Há alguns anos, publiquei nesta página um guia pra escrita e leitura do alfabeto ídiche (chamado aí de alefbeys), ou seja, uma adaptação da secular escrita consonantal hebraica a um idioma germânico meridional, muito próximo do alemão moderno e, mais ainda, dos dialetos austríacos e suíços. Agora, sem pretensão nenhuma, publico aqui minhas anotações digitalizadas sobre o básico da escrita do hebraico israelense moderno (chamada, por sua vez, de alefbet), isto é, da variante atualizada e simplificada da língua atualmente oficial no Estado de Israel e codificada na Europa a partir do século 19 e da ascensão do movimento sionista.
Mesmo em Israel, há algumas pronúncias dialetais, mas meu foco aqui é a pronúncia padrão da TV e de outros meios de comunicação. Estou publicando as anotações aqui porque meu plano inicial era passar tudo a limpo em outro caderno pessoal, em que também resumi o básico de outras escritas e pronúncias. Porém, sem tempo de fazer isso, vou tentar estudar sozinho minhas anotações, aprender a escrita e a pronúncia “de cor” e continuar treinando por meio de exercícios manuscritos. Mas pensei também: embora seja apenas um rascunho, não está tão incompreensível assim, e pode ser uma boa ideia tornar público um material que pode prestar algum serviço!
Por isso, seguem as imagens que consegui fazer por meio de meu escâner, apenas um pouco mais escurecidas devido ao tom claro demais da caneta esferográfica. As marcas enquanto caderno de papelaria permaneceram, e eu também não quis digitar tudo como texto, porque ia demorar ainda mais. Meu desenho horrível do traçado tradicional das letras segue logo no começo, e depois o foco passa pra chamada “caligrafia impressa manuscrita” e pra caligrafia cursiva. Não há explicações sobre os fonemas em comparação com o português, mas apenas sua figuração no Alfabeto Fonético Internacional, cujos significados, portanto, devem ser pesquisados.
Como um alfabeto, estritamente, possui vogais, prefiro chamar de “escrita hebraica” ou pelo termo mais técnico abjad das escritas consonantais semíticas. A explicação já é bastante longa e contém o básico pra quem quer usar o hebraico na vida diária, mas dado que em minha pesquisa, sobretudo, na Wikipédia em inglês, não procurei ser exaustivo, quaisquer dificuldades adicionais relacionadas especialmente com a etimologia e a gramática devem ser pesquisadas à parte. Last, but not least, essas anotações têm mais de um ano, embora tivesse então começado a aprender o básico da língua, logo precisei parar por razões de cronograma...
Texto inicial que cortou à esquerda: O hebraico é escrito com um “abjad” chamado “alefbet ivri” [texto hebraico é o mesmo que aparece logo abaixo], que como o árabe se escreve da direita pra esquerda e não usa vogais normalmente. Tem 22 letras, que podem sofrer algumas variações.
Graças a uma amiga que preferiu permanecer anônima, e graças a suas preciosas explicações culturais, outro projeto que pertencia ao bojo do Pan-Eslavo Brasil finalmente pôde vir a lume: a canção belarussa “Брацікі-салдацікі” (Brátsiki-saldátsiki), literalmente Irmãozinhos soldadinhos (se quisermos manter o diminutivo carinhoso) ou simplesmente Irmãos soldados. Ela transcreveu pra mim a partir do original, já que meu domínio quase nulo do idioma não me permitia fazer sozinho e que não há nenhuma transcrição fiel online, sendo esta, portanto, a primeira da história! Pelo menos, joguei o resultado no Google Tradutor e revisei usando um dicionário eletrônico belarusso-russo, mas preferi não trazer também uma transcrição em latino (nem no łacinka típico), como geralmente nem faço aqui.
Nascida em Brest em 2000, a cantora e compositora belarussa Angelina Pipper é uma lenda em minhas mídias, e ainda por cima deve ser uma pessoa muito dinâmica, pois cada vez que traduzo alguma de suas canções, a vida dela já mudou completamente, rs. Além de seu perfil no VKontakte, ela tem também um Instagram que parece bem mais atualizado e pelo qual sabemos várias coisas: ela concorreu no The Voice mexicano (“La Voz”) na primeira metade de 2022, mas perdeu, e do México ela se mudou pra República Dominicana em março de 2024, após engravidar do marido belarusso. Apesar de fazer aparições ocasionais na TV estatal de Belarus (nem preciso dizer que ela não dá um pio sobre a invasão à Ucrânia), ainda tem relativamente poucos inscritos em suas redes, inclusive no YouTube, e mesmo seu Spotify conta meros 17 ouvintes mensais...
Mesmo não achando a letra completa sozinho, o trabalho de garimpeiro a que deveria estar habilitado qualquer bom historiador me ajudou a localizar o compositor da canção. Um dos resumos biográficos mais sucintos, mas completos, se encontra na página 111 da edição de 2011 da revista cultural mensal Ródnaie slóva (Fala Nativa) em belarusso: Iósif Mikháilavich Róhal (n. 1940), conhecido em russo como Iósif Mikháilovich Rógal, é poeta, compositor e membro da União dos Escritores de Belarus. Nasceu na vila de Lasitsk, distrito de Pinsk, província de Brest. Formou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Moscou (1974), cidade onde vive até hoje, e é pós-graduado (kandidát) em Ciências Jurídicas (1980). É diretor-geral do Centro Criativo “Lira” de Moscou, especialista da Duma Estatal russa, membro do Conselho Federal de Autonomia Nacional e Cultural “Belarussos da Rússia”, presidente da comissão de cultura da União Estatal Russa e Belarussa, conselheiro científico pra questões culturais da instituição de proteção ambiental “Belavézhskaia púshcha” e membro do júri de numerosos festivais internacionais. Autor de coleções de partituras, escreve canções em belarusso e em russo e foi condecorado e diplomado pela União Estatal, pelo Comitê Estatal das Tropas de Fronteira da República de Belarus e outras organizações públicas da Rússia e de Belarus.
