segunda-feira, 31 de março de 2025

O saco do Trump e o saco do Lula


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Este é Edmir Chedid, atual prefeito de Bragança Paulista e herdeiro mais velho (?) da dinastia “Abi Chedid”, que manda no Linguicistão desde que Hafiz Abi Chedid, seu avô e pai do ex-prefeito Jesus Chedid, também tinha sido prefeito da cidade. Quem conhece o mundo dos cartolas do futebol, também vai se lembrar do nome de Nabi Abi Chedid, irmão de Jesus Chedid.

Recentemente, abriu-se uma guerra política, porque pra pôr mais dinheiro em caixa, Edmir tentou executar uma correção na cobrança do IPTU (pra quem não é do Brasil, trata-se do imposto – entre infinitos... – sobre casas e terrenos) que isentaria mais da metade dos pagantes, os mais pobres, e aumentaria consideravelmente o dos mais ricos, muitos deles moradores de condomínios fechados. Curiosamente, sob a gestão anterior (de Amauri Sodré, vice de Jesus, que morreu em 2022...), os vereadores, muitos dos quais reeleitos no ano passado, aprovaram a medida, mas agora resolveram bloquear, alegando que “não tinham entendido alguns pontos”. Vê se pode...

Populismo que isso chama, né? Sem julgar aqui a validade da medida (contra a qual já foi impetrada uma caralhada de processos, a maioria indeferida pela Justiça), um vizinho meu colocou (se também não inventou) no grupo esta figurinha que dispensa explicações. Aqui em casa, o apelidamos justamente de “Prefeitura”, porque sempre que a infraestrutura aqui vem à baila nas conversas da turma da sinuca, ele vive falando que é de competência da prefeitura, embora seja um loteamento privado. Pois é, e eis que o “Prefeitura” fica postando figurinha com a cara do prefeito, só pra fazer piada em qualquer ocasião, rs.

Mudando de assunto, vamos pra algumas coisas que andei achando por aí semana passada e algumas reflexões que fiz sobre a atualidade:















Inusitada notícia velha (se é que assim podemos chamar, pelo tamanho) que achei por acaso no Völkischer Beobachter curitibano, bem antes dele se tornar isso aí. Nota: a invasão ruSSa à Geórgia “só” ocorreria em 2008, rs.


Caramba, o youtuber faz uma baita pesquisa pra comentar os protestos recentes no Peru na Turquia e consegue trocar a sigla do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, não posso acreditar!!!

E bora comemorar o fim de mais um mês desse 2025, rs:


domingo, 30 de março de 2025

Me sigam também no YouTube


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Minha relação com as modernas redes sociais online sempre foi de amor e ódio. Pouco depois de seu lançamento, fui convidado pro Orkut por um conhecido (sim, era assim no princípio!) em meados de 2004 e mantive a mesma conta até inícios de 2007. Excetuando MSN, ICQ, Bate-Papo do UOL e toda essa experiência de “tiozão gen-Y” (rs), aquela foi minha primeira conta no que seria o germe de todo o lixo tipo Facebook, Instagram, Twitter/Équis etc... Depois, como de praxe (e quando convites internos já não eram mais necessários), fiz, desfiz e refiz vários perfis no “turco”, e naturalmente também me atolei no brinquedinho do Zuque até o pescoço. Curiosamente, nunca fui um usuário assíduo do pássaro azul, enquanto no Insta eu só entraria bem tarde, por volta de 2018-19.

O velho Pan-Eslavo Brasil no YouTube (que, no fim dos fins, também virou uma rede social, se excetuarmos a curta e trágica experiência do Google+, lembra?) todo mundo aqui conhece, mas o que poucos conhecem foi a interatividade desta página e do finado canal com as redes sociais tradicionais. Até 2015, quando eu usava mais ativamente o Facebook e o Google+, eu fazia propaganda do canal, sobretudo, e mais raramente do que então eu chamava de blog (e que era um apêndice secundário do primeiro), diretamente em comunidades ou grupos dos assuntos que me interessavam e em páginas que permitiam postagens de visitantes. Era tosco mesmo: uma vez por mês, pelo menos, se cada espaço permitia, eu postava uma mensagem explicando do que se tratava e chamando pra visitar e se inscrever, acompanhada do link. Foi assim que formei o que posso chamar de “massa crítica” de meu público, além de vários “amigos virtuais”!

Durante um breve período na segunda metade de 2014, mantive uma página (no formato tradicional) no Facebook dedicada ao Pan-Eslavo Brasil, e mesmo sem a impulsionar com pagamento, consegui a proeza de ter mais inscritos que o próprio canal na época: se ainda no início de 2015 os “eslovers” giravam em torno dos 1 350, a página já tinha passado dos mais de 2 mil seguidores! Não sei muito bem por que razão, resolvi apagar a página: foi meio burrice, porque só ia deletar meu perfil no Facebook (o primeiro, que tinha desde 2009) em julho de 2015, e se a tivesse deixado, o número de seguidores ia ter disparado, já que o “Leviatã Azul” tava então no auge da moda. Porém, a lua-de-mel acabou por aí: a partir de agosto de 2015, joguei mais peso no incremento do canal, o que deu certo, pois por volta de junho de 2016 eu tinha uns 2,6 mil inscritos; em junho de 2018, com a “onda da Copa”, atingi a marca simbólica dos 10 mil; e em agosto de 2021, quando o Pan-Eslavo Brasil foi “suicidado”, já tinha mais de 42 mil. Esses números devem ser imprecisos, pois estou lembrando de cabeça, mas segue o último print que tirei do canal com meu celular:



Em outros momentos, entre 2016 e (talvez) 2020, cheguei a ter perfis fake no Facebook e a refazer as páginas pro Pan-Eslavo Brasil, mas sem obter o mesmo alcance e sempre perdendo rápido a paciência e apagando tudo. A mesma coisa no Instagram e no WhatsApp (grupo e canal), nos quais já pensei até em fazer grandes backups dos vídeos antigos. Mas eu nunca tinha ânimo pra ficar alimentando os feeds e tirando o tempo que podia usar pra outras coisas: incremento da própria página (quando o canal já tinha sumido), redação das teses de mestrado e doutorado, busca de um emprego, estudos de idiomas etc. Uma exceção foi o famoso grupo do Pan-Eslavo Brasil no WhatsApp, que mantive de outubro de 2018 até fins de 2020, que era muito mais um “clube de fãs” onde fiz amigos mantidos até hoje do que propriamente um precursor dos atuais canais. Dado o nível de toxina a que chegaram a convivência e os debates políticos, eu mesmo desisti dele...

Pra piorar, quando perdi o canal, achei inútil manter aquela conta do Google e decidi transferir meus dois blogs (este e o Materialismo.net) pra conta atual, que já tinha desde 2016 e cujo Gmail virou o meu padrão atual. Resultou que perdi a contagem de visualizações e, pior, meus inscritos, que já eram mais de 70! (Outros tempos, né...) A transferência deu um baita trabalho, mas já tava toda concluída em junho de 2022, e sequer tava pensando em restaurar qualquer mídia pra divulgação.

Dado que muito do material já é “crácico”, com procura contínua, e que em março de 2024 meu nome foi um pouco impulsionado devido à publicação da tradução (feita na segunda metade de 2018!) dos Robôs Universais de Rossum, mantive um crescimento orgânico e cada vez maior, incrementado pela decisão de programar conteúdo pra todos os dias. Mais um êxito: quando apaguei a antiga conta do Google, a página já tinha totalizado mais de 900 mil visualizações únicas (lembre-se que meu foco era o YouTube), e em menos de três anos da nova “casa”, já recuperei mais de 786 mil! (Quantas são de bots, caso existam, não faço ideia...) Por milagre, também apareceram aqui alguns seguidores novos, cerca de 18: embora estivessem listados 20 quando apareceu esta publicação, um deles parece ter desativado o perfil e outra é minha mãe, que eu mesmo coloquei, rs. Recentemente, também decidi abrir os comentários, algo a que eu tinha me recusado desde o início, e fiquei feliz em receber uns retornos bem legais de visitantes!

Quanto mais antigo um perfil em rede social, mais facilmente ele pode ser impulsionado, sem muito esforço. Quanto mais avançamos no tempo, mais difícil é “bombar” a partir do zero e sem precisar de dinheiro ou da estratégia de marketing correta... Meu erro, sem dúvida, foi ficar apagando perfis, canais (WhatsApp e Telegram) e páginas e ter interrompido seu crescimento orgânico. Hoje, porém, não me arrependo, pois as mídias atuais exigem algum tempo pra ser mantidas, atraem muita comunicação negativa e desviam o tempo que pode ser usado pra simplesmente ir produzindo cada vez mais material, cujo incremento pode servir por si só de algoritmo e cuja variedade pode aumentar a quantidade de interessados. (Isso porque sequer faço ideia de como meu trabalho repercute dentro dessas mídias, por meio de ações individuais!)

