais habe palmieros,
Ubi canta un Sabia.

Ante deceder, oh Deo,
Io vole vader la;
E fruer le meravilias
Que le terra ci non da;
E vider ille palmieros,
Ubi canta un Sabia.



A interlíngua, também conhecida como Interlingua de IALA, resultou de um intenso trabalho de pesquisa conduzido entre 1924 e 1951 por especialistas reunidos na IALA (sigla em inglês para Associação para a Adoção de uma Língua Internacional), dos EUA. Levando ao extremo o ideal de compreensão imediata e visando menos à regularidade gramatical do que, por exemplo, o esperanto, teve editados, ao final dos trabalhos, um dicionário interlíngua-inglês e uma gramática em inglês, especialmente por obra do alemão naturalizado norte-americano Alexander Gode (1906-1970) e do norte-americano Hugh Blair (1909-1967).

É considerada sua característica principal a compreensibilidade praticamente perfeita a falantes de idiomas ocidentais, especialmente os românicos, por ter como fonte elementos que aparecem ao menos em duas ou três das principais línguas de cultura do mundo ocidentalizado: o inglês, o francês, o italiano e, considerados em conjunto, o espanhol e o português. Também são utilizados abundantes radicais latinos e gregos de uso internacional, e são aceitas ainda palavras eslavas, germânicas ou de outras origens que tenham se difundido mundialmente.

Para saber mais sobre a interlíngua em português, conheça a União Brasileira Pró-Interlíngua, e para saber na própria interlíngua, verificando se você já a entende à primeira leitura, visite a página da Union Mundial Pro Interlingua. Você pode ainda ler o ótimo artigo da Wikipédia em inglês a respeito ou visitar o blog de um amigo americano, Interlingua multilingue, também com vários textos em interlíngua, mas que não é atualizado desde 2011.

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