Pra quem deseja se aprofundar mais, este longo artigo biográfico em russo conta também sobre sua infância pobre, sua saída do campo, o trabalho na fábrica e o esforço por se dedicar apenas à atividade criativa. Desfrute também dos perfis de Rohal nos sites russos Proza e Stikhí, com vários de seus escritos disponíveis, mas não a letra de Brátsiki-saldátsiki, infelizmente. Dos vídeos abaixo, o primeiro foi publicado no fim de janeiro de 2011, no canal da própria Pipper (o segundo mais antigo de todos), e o segundo, com montagem mostrando treinos reais, em 2014. Curiosamente, este canal se descreve como promotor dos músicos militares, em especial dos autores de canções patrióticas e militares, e da “educação da juventude”, e meses depois se iniciou a invasão russa do Donbás... Foi aí que apareceu o nome do autor e então pude fazer toda a busca acima.
Tendo eu traduzido, minha amiga também sugeriu que eu apresentasse mais um pouco de contexto – já que eu mesmo tive dificuldade de mentalizar as cenas descritas na letra. Basicamente, soldados vêm fazer uma demonstração a crianças em idade escolar, talvez no Dia da Vitória (9 de maio), pra elas ficarem olhando os tanques e os uniformes. O “feixe de trigo” foi a tradução que dei pra snapóchak, pois embora signifique literalmente “pacotinho”, a comparação é entre os cintos dourados e a amarra dada pra que trigos colhidos no campo fiquem dispostos ou sejam expostos em forma de largos feixes. “Iánka” nada mais é do que o diminutivo de “Ian” ou “Jan” (João), portanto, nosso famoso Joãozinho das piadas brasileiras:
1. Pra surpresa da aldeia
De manhã, no meio do prado
Rapazes pularam
De dentro de um tanque novinho
Todos parecendo feixe de trigo
Usando cintos dourados
E goste você ou não
Amarrados firmemente
Refrão (2x): Irmãozinhos soldadinhos
Em torno daquele prado
As medalhinhas de vocês
Brilham como raios
2. As crianças querem olhar
O que está acontecendo
E os pais esclarecem
Que estão em hora de aula
E mais perto do verão
Ficou claro pra muitos
Que essa aula visava
Celebrar a vitória
(Refrão 2x)
3. A mamãe diz pro Joãozinho:
“Você vai crescer, e talvez
Você também ser
Que nem os combatentes
Proteger a Patriazinha
E a terra, e o céu
No verão e no inverno
Sempre que necessário”
2x:
Irmãozinhos soldadinhos
Joãozinho também vai ter
Medalhinhas no peito
Brilhando como raios
____________________
1. На здзіўленне вёсцы
Ранкам на палянку
Выскачылі хлопцы
З новенькага танку
Кожны, як снапочак
Залатой папругай
Хочаш ці ня хочаш
Падпярэзан туга
Прыпеў: Брацікі-салдацікі
Вакол той палянкі
Вашыя медалікі
Свецяць, як маланкі
2. Дзеці хочуць бачыць
Гэтае з’яўленне
А бацькі тлумачаць
Што ідзе вучэнне
А бліжэй да лета
Стала ясна многім
Што вучэнне гэта –
К святу перамогі
(Прыпеў)
3. Янку кажа мама:
“Падрасцеш, і можа
Будзеш ты таксама
На байца пахожы
Бараніць радзімку
І зямлю і неба
Летам і узімку
Калі гэта трэба”
2x:
Брацікі-салдацікі
Будуць і у Янкі
На грудзях медалікі
Свяціць, як маланкі
Sem qualquer intenção inicial, eis mais uma publicação a respeito da dependência de aparelhos eletrônicos e, mais precisamente, da conexão permanente às redes sociais, como se houvesse uma fobia de perder qualquer notícia circulando entre seus contatos, a famosa “nomofobia”. Quando publiquei o texto de ontem, tive de procurar sobre o conceito de “alienação virtual”, mencionado na mensagem enviada por Anna King, fundadora do Instituto Delete. No Google, acabei achando a variante mais comum, “alienação digital”, que é praticamente a mesma coisa, e entre vários materiais achei um artigo intitulado “Afinal de contas, o que é alienação digital: você sabe?”, escrito por Amilcar Tchinguelessy, angolano residente em Curitiba, e publicado em seu perfil no LinkedIn em 3 de maio de 2022.
Na mesma rede, Tchinguelessy se apresenta como administrador, “business manager”, escritor, palestrante e formador. É interessante que a “alienação digital” pode ser exatamente considerada o pior subproduto do vício em telas, pois não se trata somente da excitação causada pela luz ou da dopamina liberada pelas reações dos outros, mas também do desinteresse pelo ambiente fora da internet e da preferência por estar sempre conectado pra ter alguma “vida social”. De forma geral, também designa o fenômeno de uma pessoa não conseguir mais pensar de forma crítica ou por conta própria, mas apenas republicando o que outros já escreveram ou usando recursos digitais (IA?...) e as informações dos “influenciadores”. E olha que conheço e já briguei com muita gente assim, viu?
Outra sugestão que ainda não li, mas que deixo a você, é o artigo acadêmico de Nádia Laguárdia de Lima publicado nos Arquivos Brasileiros de Psicologia, ainda em 2006! O título é “O fascínio e a alienação no ciberespaço: uma perspectiva psicanalítica”, e parte do resumo é impressionante: “Este artigo propõe explicar o fascínio pela virtualidade, em especial, pelo ciberespaço, utilizando recursos da teoria psicanalítica sobre a função da imagem na subjetividade. [...] [A] busca pelo prazer imediato e um desinteresse pelas atividades que exigem um esforço ou adiamento de satisfação, e a ilusão de se ter ‘tudo’ [...] pode[m] levar a uma posição de alienação à imagem fascinante, com a consequente perda reflexiva e crítica do pensamento.”