Depois de muita tentativa e erro, neste momento de minha vida me preocupo apenas com a manutenção ininterrupta do fluxo e a busca por alguma atividade fixa na diplomacia, na tradução, na docência ou na autopublicação. Porém, decidi manter algumas brechas e usar meios “convencionais” de forma criativa: se, por um lado, decidi apagar meu Linktree pessoal (e todos os similares em outros serviços!) com as principais produções da vida, por outro lado, se você ainda não notou, elas podem ser consultadas na coluna da direita, ao lado, rs. Curiosamente, o Blogger também tem recursos que hoje, com o engodo das redes tradicionais, parecem ter sido esquecidos: você também pode ser comunicar direto comigo por uma caixinha de mensagens ao lado (que moderníssimo!) e, de quebra, deixar seu e-mail pra que você receba atualizações diretamente na caixa de entrada. (Sim, esse recurso de cadastro existe e está escondido no meio do painel de configurações!)

Finalmente, não pude resistir completamente às “tentações da modernidade” (que velho!) e decidi segurar o handle com meu nome e sobrenome no YouTube, antes que eu não o consiga de novo (já tinha apagado alguns projetos de canal) ou que alguém “mo tome”. Ocorre que o YouTube se tornou uma das “redes sociais” mais utilizadas no mundo, pau a pau com o Facebook e o Instagram, e como já domino bem suas manhas, posso o usar ao invés do Insta ou do TikTok, por exemplo, pra fazer vídeos curtos. Além disso, como alguém já tinha notado na época do Pan-Eslavo Brasil, e como o Paulo Kogos pelo menos fazia então, quando tinha sido expulso da “plataforma de microblogs”, nada impede que a aba Comunidade seja usada como se fosse um Twitter, caso você tenha menos seguidores em outras redes! Por fim, embora o nome do canal esteja como “Aprenda idiomas” (mude a língua do site e veja a mágica acontecer...), a possibilidade de eu fazer vídeos monetizados em massa pro aprendizado autodidata ainda é remota, por estar focado em outras atividades. Tá, eu sei, você ia adorar, mas ainda pode levar um tempo...

Os outros contatos que apresentei também ao lado como “os únicos reais” só servem pra comunicação direta, e não pra inscrição e/ou recebimento de atualizações, o que inclui outros perfis listados no YouTube, mas não aqui. Portanto, se você preferir este aos outros meios avançadíssimos que ofereci (além do melhor de todos, que é simplesmente entrar na página todo dia!), por favor se inscreva em meu novo canal, em que as atualizações saem exatamente no momento da publicação principal, e sinta-se à vontade pra comentar e repostar. Afinal, até segunda ordem, por enquanto “Esse é meu Twitter” apenas, e não se preocupe, pois não pretendo o apagar tão cedo, rs:



sábado, 29 de março de 2025

Votos de Vladimir Putin pra 2004


Endereço curto: fishuk.cc/novygod2004


Dando sequência a meu projeto documental, estou publicando na página os discursos com os votos de Feliz Ano Novo dos presidentes da Federação Russa a partir de 2000, no caso, apenas Vladimir Putin e, no curto interregno de 2008 a 2012, Dmitri Medvedev, ambos do partido Rússia Unida. Eu já publiquei os votos de Boris Ieltsin pro ano 2000 transmitidos em 1999, discurso que teve uma tripla importância: foi o último de Ieltsin pro grande público, foi o anúncio de sua renúncia do cargo e foram os primeiros votos de Putin dados logos depois, enquanto primeiro-ministro que assumia interinamente até as próximas eleições. Sem surpresa, ele não saiu mais do cargo...

Fazendo a busca no site do Kremlin, percebemos que o material a partir do ano 2000 é extremamente organizado, muito mais, por exemplo, que no portal do Élysée francês. Sublinho que entre os navegadores Chrome e Edge, neste a navegação é otimizada, e fica ainda melhor se você puder acionar seu VPN pra se localizar na Rússia. Os votos russos costumam ser bem mais curtos e com pouca variação vocabular, sem grandes balanços políticos nem desculpas sinceras, mas nem todos estavam disponíveis em resolução HD. Apenas a partir de 2005 (votos pra 2006) aparece a abertura com a Fanfarra Presidencial e o encerramento com os sinos do Kremlin tocando e a execução do hino nacional (tudo tornando o vídeo em si bem mais longo).

Eu traduzi o texto a partir do original disponível e baixei o vídeo da publicação oficial contendo os votos presidenciais pro Ano Novo de 2004, transmitidos na noite de 31 de dezembro de 2003. Todas as publicações desse tipo contêm o mesmo título “Новогоднее обращение к гражданам России” (Novogódneie obraschénie k grázhdanam Rossíi), Alocução de Ano Novo aos Cidadãos da Rússia:


Estimados cidadãos da Rússia!

Caros amigos!

Estamos chegando ao fim de 2003. Claro, ele foi diversificado.

Houve dificuldades e erros, e permaneceram muitos problemas não resolvidos. Porém, buscamos e encontramos juntos as soluções necessárias. E tudo o que conquistamos não é um simples presente do destino, porque trabalhamos duro o ano todo. Trabalhamos para nós mesmos, bem como para o bem-estar de nossas famílias. E tudo isso contribuiu para nosso sucesso comum. Acrescentou autoridade ao país como um todo e dignidade a todo o povo da Rússia.

Houve conquistas óbvias, tanto no econômico quanto no social. E temos todos os motivos para considerar um sucesso, no geral, o ano que passou.

Nestes minutos, cada um de nós se lembra dos acontecimentos mais importantes – pessoais e familiares. É especialmente gratificante que, no ano que passou, nasceram mais novos cidadãos russos do que no ano anterior.

É um bom sinal. Significa que as pessoas em nosso país estão mais confiantes no futuro. Também desejo que tanto as crianças quanto os pais tragam apenas alegria uns aos outros. Entendam e cuidem uns dos outros. Vivam em paz, amor e harmonia.

Caros amigos!

O Ano Novo é uma festa que foi e sempre será um símbolo de bondade e esperanças. E temos todos os motivos para acreditar no melhor. E esperamos fazer tudo o que ainda não conseguimos ou por enquanto não pudemos.

Faltam apenas alguns segundos para começar Ano Novo de 2004 começará. Desejo que aconteça tudo o que vocês planejaram. E que se concretize o que vocês buscaram.

Que seus lares se encham de conforto. Que a paz de espírito, o calor e a prosperidade acompanhem vocês não apenas na noite de Ano Novo, mas também por toda a vida.

Felicidades, caros compatriotas!

Feliz Ano Novo para vocês!


sexta-feira, 28 de março de 2025

Votos de Vladimir Putin pra 2003


Endereço curto: fishuk.cc/novygod2003


Dando sequência a meu projeto documental, estou publicando na página os discursos com os votos de Feliz Ano Novo dos presidentes da Federação Russa a partir de 2000, no caso, apenas Vladimir Putin e, no curto interregno de 2008 a 2012, Dmitri Medvedev, ambos do partido Rússia Unida. Eu já publiquei os votos de Boris Ieltsin pro ano 2000 transmitidos em 1999, discurso que teve uma tripla importância: foi o último de Ieltsin pro grande público, foi o anúncio de sua renúncia do cargo e foram os primeiros votos de Putin dados logos depois, enquanto primeiro-ministro que assumia interinamente até as próximas eleições. Sem surpresa, ele não saiu mais do cargo...

Fazendo a busca no site do Kremlin, percebemos que o material a partir do ano 2000 é extremamente organizado, muito mais, por exemplo, que no portal do Élysée francês. Sublinho que entre os navegadores Chrome e Edge, neste a navegação é otimizada, e fica ainda melhor se você puder acionar seu VPN pra se localizar na Rússia. Os votos russos costumam ser bem mais curtos e com pouca variação vocabular, sem grandes balanços políticos nem desculpas sinceras, mas nem todos estavam disponíveis em resolução HD. Apenas a partir de 2005 (votos pra 2006) aparece a abertura com a Fanfarra Presidencial e o encerramento com os sinos do Kremlin tocando e a execução do hino nacional (tudo tornando o vídeo em si bem mais longo).

Eu traduzi o texto a partir do original disponível e baixei o vídeo da publicação oficial contendo os votos presidenciais pro Ano Novo de 2003, transmitidos na noite de 31 de dezembro de 2002. Todas as publicações desse tipo contêm o mesmo título “Новогоднее обращение к гражданам России” (Novogódneie obraschénie k grázhdanam Rossíi), Alocução de Ano Novo aos Cidadãos da Rússia:


Caros amigos!

Mais um ano se passou. E nestes minutos todos nos lembramos do que consideramos ser o mais importante para nós. De uma forma ou de outra, estamos realizando um balanço simbólico do que vivemos. O país inteiro também está realizando um balanço do ano.

Nesta noite de Ano Novo, agradeço vocês por tudo. Por tudo o que conquistamos no ano que passou. Afinal, o que nos espera no futuro depende do que já foi feito. Este ano foi diferente para cada um de nós. Mas agora, sem esquecer o passado, pensamos, é claro, no futuro. E por isso, antes de tudo, quero desejar a vocês a realização de seus desejos. Para que se realize e aconteça tudo o que vocês planejaram, desejaram e conceberam. Que se tornem realidade todos os seus bons empreendimentos, planos e intenções.

Que no Ano Novo todos tenham sucesso em seus negócios. Pois é a partir deles que se formam nossa vida em comum, o destino do país, o destino da Rússia.

Que nossos pais e filhos tenham saúde. Que haja paz e prosperidade em todos os lares.

Desejo a todos vocês um Feliz Ano Novo. A quem está celebrando com a família e amigos. E a quem está longe de casa na noite de Ano Novo.

Estamos às portas do terceiro ano do terceiro milênio. E a Rússia, um país de história milenar, está encarando dignamente seu futuro.

Temos uma velha e boa tradição de dar presentes uns aos outros no Ano Novo. Vamos dar hoje a nossos entes queridos o que há de mais valioso e precioso: calor, atenção e amor.

Feliz Ano Novo, caros amigos!

Muita felicidade!


quinta-feira, 27 de março de 2025

Votos de Vladimir Putin pra 2002


Endereço curto: fishuk.cc/novygod2002


Dando sequência a meu projeto documental, estou publicando na página os discursos com os votos de Feliz Ano Novo dos presidentes da Federação Russa a partir de 2000, no caso, apenas Vladimir Putin e, no curto interregno de 2008 a 2012, Dmitri Medvedev, ambos do partido Rússia Unida. Eu já publiquei os votos de Boris Ieltsin pro ano 2000 transmitidos em 1999, discurso que teve uma tripla importância: foi o último de Ieltsin pro grande público, foi o anúncio de sua renúncia do cargo e foram os primeiros votos de Putin dados logos depois, enquanto primeiro-ministro que assumia interinamente até as próximas eleições. Sem surpresa, ele não saiu mais do cargo...

Fazendo a busca no site do Kremlin, percebemos que o material a partir do ano 2000 é extremamente organizado, muito mais, por exemplo, que no portal do Élysée francês. Sublinho que entre os navegadores Chrome e Edge, neste a navegação é otimizada, e fica ainda melhor se você puder acionar seu VPN pra se localizar na Rússia. Os votos russos costumam ser bem mais curtos e com pouca variação vocabular, sem grandes balanços políticos nem desculpas sinceras, mas nem todos estavam disponíveis em resolução HD. Apenas a partir de 2005 (votos pra 2006) aparece a abertura com a Fanfarra Presidencial e o encerramento com os sinos do Kremlin tocando e a execução do hino nacional (tudo tornando o vídeo em si bem mais longo).

Eu traduzi o texto a partir do original disponível e baixei o vídeo da publicação oficial contendo os votos presidenciais pro Ano Novo de 2002, transmitidos na noite de 31 de dezembro de 2001. Todas as publicações desse tipo contêm o mesmo título “Новогоднее обращение к гражданам России” (Novogódneie obraschénie k grázhdanam Rossíi), Alocução de Ano Novo aos Cidadãos da Rússia:


Estimados cidadãos da Rússia! Caros amigos!

Em apenas alguns minutos, mais um ano de nossas vidas se tornará o ano passado. Ele está entrando rapidamente na história, e nós relembramos os eventos mais importantes.

Houve muitos deles. Muito diversos – bons e dramáticos. Para a Rússia como um todo, este ano foi um sucesso – tanto em assuntos internos quanto em política externa. E cada dia nos afastava cada vez mais dos tempos difíceis de convulsão econômica e social.

Fizemos muito juntos para isso. Trabalhamos juntos para tornar nossa vida mais previsível. Alcançamos resultados pequenos, mas visíveis.

O ano de 2001 foi notavelmente diferente do anterior. Conseguimos não só manter a tendência de crescimento econômico e, ainda que ligeiramente, melhorar a vida de nossa gente. Foi possível mostrar que os bons resultados do ano anterior não foram acidentais nem são meros episódios em nossa vida.

No ano que passou, foram feitas importantes preparações para o futuro. Foi criada uma base legal para novos e sérios passos na política econômica e social. Foram tomadas decisões que devem influenciar no longo prazo o clima de negócios no país, por muitos anos.

O mundo começou a tratar a Rússia com mais confiança e respeito. Começou a nos entender melhor. Ficou evidente que um combate consequente ao terrorismo é ditado não apenas por nossos interesses nacionais, mas também por seu perigo global. E a comunidade mundial respondeu ao mais recente desafio dos terroristas com uma cooperação internacional incomumente intensiva. Os Estados se uniram e, junto com a Rússia, se levantaram para defender a paz, a tranquilidade e a própria vida.

Caros amigos!

Nem tudo o que planejamos já foi feito. Ainda há mais questões não resolvidas do que conquistas. No ano que passou, nem todos os cidadãos de nosso país começaram a viver melhor. E nem todos, por enquanto, conseguem isso sozinhos, sem o apoio da sociedade e do Estado.

Devemos nos lembrar disso – tanto quando fazemos balanços quanto quando fazemos planos para o futuro. Agora que falta muito pouco tempo para o Ano Novo, desejo a todos os cidadãos da Rússia, antes de tudo, bem-estar.

Nestes últimos segundos de 2001, desejemos felicidade uns aos outros. Digamos palavras gentis a nossos entes queridos. Orientemos nossos filhos. E desejemos a todos nós saúde e sorte.

Sucesso, amor e fé para vocês.

Fé em si mesmos e em nossa Pátria.

Feliz Ano Novo, queridos amigos!

Feliz Ano Novo de 2002!


quarta-feira, 26 de março de 2025

Votos de Vladimir Putin pra 2001


Endereço curto: fishuk.cc/novygod2001


Dando sequência a meu projeto documental, estou publicando na página os discursos com os votos de Feliz Ano Novo dos presidentes da Federação Russa a partir de 2000, no caso, apenas Vladimir Putin e, no curto interregno de 2008 a 2012, Dmitri Medvedev, ambos do partido Rússia Unida. Eu já publiquei os votos de Boris Ieltsin pro ano 2000 transmitidos em 1999, discurso que teve uma tripla importância: foi o último de Ieltsin pro grande público, foi o anúncio de sua renúncia do cargo e foram os primeiros votos de Putin dados logos depois, enquanto primeiro-ministro que assumia interinamente até as próximas eleições. Sem surpresa, ele não saiu mais do cargo...

Fazendo a busca no site do Kremlin, percebemos que o material a partir do ano 2000 é extremamente organizado, muito mais, por exemplo, que no portal do Élysée francês. Sublinho que entre os navegadores Chrome e Edge, neste a navegação é otimizada, e fica ainda melhor se você puder acionar seu VPN pra se localizar na Rússia. Os votos russos costumam ser bem mais curtos e com pouca variação vocabular, sem grandes balanços políticos nem desculpas sinceras, mas nem todos estavam disponíveis em resolução HD. Apenas a partir de 2005 (votos pra 2006) aparece a abertura com a Fanfarra Presidencial e o encerramento com os sinos do Kremlin tocando e a execução do hino nacional (tudo tornando o vídeo em si bem mais longo).

Eu traduzi o texto a partir do original disponível e baixei o vídeo da publicação oficial contendo os votos presidenciais pro Ano Novo de 2001, transmitidos na noite de 31 de dezembro de 2000. Todas as publicações desse tipo contêm o mesmo título “Новогоднее обращение к гражданам России” (Novogódneie obraschénie k grázhdanam Rossíi), Alocução de Ano Novo aos Cidadãos da Rússia:


Caros amigos! Estimados cidadãos da Rússia!

Nestes minutos, não apenas verificamos nossos relógios, verificamos nossos pensamentos e sentimentos, verificamos nossas expectativas com o que temos na realidade.

Mais um ano ficou para trás – um ano de eventos alegres e trágicos, um ano de decisões difíceis. E, no entanto, o que há bem pouco tempo parecia quase impossível está se tornando um fato em nossas vidas. Elementos notáveis ​​de estabilidade surgiram no país, e isso vale muito – para a política, para a economia e para cada um de nós. Entendemos o quanto é importante e o quanto é valorizada a dignidade de um país.

Vocês e eu sabemos que nesta noite festiva nem todos têm uma mesa rica, nem todos os lares têm felicidade e sucesso, devemos lembrar disso. Não podemos esquecer que ainda temos muito trabalho a fazer, mas somente juntos conseguiremos todos realizá-lo. E então certamente chegará o momento em que ficaremos tranquilos com relação a nossos idosos e nossas crianças.

Caros amigos!

Eu sei que vocês já estão todos olhando para seus relógios. De fato, em poucos segundos entraremos ao mesmo tempo em um novo ano, um novo século e um novo milênio. Isso não acontece com frequência e só se repetirá com nossos descendentes, cujas vidas são difíceis até de imaginarmos hoje em dia. É a eles que deixaremos de herança nossos sucessos e nossos erros. Mas nestes instantes, cada um de nós pensa nos entes queridos e nos próximos.