Se Tchinguelessy não tiver nada contra (não o conheço pessoalmente), estou reproduzindo seu informativo artigo, apenas com correções e adaptações na redação, sem mudar, porém, seu próprio estilo de escrita. Também incorporei algumas das imagens que ele mesmo usou:
Hoje, é muito normal estar o tempo todo conectado na internet, seja nas redes sociais, comprando ou interagindo através de mensagens com a família e amigos, e a cada dia que passa essa tecnologia só tende a aumentar. Embora a tecnologia seja benéfica em termos sociais de interação, já que mesmo em grandes distâncias ainda há maneiras de se comunicar, e também vendas e promoção de marcas, o uso exagerado do digital (assim como qualquer outra coisa em excesso) pode fazer mal.
O que é a alienação digital?
A alienação digital pode ser definida como a incapacidade de agir e pensar por si próprio e também uma grande dependência ou exagero ao usar as tecnologias. Um bom exemplo de alienação e excessividade de telas é o filme Wall-E da Disney Pixar, onde os humanos já destruíram a Terra com poluição e lixo, e agora vivem em uma nave no espaço que é toda controlada por robôs. Os humanos em si estão vivos, mas suas vidas, como vemos no filme, são totalmente baseadas em ficar deitados, comendo enquanto passam o dia em frente a uma tela assistindo algo. Não andam, não interagem pessoalmente com outras pessoas e não fazem nada mais:
Hoje ninguém consegue viver sem o telefone e as tecnologias, pois são facilitadoras e consideradas quase que uma extensão de nossos corpos. Se precisarmos anotar algo, já não utilizamos mais um bloco de papel, e sim um aplicativo. Se devemos visitar alguém, já não é necessário, pois temos chamadas de vídeo que podem ser feitas de uma ponta a outra do mundo. Se estamos com fome, pedimos um delivery. Entende aonde quero chegar?
A tecnologia veio, sim, para facilitar a nossa vida, mas ser totalmente dependente dela a ponto de não conseguir realizar atividades básicas sem o telefone é algo um tanto preocupante. Ficar preso por horas nos dispositivos eletrônicos, apenas deslizando a tela do feed é uma forma de alienação bem severa, onde já perdemos até mesmo a noção de tempo e realidade. Já nem prestamos a atenção no que comemos ou na quantidade, estamos absortos e hipnotizados demais para dar atenção a isso.
Inclusive, crianças estão sendo colocadas no mundo digital muito cedo. Não é difícil encontrar uma criança que sabe mexer em um telefone ou iPad antes mesmo de aprender a andar ou falar.
O acesso de tecnologias e computadores deveriam ser utilizados de formas saudáveis, e não de modo excessivo. Tudo deve ser usado com moderação.
Outro filme que pode ser citado, como uma forma de dependência do telefone e outros aparelhos é o filme Ela, interpretado por Joaquin Phoenix, onde o protagonista, após o término de um namoro, se vê apaixonado por um sistema operacional que se comunicava por voz e o ajudava no dia a dia com seu trabalho e demais acontecimentos. O filme foi super bem-vindo pela crítica, sendo um romance muito bem feito e estruturado:
Uma outra forma de alienação, que pode ser proveniente da TV ou rádio, é viver em um mundo onde você não tem a verdade por trás do fato, ou seja, as grandes mídias não passam totalmente a informação. No caso, se algo X está dando uma grande dor de cabeça para o mundo, as pessoas que estão no poder mascaram a verdade e deixam que o povo fique na esperança que está tudo bem. Por isso, é importante buscar as informações verdadeiras e formar as próprias opiniões.
Por isso, vivo dizendo: quanto menos vejo TV, mais informado eu me torno. Porque para mim as TVs desinformam ao invés de informar.
Hoje, por causa de muitos influenciadores da internet, buscamos alguém para basear nossas opiniões, ou seja, esperamos ouvir a opinião do outro para formar a nossa própria. Coisas como “Se fulano gosta de chocolate branco, então eu também gosto”.
É natural mudar de opinião ouvindo outras opiniões, mas deixar de acreditar em algo porque você gosta de uma pessoa que tem um ponto de vista diferente, é quase a mesma coisa que se autossabotar.
Esse tipo de coisa pode até influenciar em opiniões de forma negativa, no caso, aprovar e apoiar algum crime que foi cometido pela celebridade de que você gosta.
Lembrando que este artigo não serve para forçá-lo a largar seu aparelho e nunca mais olhar para eles, ou deixar de ver telejornal às 20h, porque sabemos que a comunicação com as pessoas à distância está aí, seja para trabalho, família etc. A questão que este artigo quer abordar é que devemos nos policiar quanto ao uso e se está realmente nos fazendo bem frequentar por tantas horas a internet, que contém fake news, notícias horríveis, toxicidade, sensacionalismo etc.
Não devemos ficar reféns de notícias contadas pela metade ou alheias ao mundo que está fora da tela de um dispositivo com o propósito de nos alienar cada vez mais.
A pergunta que eu te deixo para refletir é: até que ponto você se deixa alienar?