Quero desejar a vocês o que geralmente se deseja aos parentes e amigos: saúde, paz, bem-estar e, claro, sorte. Felicidades e Feliz Ano Novo para vocês!


terça-feira, 25 de março de 2025

Hino da RSS da Moldávia (1945-1980)

Esta é a primeira versão (original) do Hino Nacional da República Socialista Soviética da Moldávia (Imnul de Stat al Republicii Sovietice Socialiste Moldovenești), formada em 1940 com partes da Bessarábia e partes da RSS Autônoma da Moldávia, que integrava a RSS da Ucrânia. A Bessarábia era uma região histórica pertencente à Romênia, anexada então pela URSS na sequência da guerra contra os romenos, que tinham um governo aliado ao Eixo. Atualmente, a maior parte da antiga Bessarábia pertence à Moldova (por vezes ainda chamada pelo nome russo “Moldávia”), e outra parte pertence à Ucrânia. Essencialmente, a “língua moldova” (ou moldava) é o nome local dado ao romeno, e no país hoje também se fala russo e outras línguas. Atualmente, a Moldova é um dos países mais pobres da Europa.

O hino foi composto e adotado em 1945, com letra dos poetas Emilian Bucov e Bogdan Istru, e melodia de Ștefan Neaga. Em 1980, o compositor Eduard Lazarev, pretextando uma “renovação musical”, foi autorizado pelo governo local a mudar todo o hino, deixando o ritmo mais lento, cortando a letra pela metade e mudando substancialmente o texto, que passou a conter apenas uma estrofe melódica dividida em três partes. Conhecida por suas primeiras palavras, Moldova Sovietică (Moldávia Soviética), a nova letra sem menções a Stalin só seria usada até 1991, com a independência do país. (Nota: o brasão acima, usado de 1957 a 1981, só difere do usado de 1981 a 1990 no desenho dos raios do Sol...)

Ambas as versões do hino da RSS da Moldávia não foram exceção em mencionar os russos, o Partido, o futuro glorioso rumo ao comunismo, o florescimento nacional, a “união fraternal dos povos” e a felicidade incontida. Na Moldova, são constantes as tentativas de “descomunização”, mas não obtêm muito sucesso: em 2012, uma lei proibiu o uso dos símbolos comunistas e soviéticos, mas ela foi derrubada em 2013. Após a crise econômica vivida sob o presidente socialista pró-Rússia Igor Dodon (2016-2020), ele perdeu a reeleição pra liberal e pró-União Europeia Maia Sandu, eleita majoritariamente pela diáspora ao redor do mundo e reeleita em 2024. Atualmente ela segue um rumo modernizador, ocidentalizante e anticorrupção, apoiando a Ucrânia após a invasão russa e, por isso, entrando em maior tensão com a região separatista da Transnístria.

Esta versão do hino, usada de 1945 a 1980, menciona Stalin e a guerra explicitamente e tem uma estrutura mais parecida com a dos hinos de outras RSS: uma primeira estrofe louvando os russos, um refrão louvando a URSS, uma segunda estrofe louvando Lenin (e Stalin, até quando o politicamente correto permitiu) e uma terceira estrofe militarista, em velada alusão à vitória contra os nazistas (mudada na década de 1970 pela alusão ao “radiante futuro comunista”). Em 2012, o historiador e político moldovo Valeriu Passat afirmou que os autores teriam sido forçados a compor o hino por Iósif Mordóvets, major-general ucraniano, organizador do aparelho de segurança soviético e chefe do KGB na RSS da Moldávia. De 1953 até a adoção do novo hino, a melodia original era executada sem letra, devido à “desestalinização” comandada por Nikita Khruschov.

Eu traduzi diretamente do texto romeno disponível no verbete da Wikipédia em inglês sobre a canção. Fui procurando as palavras no dicionário, porque as traduções (mais ou menos) literais oferecidas em inglês e russo não batem nem entre si nem com o que entendi da letra. Quase não há gravações de época disponíveis, mas o YouTube disponibilizou uma versão que parece ter sido feita por inteligência artificial. Como a achei interessante enquanto documento histórico, assim como as outras gravações contidas na mesma playlist, decidi fazer a tradução.

Ao criar a Moldávia, Stalin tentou ao máximo separá-la culturalmente da Romênia, inclusive estimulando um “idioma moldávio”, escrito numa adaptação do alfabeto cirílico russo (a qual, particularmente, acho feia). Como os setores pró-Kremlin ainda se apegam a essa escrita, seguem abaixo a letra em cirílico pros curiosos, junto com o áudio, a letra no alfabeto latino e a tradução em português:


1. Молдова ку дойне стрэбуне пе плаюрь,
Ку поамэ ши пыне пе дялурь ши вэй.
Луптынд ку-ажуторул Русией мэреце,
А врут неатырнаря пэмынтулуй ей.

Рефрен:
Славэ ын вякурь, Молдовэ Советикэ,
Креште ку алте републичь сурорь,
Ши ку драпелул Советик ыналцэ-те,
Каля сэ-ць фие авынт крятор.

2. Пе друмул луминий ку Ленин ши Сталин,
Робия боерилор крунць ам ынвинс.
Пе ной дин избындэ-н избындэ ынаинте,
Не дуче слэвитул партид комунист.

(Рефрен)

3. Ын армия ноастрэ, луптынд витежеште,
Пе душманий цэрий ый вом бируй,
Ши-н маря фамилие а Униуний,
Молдова Советикэ-н вечь а-нфлори.

(Рефрен)

____________________


1. Moldova cu doine străbune pe plaiuri,
Cu poamă și pâne pe dealuri și văi.
Luptând cu-ajutorul Rusiei mărețe,
A vrut neatârnarea pământului ei.

Refren:
Slavă în veacuri, Moldovă Sovietică,
Crește cu alte republici surori,
Și cu drapelul Sovietic înalță-te,
Calea să-ți fie avânt creator.

2. Pe drumul luminii cu Lenin și Stalin,
Robia boierilor crunți am învins.
Pe noi din izbândă-n izbândă înainte,
Ne duce slăvitul partid comunist.

(Refren)

3. În armia noastră, luptând vitejește,
Pe dușmanii țării îi vom birui,
Și-n marea familie a Uniunii,
Moldova Sovietică-n veci a-nflori.

(Refren)

____________________


1. Moldávia, com doinas ancestrais pelos planaltos,
Com uva e pão pelos pelas colinas e vales.
Lutando com a ajuda da grande Rússia,
Desejou a independência de sua terra.

Refrão:
Glória pelos séculos, Moldávia Soviética,
Que cresce com outras repúblicas irmãs,
E se eleva com a bandeira soviética,
Que seu caminho seja um ímpeto criador.

2. Pelo caminho iluminado com Lenin e Stalin,
Vencemos a escravidão dos cruéis aristocratas.
De vitória em vitória, sempre em frente,
Nos conduz o glorificado partido comunista.

(Refrão)

3. Em nosso exército, lutando heroicamente,
Derrotaremos os inimigos do país,
E na grande família da União [a URSS],
A Moldova Soviética florescerá eternamente.

(Refrão)



Bandeira da RSS da Moldávia de 1940 a 1952, período da adoção do hino.

segunda-feira, 24 de março de 2025

Votos de fim de ano dos presidentes da França desde 2008


Endereço curto: fishuk.cc/voeux


Esta publicação reúne a tradução direta do francês pro português de todos os discursos de fim de ano dos presidentes da República Francesa de 2007 a 2024, e ao longo dos anos pode seguir sendo atualizada. Desde que o Pan-Eslavo Brasil, meu canal no YouTube, foi “suicidado” pelo Google em agosto de 2021, tomei como tradição obrigatória publicar aqui, todo começo de ano, pelo menos os discursos comemorativos dos presidentes da França, da Rússia, da Bulgária e da Moldova. Os dois últimos, por mera afinidade cultural, e os dois primeiros, devido a minha familiaridade com suas línguas e meus longos anos de pesquisa sobre a antiga URSS e de contato com a história da Rússia contemporânea.

Sempre fui muito perfeccionista, portanto, legendar pra mim sempre foi uma atividade meio penosa, mesmo que em se tratando de uma atividade amadora e de uns poucos minutos de audiovisual. Como o Pan-Eslavo Brasil era focado nos países eslavos, os votos de Feliz Ano Novo de Vladimir Putin saíam com maior regularidade, a partir de 2018, 2019, mais ou menos, e, sobretudo, quando chegou em casa a internet por fibra óptica. Além disso, a cada novo ano, seus discursos ficavam mais curtos e mais repetitivos, o que tornava a tarefa ainda mais fácil, sem contar que tenho pleno domínio do vocabulário soviético e burocrático de Putin. Quanto à França, fui deixando de legendar os discursos de Emmanuel Macron, porque ele já começou falando mais do que a média dos anteriores, e a cada ano, ao contrário do Kremlin, aumentava ainda mais, me desanimando num cotidiano cada vez mais premido pelo doutorado.

O YouTube acabou, o doutorado também, mas “Ainda estou aqui” na página, e como ela é hoje meu único meio de comunicação, tento atualizar com uma publicação por dia, por mais besta que seja o conteúdo. Lembra? Começou com uma por semana, depois uma a cada dois dias, depois tive intervalos de longas pausas, e finalmente tô “firmão” aqui, rs. Outra vantagem é que, ao contrário dos discursos anteriores, traduzidos palavra por palavra e com ocasionais consultas ao dicionário, agora tomei a coragem de usar o Google Tradutor, mas de forma sábia: a “máquina” me dá o texto central, mas o reviso todo, confrontando com o original. É o mínimo que se espera de alguém que, mesmo sem formação oficial, se arroga o título de tradutor!

Portanto, esta iniciativa vem preencher uma lacuna, pois em anos anteriores, tanto na página quanto no antigo canal, apareceram discursos isolados com votos de fim de ano de Putin, François Hollande e Emmanuel Macron (sem contar Aliaksandr Lukashenka, dono de Belarus que – pra minha alegria! – só fala russo), também listados abaixo, quando já antigos. A iniciativa também se alinha a minha atividade preferida de tradução, que foi a razão de eu ter fundado tanto meu finado canal quanto está página: disponibilizar ao público leigo ou especializado documentos que podem servir pra pesquisa e compreensão históricas, contornando as barreiras linguísticas e dando a oportunidade pra que todo mundo tire criticamente suas próprias conclusões por meio do acesso direto às fontes. Em cada publicação, estão listadas as fontes dos vídeos e, quando fosse o caso, dos textos já transcritos.

Por enquanto, estou começando com Nicolas Sarkozy e passando por François Hollande e Emmanuel Macron, mas no futuro, se eu achar os vídeos, talvez eu também traduza as alocuções de 1974-1975 a 2006-2007 feitas por Valéry Giscard d’Estaing, François Mitterrand e Jacques Chirac, embora eu não vá legendar o audiovisual. Procurei manter um estilo mais formal e padronizado, sem as constantes abreviações e oralidades que emprego aqui, e com recursos gramaticais que também costumo evitar (futuro do presente simples, pronome enclítico). Cada ano se refere ao que vai começar no dia seguinte, ou seja, pro qual o presidente está fazendo votos ainda na noite de Réveillon (votos pra 2010 feitos em 31/12/2009, votos pra 2025 feitos em 31/12/2024 etc.).

Lembrando, claro, que devido à agilização produtiva, decidi manter sem legendas os vídeos posteriores ao Pan-Eslavo Brasil e publicar apenas os textos. Portanto, se você tem vontade de se voluntariar pra colocar legendas, sinta-se livre pra me contatar! Se você tiver essa coragem, também permito que coloque em seu próprio YouTube ou outra rede social as legendas com meu texto, mas por favor, em prol da educação, pelo menos cite o autor (i.e. eu) e o link da tradução original.


Nicolas Sarkozy (2007-2012)


François Hollande (2012-2017)


Emmanuel Macron (2017-2022 e 2022-2027)



domingo, 23 de março de 2025

Votos de Emmanuel Macron pra 2023


Endereço curto: fishuk.cc/voeux2023

Desde a primeira posse de Emmanuel Macron, em 2017, os registros no site oficial do Elysée começaram a ficar muito bagunçados, e alguns discursos sumiram, outros ficaram mais difíceis de encontrar, não foi constituído um acervo de vídeos históricos etc. Por isso, fiquei dependente do que pude encontrar pelo Google ou no YouTube.

Curiosamente, os europeus pareciam gostar nos anos 2000 muito mais do Dailymotion ou do Vimeo do que do próprio YouTube, portanto, foi muito mais fácil achar os discursos de Sarkozy na primeira plataforma. A partir de 2013, sob François Hollande, ficou mais fácil achar em canais diversos do YouTube, sobretudo de agências de notícias, como estes votos pra 2023. Porém, até hoje não entendo por que nenhum vídeo do presidente Hollande foi publicado no YouTube oficial, enquanto o Dailymotion oficial é o mais completo de todos. Além disso, conforme as datas dos vídeos, há um “buraco” no YouTube entre 28 de janeiro de 2011 e 15 (“Ao vivo”) ou 18 (“Vídeos”) de janeiro de 2019...

O ano de referência sempre é o próximo, ao qual cada presidente está desejando votos, e não o que está acabando, quando o discurso é gravado e lançado. Uso o Google Tradutor pra obter os textos mais rapidamente, mas revisando e confrontando manualmente com os originais. Pra França, a fonte desses textos, como é o caso dos votos pra 2023, está sendo um site de informações políticas, econômicas e sociais chamado “Vie publique”, ligado ao gabinete do primeiro-ministro, mas infelizmente pouco divulgado.

Hoje terminam os votos de fim de ano dos presidentes franceses desde 2007-2008, começando por Nicolas Sarkozy e passando por François Hollande e Emmanuel Macron. Amanhã vão sair na página a publicação oficial, catalogando todos os discursos, e o banner lateral, disponível na seção “Meus chuchus” de principais materiais de pesquisa. No futuro, se eu achar os vídeos, talvez eu também traduza as alocuções de 1974-1975 a 2006-2007 feitas por Valéry Giscard d’Estaing, François Mitterrand e Jacques Chirac, embora eu não vá legendar o audiovisual. Depois desta coleção, vou começar aquela com os discursos de fim de ano de Vladimir Putin e Dmitri Medvedev, presidentes da Rússia desde 2000.



Meus caros compatriotas,

Pela sexta vez, tenho o privilégio de partilhar com vocês esse momento de felicitações.

Com vocês, oficiais e soldados de nosso exército, que nos protegem. Com vocês, policiais civis e militares, bombeiros, forças de segurança e socorristas marítimos, que zelam por esta noite. Com vocês, médicos, cuidadores, pacientes. Com vocês, funcionários públicos que garantem a continuidade de nossos serviços. Com vocês, cidadãos engajados profissionalmente ou em nossas associações. Com vocês, nossos compatriotas do ultramar. Com todos vocês que estão com a família na França ou no exterior, e mais particularmente com vocês cuja vida os fez se sentirem sozinhos esta noite. Vocês que passam por provações e para quem nossos pensamentos se dirigem.

As cerimônias de felicitações têm esta singularidade: obrigam-nos a falar de um futuro que, na verdade, não conhecemos, mas que sabemos com certeza que teremos de enfrentar, com nossas forças e fraquezas, mas como um país unido.

Nas responsabilidades que me são atribuídas, nunca perco de vista esse imperativo de unidade da nação que formamos todos juntos.

Se cedêssemos ao espírito de divisão que nos pressiona por todos os lados, não teríamos quase nenhuma chance de sair dessa, em um mundo tão duro, em tempos tão difíceis. Portanto, desejo que vivamos 2023, tanto quanto possível, como um país unido e solidário, reconhecendo o lugar de cada pessoa e respeitando a todos.

Lembro-me dos votos que fazia a vocês nesta mesma hora, um ano atrás. Quem imaginaria naquele momento que, pensando que saíamos com muita dificuldade de uma epidemia global, teríamos de enfrentar desafios inimagináveis em poucas semanas: a guerra retornando ao solo europeu após a agressão russa mirando a Ucrânia e sua democracia; dezenas, talvez centenas de milhares de mortos, milhões de refugiados, uma terrível crise energética, uma crise alimentar ameaçadora, a invocação das piores ameaças, inclusive nucleares? Quem poderia ter previsto a onda de inflação então desencadeada? Ou a crise climática com seus efeitos espetaculares novamente neste verão em nosso país?

Entretanto, ao longo dessas temporadas de perigo, o que mais uma vez permaneceu constante este ano foi nossa capacidade coletiva de enfrentar juntos esses desafios.

Sim, durante este ano, a França e a Europa levaram juntas a voz do direito e da liberdade para apoiar a Ucrânia; milhares de vocês demonstraram solidariedade ao acolher, em nossas cidades e vilas, refugiados que fugiam da invasão russa.

A solidariedade nacional, financiada pelos contribuintes franceses, permitiu atenuar o aumento dos preços da energia para todos, preservar nossas empresas e, em particular, proteger os rendimentos dos mais modestos entre nós. E graças a nossa ação coletiva, sustentamos o crescimento, contivemos a inflação em níveis abaixo dos de nossos vizinhos e reduzimos o desemprego a seu nível mais baixo em quinze anos. De fato, continuamos a criar empregos este ano, e empregos de qualidade.

A cada desafio, a Europa nos permitiu agir de forma mais rápida e forte, para criar um bloco de resistência unida face à Rússia, reinvestir em nossas indústrias; e, sobretudo, encontrar as respostas aos desafios do século em escala continental. Assim, durante os seis primeiros meses deste ano, enquanto a França presidia o Conselho da União Europeia, tomamos decisões para reduzir em mais da metade nossas emissões de gases do efeito estufa até 2030, promulgamos um imposto de carbono em nossas fronteiras para proteger nossas indústrias e nosso planeta, decidimos juntos criar um imposto mínimo sobre as grandes multinacionais para combater a evasão fiscal e começamos juntos a regular melhor as grandes plataformas digitais.