Um dia desses, escutei uma edição do podcast do G1 “O Assunto”, apresentado por Natuza Nery, apresentando à Banânia o conceito de brain rot, que pode ser literalmente traduzido como “podridão cerebral” e foi considerada a “palavra do ano de 2024” pelo dicionário britânico Oxford. Ele está ligado ao uso excessivo e desregrado de mídias digitais, sobretudo ao famoso hábito de “rolar um feed” por horas a fio e perder um precioso tempo que podia ser usado pra coisas mais produtivas ou simplesmente pro autocuidado. Curiosamente, a “palavra de 2024” nestas paragens tropicais foi “ansiedade”, segundo pesquisa conjunta de institutos estilo “Databunda”, e há uma relação direta com a mesma hiperconectividade, que facilmente descamba no vício em quaisquer aparelhos ligados à internet.
A primeira vez que escutei falar em “vício em redes sociais” (Facebook, na ocasião, mas confesso que quase já fui viciado no anódino Orkut, enquanto adolescente escanteado...) como conceito mais elaborado foi por volta de 2014-2015, ainda naquele aspecto de que as pessoas se frustravam porque os “amigos” publicavam vidas supostamente melhores que as deles. Na esteira, veio também o conhecimento do Instituto Delete, fundado pela pesquisadora da UFRJ Anna Lucia Spear King e cujo trabalho achei muito importante. Com o passar do tempo e a observação de fenômenos sempre piorados através da era marcada pela covid-19, não acompanhei mais as atividades do instituto e achei que ele fazia falta entre pessoas cada vez mais “lesadas”. Também recomendo procurar no YouTube o trabalho da psicóloga Aidda Pustilnik (ela mesma recomendada por minha mãe!), que trata esse tipo de dependentes e tem vários vídeos e atividades voltados pra “desaceleração” do dia a dia.
Eis que na referida edição do podcast, Anna King e o Instituto Delete (pelo menos no conhecimento deste isolado historiador doutor) fazem seu retorno em grande estilo, já com novas reflexões sobre as novas gerações de “nativos digitais” e o que aconteceu mais recentemente, sobretudo do ponto de vista de suas repercussões políticas. Há quase 10 anos, tinha muito pouca coisa online do instituto, e o canal no YouTube era bem pobrezinho. No finzinho de 2024, pesquisei de novo, gostei da evolução e escrevi pra lá perguntando se podia colaborar de algum modo mais técnico, editando textos, gerindo mídias sociais, produzindo conteúdo etc. Curiosamente, a dra. King me “respondeu”, embora de forma gentil, com o conteúdo que, levemente adaptado, segue abaixo, como se tivesse passado um folheto pronto de serviços de qualquer coisa.
Por não haver dados pessoais sensíveis nem que comprometessem a integridade de ninguém, e enquanto profundo interessado no tema da dependência digital e dos males que ela pode causar pra nossas interações sociais “reais”, decidi trazer a público toda a riqueza do conteúdo. Quem sabe não seja esta a melhor forma de “ajudar”? Rs. Não somente as possibilidades de atendimento, mas o sortimento de livros podem ajudar quem esteja sofrendo dos problemas mencionados:
O Instituto Delete oferece avaliação, orientação e tratamento gratuitos para usuários excessivos e/ou dependentes de tecnologias e familiares que os acompanhem. A triagem destinada a esta população acontece todas as sextas-feiras entre as 8h30min e 10h30min no Laboratório Delete, que se situa dentro do Instituto de Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Local de atendimento: O Instituto de Psiquiatria (IPUB) da UFRJ (Av. Venceslau Brás, 71, Botafogo/RJ) fica dentro do Campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) onde você vai encontrar o Laboratório Delete para receber seu atendimento. Quando chegar no IPUB, procure o local conhecido como CIPE-Antigo (logo depois da guarita da entrada à direita), e na sala de espera peça para chamar a psicóloga Anna Lucia King ou qualquer outra pessoa da Equipe Delete.
Para marcar a consulta presencial e participar da triagem, mande um WhatsApp para receber a confirmação da data e hora. Compareça na hora marcada. Atenção! Só atendemos três pessoas cada sexta-feira. Por favor, pedimos que se marcar a consulta e não puder comparecer, nos avise com antecedência para darmos oportunidade para outra pessoa. Pedimos para chegar no horário marcado. Não compareça se não tiver marcado hora por WhatsApp.
Caso queira tratamento psicológico PARTICULAR, atendemos online por chamada de vídeo no WhatsApp ou pelas plataformas Zoom ou Google Meet. Fique à vontade para decidir sobre o tratamento. Caso opte pelo particular, entre em contato também pelo WhatsApp
Temos livros! Informamos que você pode conhecer o trabalho do Instituto Delete – Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologias do Instituto de Psiquiatria da UFRJ por intermédio dos nossos livros, que estão à venda pelo e-mail e serão enviados pelo correio.
O livro NOMOFOBIA – Dependência do Computador, telefone celular, tablet, entre outros, você pode conseguir acessando o site da Livraria da Travessa ou na Amazon. O livro Cuidado com a Nomofobia! Maravilhas e Prejuízos na interatividade com o Mundo Digital (R$ 159,00) e os livros Etiqueta Digital (R$ 65,00), Ergonomia Digital (R$ 65,00), Cartilha Digital (infantil e para os pais e responsáveis, R$ 60,00) e Livro de Escalas Delete (R$ 70,00) podemos enviar pelo correio + R$ 30,00 da postagem dos livros. Caso queira encomendar, mande um WhatsApp e solicite enviando seu endereço completo com o CEP. Enviaremos o número da conta para o depósito e em seguida enviaremos os livros.
O livro Novos Humanos 2030 pode ser adquirido pelo site da Editora Barra Livros, aqui no Rio de Janeiro.
Mestrado, doutorado e pós-doutorado! Temos também no Instituto de Psiquiatria da UFRJ uma linha de Pesquisa sobre Dependência Digital e temas relacionados para quem se interessar em fazer um desses cursos e se especializar no tema Dependência Digital ou em temas que relacionem o uso de tecnologias interagindo com os indivíduos.