E apesar de todas essas crises, de todos esses desafios, 2022 também foi, para todos nós, um ano democrático intenso, durante o qual vocês renovaram nossa Assembleia Nacional e decidiram, por ocasião da eleição presidencial desta primavera, confiar-me um novo mandato de cinco anos à frente de nossa nação, o que me honra e me responsabiliza.

2022 também foi mais uma vez um ano de brilho artístico, cultural e esportivo para nosso país, com dois prêmios Nobel e tantos grandes momentos de criação e esporte. Tenhamos orgulho de tudo isso, de tudo o que conquistamos juntos durante o ano que está terminando.

Precisamos nos munir desse orgulho e confiança para enfrentar o próximo ano. Porque acredito que este ano de 2023, antes de tudo, é um ano de questões que sei serem preocupantes e de crises a serem novamente enfrentadas.

Haverá cortes de energia? Se continuarmos a economizar energia, como temos feito há vários meses e como anunciei a vocês em 14 de julho passado, e se continuarmos a reativar nossos reatores nucleares conforme planejado, teremos sucesso. Está em nossas mãos.

Haverá aumento nos preços da energia? Aqui também colocamos em prática respostas concretas. Digo isso a cada um de vocês, pois, embora os preços da energia tenham atingido níveis históricos, o aumento permanecerá limitado em nosso país. Digo isso em particular a nossos autônomos, nossos padeiros, mas também a nossas empresas mais industriais. A partir de amanhã, vocês terão assistência adequada, além do escudo tarifário já em vigor, para que possa ser garantida a sustentabilidade de sua atividade, de nossos empregos e de nossa competitividade. E, sempre que necessário, o governo adaptará suas respostas, como tem feito a cada instante. Acima de tudo, aceleraremos as soluções para deixar nossas dependências e ter um preço de eletricidade correspondente a seu custo de produção.

Teremos outra onda de covid, e a epidemia acabará algum dia? Também seremos capazes de lidar com isso. Primeiro, graças ao uso razoável e apropriado do distanciamento físico contra o vírus, que aprendemos. Depois, graças à vacinação que demonstrou sua eficácia; e esta noite peço a todos os nossos compatriotas com mais de 70 anos, em particular, que tomem a dose de reforço ou se vacinem, caso ainda não o tenham feito. E finalmente, por meio de testes, sequenciamento genético e estabelecimento de controles fronteiriços.

Foi o que o Governo decidiu fazer em nossos aeroportos, a partir de amanhã, para os aviões que chegam da China, onde a epidemia está a todo vapor e onde muitas restrições foram flexibilizadas.

Teremos que trabalhar mais em 2023? Aqui também, como prometi a vocês, este será de fato um ano de reforma previdenciária visando garantir o equilíbrio de nosso sistema pelos próximos anos e décadas. Precisamos trabalhar mais, é o sentido mesmo da reforma do seguro-desemprego que foi apoiada pelo Governo e votada pelo Parlamento. É também o sentido desta reforma, sobre a qual os parceiros sociais e o governo trabalharão nos próximos meses para terminar de implementar as novas regras que serão aplicadas a partir do final do verão de 2023. O objetivo é consolidar nossos regimes de aposentadoria por repartição, que de outra forma estariam ameaçados, pois continuamos financiando-nos a crédito. Para isso, a extensão de nossas carreiras profissionais será gradual e feita por etapas ao longo de quase dez anos. Também será justo, levando em conta carreiras longas, carreiras interrompidas e a dificuldade de certas tarefas e profissões. Mas é isso que nos permitirá equilibrar o financiamento de nossa aposentadoria, em nosso país, e é uma oportunidade, onde vivemos mais, de melhorar a aposentadoria mínima para todas e todos que trabalharam para ter seu sustento e de passar a nossos filhos um modelo social justo e sólido, porque será confiável e financiado no longo prazo.

Na longa história de nossa nação, houve gerações que resistiram, outras que reconstruíram e outras ainda que estenderam a prosperidade alcançada.

No que nos diz respeito, cabe a nós enfrentar esse novo capítulo de uma época difícil e, além das emergências deste ano, que acabei de mencionar em parte, ter a responsabilidade de reconstruir diversos pilares de nossa nação, sejam nossas escolas, nossa saúde, nosso transporte, a gestão de nosso território, nossas indústrias e assim por diante.

Para isso, precisamos permanecer unidos, mas também manter uma ambição coletiva intata, uma ambição de continuar transformando nosso país contra o corporativismo e todas as boas razões para fazer como antes, ou contra a tentação do espírito de derrota.

É assim que seremos úteis a nossos jovens e às gerações futuras. Há cinco anos, iniciamos em grande parte esse trabalho de transformação, simplificação e combate à lentidão. Mas às vezes é muito pouco e, várias vezes, muito lento.

E sou impaciente igual a vocês, mas sem nunca ceder à facilidade ou à fatalidade. Assim, desejo que 2023 seja para nós um ano feliz, com nosso trabalho e empenho em trabalhar para refundar uma França mais forte e mais justa e passá-la para nossos filhos.

É por meio de nosso trabalho e empenho que poderemos aumentar os recursos de nossas forças de segurança interna, de nossa Justiça, de nossas Forças Armadas, diante dos novos desafios geopolíticos e da proliferação dos conflitos.

É por meio de nosso trabalho e empenho que combateremos mais eficazmente o tráfico e a imigração ilegal para a França europeia [Hexagone] e para nossos territórios ultramarinos. Permaneçamos fiéis a nossos valores, sempre. Integremo-nos melhor por meio da língua e do trabalho, protejamos as lutadoras e os lutadores pela liberdade, bem como aquelas e aqueles que vêm do Irã ou de outros lugares, mas mantenhamos o controle de nossas fronteiras, da unidade da nação.

É por meio de nosso trabalho e empenho que também construiremos uma nação produtiva e ecológica. Sendo a transição ecológica uma batalha que deveremos vencer, precisamos travá-la com determinação e método. O planejamento ecológico será o instrumento dessa superação histórica para reduzir nossas emissões de CO2 e salvar nossa biodiversidade. Com nosso plano França 2030, continuaremos investindo, inovando e implantando uma ecologia em escala industrial. E após a lei que visa acelerar a implantação de energias renováveis, a lei sobre a energia nuclear marcará o lançamento da construção de novas usinas elétricas em nosso território.

É por meio de nosso trabalho e empenho que também restauraremos uma nação de confiança, tornando efetiva nossa laicidade todos os dias porque é um princípio de liberdade. E ela não tira em nada o lugar da religião no foro íntimo de cada um, para todos os que creem, e saúdo neste momento a memória de Sua Santidade Bento 16, cujo falecimento, eu sei, afeta muitos católicos na França e no mundo. Essa nação de confiança também será fortalecida por um combate constante a toda discriminação, em uma sociedade de respeito e reconhecimento. Ela também será fortalecida por uma luta diária que continuaremos travando para estar ao lado das pessoas com deficiência.

É por meio de nosso trabalho e empenho que devemos refundar nossos principais serviços públicos para que eles garantam plenamente nosso ideal de igualdade. Com o Conselho Nacional da Refundação, pusemo-nos a renovar o contrato entre as gerações e trabalhar para apoiar melhor nossos idosos em situação de dependência.

Também começamos a reavivar a confiança em nossa Educação Nacional e em nossa saúde, contando com a energia e dedicação de nossos professores e cuidadores. Continuaremos com ardor durante o próximo ano, com escolhas claras e fortes e um trabalho o mais próximo possível dos profissionais.

É por meio de nosso trabalho e empenho que construiremos uma sociedade mais justa. Uma sociedade mais justa é, antes de tudo, uma sociedade onde a igualdade entre mulheres e homens seja efetiva, e essa também, a grande causa de meus dois mandatos de cinco anos, continuará impulsionando o trabalho do Governo e nutrindo a ação todos os dias. Mas uma sociedade mais justa também o é no âmbito social. Não aumentando impostos, não. Nem legando mais dívidas às gerações futuras. Mas melhorando o apoio a nossas crianças e adolescentes, reformando nosso ensino médio profissionalizante e melhorando a orientação de nossos adolescentes para que encontrem o treinamento certo e os empregos certos. Reindustrializando nosso país de modo mais rápido e forte, para oferecer novos empregos e carreiras do futuro. Pois a principal injustiça em nosso país continua sendo o determinismo familiar e a fraquíssima mobilidade social. E a resposta está na escola, na orientação, em nosso ensino superior, em nossa política de inovação e em nossa industrialização.

E como a confiança na vitalidade de nossa vida democrática também diminuiu, sabemos que teremos muito a fazer nos próximos meses. Nas próximas semanas e meses, lançarei as primeiras bases para um Serviço Nacional Universal. Teremos de lançar os ajustes necessários em nossas instituições e em nossa vida pública e cidadã. E com a Assembleia Nacional e o Senado, e também com o Conselho Econômico, Social e Ambiental, teremos de construir um melhor funcionamento dos poderes e uma associação mais frequente dos nossos concidadãos.

A França e a Europa têm um papel eminente a desempenhar neste momento de nossa humanidade, quando tantos regimes autoritários vêm abalar nossas democracias e seus fundamentos. Proteger nossas crianças, proteger nossa informação livre e independente, a ordem livre e justa que permite aos cidadãos serem felizes: eis alguns dos combates de nosso tempo.

Somos obrigados a abarcar tudo isso.

Sim, é por meio de nosso trabalho e empenho que poderemos dar-nos os meios para alcançar nossas aspirações de hoje e nossas ambições de amanhã.

Em suma, em 2023, teremos de consolidar passo a passo nossa independência energética, econômica, social, industrial, financeira e estratégica e fortalecer nossa força de espírito, se assim posso dizer. É isso que devemos a nossos filhos.

Não é, e nunca será, uma corrida por ilusões perdidas de antemão. Pois essa independência francesa deve encontrar seu retransmissor e complemento em nossa Europa. Quando tantos países sonham em ser impérios, quando tantas empresas imaginam ser reinos, temos um continente para formar um espaço de paz e liberdade, de prosperidade, solidariedade, direito e potência. Desde 2017, travamos esse combate para que nossa Europa reúna suas forças. Para que em 27, sejamos mais fortes.

Por isso tenho travado esse combate nos últimos anos, por isso vocês me ouviram também alertar outros europeus para defenderem nossas indústrias e empregos, há algumas semanas, após as decisões de outros continentes, e por isso redobrarei meus esforços nesse início de ano.

Meus caros compatriotas,

Esta noite, em nome de vocês, quero dizer a nossos amigos ucranianos: nós os respeitamos e os admiramos. Sua luta para defender sua nação é heroica e nos inspira. E durante o ano que começa, estaremos inabalavelmente a seu lado. Nós os ajudaremos até a vitória e estaremos juntos para construir uma paz justa e duradoura. Contem com a França e contem com a Europa.

Quanto a nós, sejamos essa geração de construtores.

Nos próximos meses de 2023, as obras de reconstrução de Notre-Dame de Paris, esse canteiro excepcional, caminharão para a conclusão. Nos próximos meses, todo o nosso país se reunirá fraternalmente às vésperas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e por ocasião da Copa do Mundo de Rugby na França. Nos próximos meses, graças ao plano França 2030, os primeiros carros elétricos construídos inteiramente em nosso território sairão das fábricas. E muitos outros projetos ocorrerão em todo o nosso território para permitir que a França reduza tanto o carbono quanto o desemprego. Nos próximos meses, em nossas salas de aula, hospitais e consultórios médicos urbanos, vocês verão os primeiros resultados palpáveis da renovação de nossa escola e de nossa saúde.

Por tudo isso, faço para todos nós meus melhores votos de unidade, audácia, ambição coletiva e benevolência. Meus caros compatriotas, juntos já superamos tantas crises. Sei que somos capazes de resolver aquelas diante de nós ser a geração com a responsabilidade de refundar a França e a Europa para transmiti-las mais fortes, mais belas e mais justas para nossos filhos.

Juntos teremos sucesso.

E forte dessa confiança, faço a vocês meus melhores votos para este novo ano.

Viva a República.
Viva a França.



sábado, 22 de março de 2025

Estamos às portas de um “muskolão”?


Endereço curto: fishuk.cc/muskolao


Segundo matérias investigativas dos jornais The Washington Post (20 de março) e The New York Times (19 de março), o empresário metido a reformador estatal Ilomasque teria “doado” milhares de doletas a deputados e um senador do “GOP” (o “Good and Old Party”, apelido do Partido Republicano) pra votarem a favor de um eventual impeachment de juízes contrários aos ucasses do presidento Tio Patinhas. O que são milhares pra quem tem uma fortuna estimada em centenas de bilhões?

A vontade de destituir juízes “incômodos” é algo novo, mesmo no Bananastão pós-Genossias, mas infelizmente o roteiro de compra de parlamentares nos é longamente conhecido, e perpassa épocas e partidos. O admirável é que isso possa ter ocorrido no “exemplo mundial de democracia” e que muitos dos mesmos críticos ferozes do “mensalão” e do “petrolão” hoje lambem as bolas do “homem mais rico do mundo”. Quem tem senso de humor melhor do que o meu poderia falar que estamos às portas de um “trumpolão”, mas dado que é difícil saber de quem foi a iniciativa, não seria mais exato nos atermos a um “muskolão”? É, cada país tem sua cota merecida de Marcos Valério, irmãos Batista, Geddel, Queiroz...

Aparentemente, esse tipo de doação não é ilegal nos EUA: há várias eleições programadas pra 2025, em diversos níveis, às vezes pra cargos que no Fazendil nem são eletivos. Mas o que está causando arrepios é o fato de justamente esses beneficiários estarem defendendo impeachment de magistrados, algo considerado imoral, ilegal e ineficaz. Os dois jornalões citados acima só podem ser lidos por assinantes. Portanto, cito os links em prol da honestidade, mas seguem abaixo algumas mídias liberais que considero confiáveis e que trouxeram o essencial do conteúdo divulgado.

Recomendo também o artigo “Novos gastos políticos sinalizam que o papel enorme de Elon Musk no Partido Republicano continua crescendo”, de Ben Kamisar e Allan Smith pra NBC News, sobre a máquina financeira que o pai da Vivian tá movendo pra redesenhar a política ianque, rs.



Musk doa milhares para congressistas republicanos pressionarem pelo impeachment de juízes que se opõem a Trump: Reportagem (Josh Marcus, The Independent) – A pressão de Trump pelo impeachment de juízes ocorre enquanto a administração é acusada de desafiar a ordem do tribunal federal sobre voos de deportação

Elon Musk teria feito doações a sete congressistas republicanos, os quais apoiam todos os apelos do governo Trump para demitir ou ignorar juízes federais que interromperam partes da agenda do presidente Donald Trump.

Musk, que afirmou nos últimos dias que tais juízes estão liderando um “golpe judicial”, doou milhares de dólares para os deputados [lá chamados de Representatives] Eli Crane (Arizona), Lauren Boebert (Colorado), Andy Ogles (Tennessee), Andrew Clyde (Geórgia), Derrick Van Orden (Wisconsin) e Brandon Gill (Texas), e o senador Charles Grassley (Iowa), de acordo com o New York Times.

Os supostos beneficiários estão entre as vozes mais agressivas no Congresso pressionando pelo impeachment ou por alguma outra forma de constranger os juízes.

O deputado Gill entrou com um pedido de impeachment contra o juiz distrital federal James Boasberg, que ordenou que o governo Trump cancelasse um grupo de voos de deportação recentes para El Salvador, em meio a uma contestação à invocação da Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 pela Casa Branca para deportações rápidas, uma diretiva que o governo ignorou.

Por sua vez, o deputado do Arizona tentou o impeachment de um juiz federal que restringiu temporariamente o acesso aos dados do Departamento do Tesouro pelo programa do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) de Musk.

“Não fizemos isso para que Elon Musk nos desse uma doação de campanha”, disse Crane ao jornal. “Mas acho ótimo que indivíduos como Elon estejam dando apoio àqueles de nós dispostos a agir.”

O governo Trump e seus aliados têm pressionado intensamente os juízes federais que decidiram contra ele no tribunal, argumentando que os funcionários são partidários e não deveriam ser capazes de refutar a vontade do presidente porque eles próprios não foram eleitos – um grande afastamento do princípio fundamental do sistema dos EUA de separação de poderes.

Musk recentemente repostou uma publicação do ativista conservador Charlie Kirk chamando os juízes federais de “ditadores empunhando martelos”, com o conselheiro não eleito da Casa Branca acrescentando que ele quer que o Congresso efetue o impeachment dos juízes e “restaure o governo do povo”.

Na quarta-feira, a secretária de imprensa Karoline Leavitt acusou aqueles que contestam as ações do governo de tentarem “fazer escolhas de juízes – escolher juízes que estão claramente agindo como ativistas partidários do tribunal, em uma tentativa de atrapalhar a agenda deste presidente”.

Em uma postagem recente no Truth Social, Trump alegou que Boasberg estava tentando ultrapassar sua autoridade.

“Se um presidente não tem o direito de expulsar assassinos e outros criminosos do nosso país porque um juiz lunático da esquerda radical quer assumir o papel de presidente, então nosso país está em apuros e destinado ao fracasso!”, escreveu Trump.

Leavitt se referiu a Boasberg como um “ativista democrata” que foi nomeado pelo ex-presidente Barack Obama. Mas ela foi corrigida na coletiva de imprensa que o juiz foi nomeado por George W. Bush e só mais tarde promovido a seu posto atual por Obama.

Especialistas jurídicos têm alertado que o governo Trump já está desrespeitando ordens judiciais federais, preparando o cenário para uma crise constitucional maior.

No mês passado, Ty Cobb, ex-funcionário do governo Trump, disse Independent que está preocupado que a Casa Branca parece estar pronta para ignorar o judiciário independente na maioria dos casos, embora tenha apontado uma exceção.