Eventos sociais: Quanto aos cursos, palestras, encontros para Detox de Tecnologias, lives e outros, enviaremos as informações quando estiverem programados ou acompanhe a programação pelo site do Instituto Delete.
Para contratar palestras em escolas ou empresas, cursos, workshops, aulas, entre outros, temos diversos temas que podem ser escolhidos por você para compor a apresentação de acordo com o público alvo e necessidades específicas da sua escola, empresa ou evento. Nestes casos, envie-nos um e-mail ou um WhatsApp.
Estamos à disposição para marcar um encontro e acertar os detalhes do seu evento. Os livros são educativos e podem ser adotados por escolas e cursos como complemento educacional. O foco dos livros é disseminar conteúdos sobre uso consciente de tecnologias visando qualidade de vida e saúde física e mental da população em geral.
NOMOFOBIA (Editora Atheneu): Abrange os impactos clínico, cognitivo-comportamental, social, familiar, acadêmico e profissional relativos à interatividade das tecnologias no cotidiano dos indivíduos.
Cartilha Digital (Editora EducaBooks): o Mascote Deletinho ensina as crianças e orienta os pais e responsáveis a fazerem uso consciente das tecnologias (computador, telefone celular, tablet, internet, redes sociais, jogos, entre outras) no dia a dia.
Etiqueta Digital (Editora EducaBooks): apresenta regras básicas de comportamentos de Etiqueta Digital para adultos e empresas aplicarem em sociedade ao usar as tecnologias (computador, telefone celular, tablet, entre outras) e não cometerem gafes nem serem inconvenientes.
Ergonomia Digital (Editora EducaBooks): orienta sobre as posturas corretas e mobiliários adequados para usar cada uma das tecnologias (computador, telefone celular, tablet, entre outras) no dia a dia e prevenir problemas físicos e psicológicos futuros. Apresenta ainda um capítulo sobre ginástica laboral para ser ministrada em funcionários de empresas, contribuindo para a prevenção de prejuízos físicos devido ao uso diário de tecnologias.
NOVOS HUMANOS 2030: Este livro realiza uma visão prospectiva de como será a humanidade em 2030 convivendo diariamente e por muitas horas com tecnologias digitais.
Livro de Escalas DELETE: Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologi@s (Versões Português, Inglês e Espanhol): Apresentamos neste livro 15 Escalas para avaliar situações relacionadas ao uso excessivo de tecnologias no cotidiano (computador, telefone celular, tablet, entre outras). São escalas que avaliam os graus leve, moderado e grave das dependências de redes sociais (Facebook, Instagram, WhatsApp, Twitter), Netflix/Amazon, YouTube, Spotify, jogo patológico digital [vício em plataformas de apostas], nomofobia, transtornos mentais associados, prejuízos físicos, alienação virtual, dependência digital de empregados e ainda a percepção dos líderes sobre a dependência digital dos seus empregados.
Cuidado com a Nomofobia! Maravilhas e Prejuízos na interatividade com o Mundo Digital (Editora Atheneu): este livro aborda os benefícios e prejuízos (físicos e mentais) que os indivíduos estão sujeitos a desenvolver devido à interatividade diária e por muitas horas com as tecnologias no cotidiano.
Presidente da Moldova (e não Moldávia, sr. Google!) faz seus votos em mensagem gravada. O vídeo possui legendas em russo. Fonte do texto original: portal da presidência moldova.
Caros cidadãos,
Estamos encerrando um ano que colocou muitas pedras de toque diante de nós, mas também nos abriu muitos caminhos. Em geral, no final do ano, tendemos a deixar pra trás tudo de que não gostamos e focar nos sucessos, mas principalmente na esperança de que tudo vai melhorar. E vivemos este ano exatamente assim: passando por momentos muito complicados, conseguimos enquanto povo aproveitar e ressaltar as coisas que nos orgulham.
Mesmo quando foi difícil pra nós, encontramos em nossas almas um lugar de orgulho e gratidão pelas conquistas de nosso país. Juntos, desfrutamos de cada medalha trazida pra casa por nossos atletas olímpicos e esportistas, de cada sucesso de nossos colegiais e universitários, de cada vez que um médico salvou uma vida ou um professor descobriu o potencial de um aluno. Aplaudimos juntos nossos músicos, atores, pintores e escritores. Apreciei com reverência quando um assistente social, um policial, um militar, um funcionário público ou um jornalista cumpriu com honra seu dever perante o país.
Ao mesmo tempo, o ano de 2024 também revelou as divisões que nos fragilizam. Não devemos hesitar em reconhecer isso. Coloquemos o dedo na ferida e não tenhamos medo das questões complicadas. Desejo que hoje, na noite da virada, nos olhemos no espelho. Enquanto país. Nos perguntemos quem somos enquanto nação. É hora de nosso país se olhar no espelho e começar a amar o que vemos. Com o bem e o mal. Amar não significa adiar a resolução dos problemas ou negar a sua existência. É justamente o contrário, só por meio do amor à pátria os desafios podem realmente se resolver. Só assim poderemos encontrar pontes entre nós e construir juntos.
É importante não permitirmos que as diferenças aumentem o fosso entre as pessoas. Só poderemos reduzir essa disparidade aceitando nossas diferenças, percebendo, ao mesmo tempo, que queremos o mesmo pra nossa família e pra toda a Moldova. Vivamos em paz, tenhamos saúde e uma vida cada vez melhor, deixemos às crianças um país seguro, onde tenham futuro. E, o mais importante, entendamos que cada moldovo tem seu papel na realização desse objetivo nacional comum.
Não existem países perfeitos. As terras dos contos de fadas só existem nas histórias. Mas sabemos que existem países que vivem melhor que nós. E queremos viver como eles. Decidimos juntos que vamos pra União Europeia. E estamos nesse caminho! Agora só temos duas opções: parar, lamentar nosso destino, porque é muito difícil, porque ficamos sobrecarregados; ou seguimos em frente, de cabeça erguida. A noite da virada é uma boa ocasião pra respondermos algumas perguntas como povo ao longo do caminho.
Podemos parar de lamentar nosso destino?
Podemos parar de nos culpar pelas coisas que acontecem com a gente?
Podemos parar de desconfiar de nosso próprio país?
Acho que podemos. E mostrei ao mundo inteiro quão forte é uma Moldova unida. Mas tenho certeza que, pra termos sucesso, é preciso que a maior parte possível de nós acredite nisso. Exorto vocês a encararem a entrada no novo ano como um momento pra unificarmos nossa nação.
Olhe pra quem está a seu redor esta noite. A comunidade em que vocês vivem é um espelho de nossa nação. São pessoas que vocês amam, respeitam, confiam, com quem desejam criar filhos, fazer negócios, passar a velhice. Estamos entre pessoas com quem queremos construir nosso país. Olhem pra aqueles com quem vocês estão agora: vocês os amam nos bons e maus momentos e os ajudam a crescer. Porque a cada triunfo individual, todos triunfamos juntos. E quando é mais difícil, só conseguimos manter a esperança tendo um ponto de apoio. E o ponto de apoio de nosso país é todo o seu povo. Somos a Moldova, e a Moldova depende de nossos pensamentos, ações e decisões diários. Porque todos nos apoiamos mutuamente.
Queridos moldovos, onde quer que estejam no mundo, entremos no Ano Novo olhando uns pros outros com confiança. Entremos em 2025 convictos de que a Moldova tem um belo futuro, porque tem um povo digno, trabalhador e humano. Olhemos a nós mesmos com gratidão!
Agradeço a todos e tenho orgulho de sermos concidadãos. Estou orgulhosa da Moldova e de nossos moldovos!
Presidente búlgaro faz seus votos em mensagem gravada. Fonte do texto original: portal da presidência da República da Bulgária.
Caros compatriotas,
Estamos a poucos minutos do Ano Novo de 2025. Vamos o receber com pessoas próximas de nossos corações, com esperanças e bons desejos. Com a crença comum de que vai trazer saúde e prosperidade.
O mundo traz um ano cheio de riscos. As guerras se intensificam, a democracia está vivendo um período difícil e no horizonte despontam novos desafios. A paz, a estabilidade, a liberdade e as eleições justas que até ontem pareciam garantidas na Europa, estão hoje em causa. Aqui, as eleições parlamentares também não abriram uma perspectiva estratégica pra sairmos da crise política crônica.
As crises nos ensinam que o futuro está em nossos esforços conjuntos, na posição ativa de cada um de nós perante cada escolha na política e na vida. Sem a participação e controle dos cidadãos, o Estado se enfraquece e não consegue lhes garantir necessidades básicas, as relações públicas e mesmo as pessoais se tornam tensas, nosso enorme potencial enquanto nação permanece inexplorado e nosso futuro se torna refém de interesses oligárquicos e grupais.
Juntos, é hora de procurarmos juntos um caminho pra além da fraqueza política, da corrupção e da incerteza. Juntos, é hora de estabelecermos objetivos elevados. Todos os dias, milhares de concidadãos – cientistas, engenheiros, artistas e educadores, nossos atletas olímpicos – com espírito, vontade e diligência escrevem as novas páginas da história da Pátria e nos tornam confiantes de que podemos fazer muito mais.
Quero expressa minha profunda gratidão aos dignos búlgaros de todos os cantos, religiões e profissões, que realizam seus sonhos criativos com trabalho honesto e habilidade e fazem nosso país avançar. A todos os pais que criam e educam os filhos da Bulgária.
Ao enchermos as taças, não esqueçamos os que estão trabalhando na noite festiva pra proteger nossa vida, saúde e segurança: médicos, policiais, militares e plantonistas.
Caros compatriotas,
O ano de 2025 vai nos apresentar novos desafios. Estou convencido de que vamos encontrar sabedoria e força pra lidar com eles. Vamos perceber que, numa era de abalos globais, a unidade é o caminho pra proteger a Pátria. Acredito que temos talento e vontade pra confirmar a Bulgária como um país forte, soberano e próspero no mapa da Europa.
Lhes desejo paz, saúde e fé nas coisas boas! Que todos os empreendimentos dignos sejam abençoados e que o Ano Novo traga alegria e luz a todos! Que entremos nele com pensamentos claros e saiamos dele com a cabeça bem erguida enquanto pessoas e enquanto búlgaros.
Em meio a autoelogios sobre Olimpíadas, tecnologia e investimentos, presidente da França fez rara autocrítica ao reconhecer que, “ao menos por enquanto”, a dissolução da Assembleia Nacional causou mais confusão política do que esclarecimento da vontade popular. Analistas o consideram cada vez menos interessado por questões internas e mais ávido por escapar pro internacional ou pro que é feito pra estrangeiros verem.
Cabe lembrar que o presidente francês só pode dissolver a Assembleia Nacional, câmara baixa do Parlamento eleita por sufrágio universal, mas não o Senado, eleito por sufrágio indireto. Quanto à Alemanha, o Bundestag (Câmara Federal) é a instância eleita universalmente, mas o Bundesrat (Conselho Federal), que não é o “conselho de ministros”, também não é uma “câmara alta”, mas tem funções próprias diferentes e é igualmente eleita indiretamente.
Juntos neste ano, provamos que o impossível não era francês.
Fomos a primeira Nação a modificar nossa Constituição pra garantir o direito das mulheres a interromperem voluntariamente a gravidez. Avançamos na igualdade de gênero graças, entre outras coisas, à coragem daquelas que a conseguiram denunciar [referência aos chamados “processos de Mazan”, envolvendo o casal Gisèle e Dominique Pelicot].