“A menos que e até que a Suprema Corte intervenha, porque esse é o único tribunal que ele parece ouvir”, disse Cobb ao Independent.

Esta semana, o juiz da Suprema Corte John Roberts fez uma rara declaração pública, após as tentativas do governo Trump de remover Boasberg do caso de deportações.

“Por mais de dois séculos, está estabelecido que o impeachment não é uma resposta apropriada para discordâncias sobre uma decisão judicial”, escreveu Roberts. “O processo normal de análise de apelação existe para esse propósito.”


Enquanto Elon Musk recompensa os defensores do impeachment judicial, Jim Jordan olha para as audiências (Steve Benen, MSNBC) – As duas pontas são impressionantes: enquanto Musk doa para republicanos que apoiam o impeachment de juízes, o presidente da Comissão de Justiça da Câmara quer audiências.

Depois que o governo Trump perdeu mais uma batalha judicial esta semana, seu principal doador de campanha, Elon Musk, recorreu a uma reclamação conhecida. “Este é um golpe judicial”, escreveu o megadoador republicano por meio de sua plataforma de mídia social. “Precisamos de 60 senadores para destituir os juízes e restaurar o governo do povo.”

Como explicou logo depois meu colega da MSNBC Jordan Rubin, Musk errou todos os detalhes relevantes em sua missiva: não é um “golpe” quando a Casa Branca perde disputas judiciais; os senadores não são responsáveis pelo impeachment de ninguém; e o mínimo para remover do tribunal um juiz em exercício é 67 votos, não 60.

Mas, apesar de sua falta de familiaridade com o processo de impeachment, o bilionário tem avançado com vigor enervante nas últimas semanas a ideia de destituir juízes. De fato, a NBC News observou na quarta-feira que Musk havia postado sobre o impeachment de juízes “17 vezes nas últimas 24 horas”.

Além disso, como relatou o New York Times, ele também está investindo seu dinheiro onde estão seus tuítes:

Elon Musk fez a doação máxima permitida a membros republicanos do Congresso que apoiam o impeachment de juízes federais que estão impedindo ações tomadas pelo presidente Trump, de acordo com cinco pessoas com conhecimento do assunto. Musk deu o que tinha sido até recentemente a doação máxima legal em dólares (6,6 mil) para as campanhas de sete republicanos que ou endossaram o impeachment de judiciais ou pediram alguma forma de “ação” em resposta a decisões recentes contra o governo Trump, incluindo uma decisão do juiz James E. Boasberg, do Tribunal Distrital Federal em Washington, no fim de semana.

De acordo com a reportagem, que não foi verificada de forma independente pela MSNBC ou NBC News, os beneficiários das contribuições de campanha incluem os deputados republicanos Eli Crane (Arizona), Lauren Boebert (Colorado), Andy Ogles (Tennessee), Andrew Clyde (Geórgia), Derrick Van Orden (Wisconsin) e Brandon Gill (Texas). Inesperadamente, Musk também doou ao senador republicano Chuck Grassley (Iowa), que não endossou explicitamente o impeachment de nenhum juiz, mas criticou uma decisão judicial recente no caso da Lei de Inimigos Estrangeiros.

Certamente, o máximo legal para doações em dinheiro é bastante modesto – para alguém com a riqueza de Musk, cheques de US$ 6,6 mil não farão falta –, mas há um significado político mais amplo: o chefe do DOGE acaba de enviar um sinal nada sutil aos congressistas de que os defensores do impeachment de juízes no Capitólio devem esperar ser recompensados pelo maior megadoador republicano de todos.

O portal Politico também noticiou: “O presidente do Judiciário da Câmara, Jim Jordan, disse que planeja realizar audiências sobre decisões judiciais recentes contra a agenda do governo Trump, depois que o presidente Donald Trump, Elon Musk e conservadores pediram o impeachment de juízes federais”.

O republicano de Ohio disse à CNN: “Faremos audiências sobre toda essa questão”, acrescentando que está especialmente interessado “nas 15 liminares que foram feitas em um período de oito semanas”.

É claro que, como já discutimos, o fato de a Casa Branca ter enfrentado tantas liminares em tão pouco tempo é menos evidência de parcialidade judicial e mais evidência de uma administração que continua forçando os limites legais de maneiras radicais e inéditas.

No entanto, a equipe de Trump quer que a ideia de destituir juízes seja levada a sério e, evidentemente, o Comitê Judiciário da Câmara, liderado por Jordan, está preparado para examinar a questão com mais detalhes.

Aparentemente há, no entanto, algumas divisões entre os congressistas republicanos. Em uma reportagem especial esta semana, Politico citou um republicano da Câmara dizendo: “Eu não apoio o impeachment de um juiz em exercício com base apenas em uma decisão com a qual eu discordo.”

O fato de o membro não nomeado ter desejado não ser identificado diz muito sobre o estado atual do partido.


Lauren Boebert entre os republicanos que receberam doações de Musk após apoiarem o impeachment de juízes (Gustaf Kilander, The Independent) – “Em mais de dois séculos, nunca [houve] um abuso tão extremo do sistema legal por ativistas fingindo ser juízes. Destituam-nos”, escreve Musk no X.

Elon Musk está enviando dinheiro para membros do Congresso, incluindo Lauren Boebert, que expressaram apoio ao impeachment de juízes que bloqueiam ações do presidente Donald Trump e de seu governo, disseram cinco pessoas ao New York Times.

Musk entregou a maior doação possível em dinheiro vivo permitida, US$ 6,6 mil, a sete republicanos e suas campanhas depois que eles apoiaram o impeachment de juízes ou pediram que “ações” fossem tomadas contra eles. Isso ocorre após decisões recentes contra o governo Trump, como uma decisão, no fim de semana, do juiz James Boasberg no Tribunal Distrital Federal na capital do país.

Boasberg decidiu no sábado que a administração devia cancelar voos que transportavam supostos membros de gangues venezuelanas para El Salvador, mas a administração não cumpriu, levando a preocupações sobre uma possível crise constitucional. Trump então argumentou nas mídias sociais que Boasberg devia sofrer impeachment.

[Aqui são novamente citados os congressistas já listados acima.] Gill apresentou um pedido de impeachment contra o juiz depois que ele emitiu uma ordem bloqueando temporariamente o uso de Trump da Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para deportar os venezuelanos. Boebert apoiou o pedido de impeachment contra o juiz, com Musk usando o X para expressar sua aprovação.

Crane apresentou o pedido de impeachment contra o juiz Paul Engelmayer, do Tribunal Distrital do Distrito Sul de Nova York, depois que ele limitou temporariamente o acesso aos sistemas de pagamento e de dados do Departamento do Tesouro pelo Departamento de Eficiência Governamental, o instrumento de Musk para diminuir o tamanho do Estado.

“Não fizemos isso para que Elon Musk nos desse uma doação de campanha”, disse Crane ao Times. “Mas acho ótimo que indivíduos como Elon estejam dando apoio àqueles de nós dispostos a agir.”

Clyde disse ao jornal que não tinha “nenhum conhecimento prévio de que Elon Musk faria uma doação de campanha”, mas acrescentou: “Estou muito grato por ele ter feito isso.”

Ogles apresentou uma resolução para permitir que Trump cumprisse outro mandato na Casa Branca. Ele disse ao Times que a “dedicação de Musk não é apenas louvável, mas também vital para o futuro de nossa República”.

“Em mais de dois séculos, nunca [houve] um abuso tão extremo do sistema legal por ativistas fingindo ser juízes. Destituam-nos”, disse Musk pelo X na quarta-feira.

Grassley é o presidente da Comissão de Justiça do Senado. Ele não pediu o impeachment de Boasberg, mas escreveu no X: “Mais um dia, mais um juiz decidindo unilateralmente a política para todo o país. Desta vez para beneficiar membros de gangues estrangeiras. Se a Suprema Corte ou o Congresso não derem um jeito, estamos caminhando para uma crise constitucional. A Comissão de Justiça do Senado está tomando medidas.”

Musk gastou quase US$ 300 milhões nas eleições de 2024, e seu “super PAC” [comitê de ação política que permite a doação ilimitada de empresas de indivíduos, mas sem que estes direcionem a partidos ou candidatos] indicou que se concentrará em pleitos municipais e estaduais neste ano. O bilionário dono da Tesla e da SpaceX geralmente prefere apoiar seus próprios grupos em vez de entregar dinheiro diretamente aos políticos. Inicialmente, ele não doou para a campanha de Trump em 2024, e em vez disso, apoiou seu “super PAC” que apoia Trump.

O presidente pediu o impeachment de Boasberg na terça-feira.

“Esse juiz, como muitos dos juízes corruptos perante os quais sou forçado a comparecer, deveria ser DESTITUÍDO!!!” escreveu o presidente no Truth Social.

Isso levou o presidente da Suprema Corte, John Roberts, a dizer em uma declaração que “Por mais de dois séculos, está estabelecido que o impeachment não é uma resposta apropriada para discordâncias sobre uma decisão judicial”.

“O processo normal de análise de apelação existe para esse propósito”, disse Roberts.