Continuamos construindo uma ecologia do progresso e combatendo as mudanças climáticas ao reduzir nossas emissões, remodelar fábricas e também seguir na luta por nosso presente e nosso futuro.
Celebramos, 80 anos depois, a bravura dos combatentes da Resistência e dos que nos libertaram, da Normandia à Provença.
Nos recordamos daqueles que tombaram pra que a França pudesse se reerguer. Nossos heróis, nossos idosos, nossos aliados, aqueles vindos de todos os continentes pra libertar a pátria.
Como prometido um ano atrás, também vivemos momentos de muito orgulho. Primeiro, organizamos neste verão Jogos Olímpicos e Paralímpicos que imediatamente entraram pra história, entraram em nossas memórias, em nossos corações que fizeram vibrar um país unido, de Saint-Denis ao Taiti, e mostraram uma França cheia de audácia, de brio e loucamente livre.
Uma França que brilha com suas façanhas desportivas, emoções e generosidade, uma cidade de Paris magnificada.
Sim, nossos Jogos Olímpicos e Paralímpicos são e vão permanecer como um momento inesquecível na vida da Nação.
Neste mês de dezembro de 2024, como tínhamos prometido, devolvemos ao culto e reabrimos ao público Notre-Dame de Paris. Cinco anos após o incêndio de 2019, Notre-Dame reconstruída continua sedo o símbolo de nossa vontade francesa.
Milhares de operários, artesãos, mulheres e homens reconstruíram a catedral dia após dia durante esses cinco anos. Foi devolvida a todos, e o mundo inteiro pôde contemplar esse trabalho.
Amanhã, saibamos manter o melhor do que fomos durante este ano de 2024. Unidos, determinados, solidários e diante de cada uma das grandes provações, diante do que tantos disseram ser impossível, conseguimos, porque permanecemos unidos.
Unidos, determinados e solidários também estivemos diante das provações e tragédias de 2024: as catástrofes climáticas, a crise que ainda hoje atravessam nossos agricultores, os quais vamos continuar protegendo e apoiando, as tensões em vários territórios nossos e a desaceleração econômica mundial.
Juntos, estamos hoje ao lado dos habitantes de Mayotte, nos quais pensamos com emoção e fraternidade. E, claro, estamos e vamos estar ao lado de todos os nossos territórios ultramarinos, das Antilhas à Nova Caledônia, que tanto sofreram nos últimos meses.
Também estamos enfrentando a instabilidade política, que não é específica à França, pois também a vemos entre nossos amigos alemães que acabaram de dissolver sua Assembleia [o Bundestag, câmara federal eleita por sufrágio universal]. Mas isso nos preocupa autenticamente.
Esta noite, devo bem admitir que a dissolução trouxe, por enquanto, mais divisões à Assembleia [Nacional, câmara baixa do Parlamento francês] do que soluções para os franceses.
Se decidi a dissolver, foi pra devolver a palavra a vocês, reencontrar a clareza e evitar a ameaça do imobilismo. Mas a lucidez e a humildade exigem admitir que, até o momento, tal decisão produziu mais instabilidade do que serenidade, pelo que assumo toda minha responsabilidade.
Contudo, a Assembleia atual representa o país em sua diversidade e, portanto, também em suas divisões. Ela é plenamente legítima e, nesta configuração inédita, mas democrática, deve ser capaz de obter maiorias, como fazem, aliás, os parlamentos das grandes democracias, e nosso governo deve ser capaz de seguir um caminho de compromisso pra poder agir.
Gostaria de agradecer aqui a Michel BARNIER, que depois de Élisabeth BORNE e Gabriel ATTAL, se comprometeu com sinceridade, e envio meus melhores votos a François BAYROU e a seu governo.
Desejo que o ano que se inicia seja de recuperação coletiva, que ele permita estabilidade e bons compromissos pra tomar as decisões certas a serviço dos franceses.
Isso porque não podemos nos permitir esperar. O ano de 2025 deve ser um ano de ação, um ano útil pra vocês e pra permitir que vocês vivam melhor. Poder de compra, trabalho, segurança, justiça, bem como a ajuda a nossos políticos e associações: pra tudo isso, é necessário aprovar um orçamento.
Podemos tornar a vida melhor se chegarmos a um acordo sobre algumas questões simples: facilitar a vida de todos os que trabalham duro, melhorar a segurança no dia a dia, acelerar a Justiça e permitir que cada família tenha acesso à melhor educação pra seus filhos, à saúde e aos serviços públicos básicos. Cabe a nós, pois, fazer isso.
O ano de 2025 também deve ser um ano de unidade, de responsabilidade pra construirmos uma França mais forte e mais independente perante as perturbações do mundo.
As guerras na Ucrânia e no Oriente Médio não são conflitos distantes. Elas nos concernem diretamente e ameaçam a nossa segurança, nossa unidade e a nossa economia.
Os últimos acontecimentos na Síria, a manipulação das eleições na Moldova, na Geórgia e na Romênia, os atentados terroristas na Europa e em nossa vizinhança mostram como nossa segurança e o bom funcionamento de nossas democracias nunca podem ser considerados garantidos.
Por isso, a Europa não pode mais delegar sua segurança e defesa a outras potências. Em 2025, a França deve continuar investindo em seu rearmamento militar pra garantir nossa soberania, a proteção de nossos interesses e a segurança de nossos compatriotas. E quanto à Europa, ela deve acelerar pra assumir o comando de sua defesa, segurança e fronteiras. Isso é por que luto há tantos anos, que começamos a construir com nossos parceiros europeus e que vamos continuar.
Devemos ver lucidamente que o mundo evolui mais rápido e abala muitas de nossas certezas. O que considerávamos garantido não o é mais.
Não vai haver prosperidade sem segurança, e nesse sentido, por meio de seu poder diplomático e militar, a França tem sempre um papel a desempenhar.
Pra nossos filhos viverem melhor que nós, também é preciso que sejam inventadas na França e na Europa as tecnologias e empresas que vão moldar o mundo de amanhã, nosso futuro e nosso crescimento: a inteligência artificial, as revoluções quânticas, da energia e da biologia, pra citar só alguns desses projetos.
Os europeus devem acabar com a ingenuidade, dizer não às leis do comércio decretadas por outros e as quais só nós ainda respeitamos, dizer não a tudo o que nos faz depender dos outros, sem contrapartida nem preparação de nosso futuro.
De modo inverso, precisamos do despertar europeu, despertar científico, intelectual, tecnológico, industrial, do despertar agrícola, energético e ecológico. Pra isso, devemos avançar mais rápido, tomar nossas decisões mais rápido e mais firmemente enquanto Europeus, simplificar nossas regras pra nossos compatriotas e pra nossas empresas e investir mais.
Isto exige uma França que continue sendo atrativa, que trabalhe e inove mais, que continue criando empregos e que garanta seu crescimento sem comprometer suas finanças. Vou velar por isso.
Durante sete anos, conseguimos resistir às piores crises e, ao mesmo tempo, reduzimos o desemprego, nos reindustrializamos e atraímos as invenções do mundo todo.
Este ano, demonstramos novamente a capacidade de manter nossa posição em setores do futuro, por exemplo, com o lançamento do [foguete lançador de satélites] Ariane 6 ou a ligação do novo reator nuclear de Flamanville. Aí se constrói nossa independência e devemos permanecer fortes e confiáveis no coração de uma Europa que deve acelerar.
Cabe a nós, pois, fazer isso coletivamente, pois 2025 vai exigir audácia e senso de decisão.
Meus caros compatriotas, as grandes Nações são as que, nos momentos de crise e dúvida, sabem enxergar longe e se separar das polêmicas cotidianas pra construir o futuro e sair na frente.
É aí que estamos. Por isso, em 2025, vamos manter o rumo.
Já se passou um quarto de século. Algumas das promessas do ano 2000 foram cumpridas, mas também houve muitas desordens e desequilíbrios. Assim, durante o próximo quarto de século, desejo que sejamos capazes de decidir e agir, tendo 2050 como ponto de referência.
Vamos ter de fazer escolhas pra nossa economia, nossa democracia, nossa segurança e nossos filhos. Sim, a esperança, prosperidade e paz do próximo quarto de século dependem de nossas escolhas feitas hoje.
Por isso, em 2025, vamos continuar decidindo, e vou pedir que vocês também decidam sobre algumas dessas questões determinantes. Pois cada um de vocês vai ter um papel a desempenhar. Cada um de vocês vai ser necessário pro sucesso desse projeto que acabei de esboçar rapidamente diante de vocês. Sim, como ocorre com os grandes projetos que fizeram nossa História, e novamente no ano que acaba de terminar, cada um de vocês é necessário pra construir uma Nação e uma República ainda mais belas.
Por isso, desejo que em 2025 estejamos unidos, determinados e fraternos.
Um belíssimo e muito feliz Ano Novo de 2025 a vocês e seus entes queridos. Viva a República, viva a França.
Também queria desejar um feliz Ano Novo de 2025 pra quem visita minha página, seja se me acompanha desde 2014 ou se está chegando agora, mas tá difícil, vendo esse trombadinha de Leningrado que se diz “presidente” bombardeando sem proveito algum, e bem nessa festa que ele considera “importante” a cidade natal de um de meus bisavôs. Kyiv, e não “Kiev”, seus bananeiros teimosos! Mas apesar dos discursos de 31 de dezembro se parecerem cada vez mais uns com os outros, o trabalho informativo continua, e a publicação do Kremlin também tem o vídeo (que segue abaixo) e o texto original, que corrigi após ter passado no Google Tradutor. Amanhã, prometo, tem o do francês Emmanuel Macron!
Estimados cidadãos da Rússia! Caros amigos!
Em apenas alguns minutos, vai chegar com toda plenitude o novo ano de 2025, encerrando o primeiro quarto do século 21.
Na Rússia, esse período foi repleto de muitos eventos de grande escala, incluindo eventos historicamente significativos. Nos impusemos grandes objetivos e os alcançamos, e várias vezes, por estarmos juntos, superamos os desafios.
Foi assim que se fortaleceram nossa unidade, nossa fé em nós mesmos, em nossas forças e capacidades. Sim, ainda temos muito o que resolver, mas podemos com razão nos orgulhar do que já foi feito. Esta é nossa herança comum: uma base firme pra continuarmos nos desenvolvendo.
Nosso independente, livre e forte país soube responder aos desafios mais difíceis. E agora, no limiar do novo ano, pensamos no futuro. Temos certeza que tudo vai ficar bem. Vamos apenas seguir em frente. Sabemos bem que pra nós, o valor absoluto foi, é e vai ser o destino da Rússia e o bem-estar de seus cidadãos. Os sentimentos sinceros pela Pátria dão um grande sentido a nossas vidas, e o desejo de contribuir pra proteger sua soberania, segurança, interesses e livre desenvolvimento se tornou pra nós uma questão de honra.
Nesta véspera de Ano Novo, os pensamentos e as esperanças de parentes e amigos, de milhões de pessoas em toda a Rússia se juntam a nossos soldados e comandantes. Vocês são verdadeiros heróis que assumiram o grande esforço militar de defender a Rússia e proporcionar a nosso povo garantias duradouras de paz e segurança. Nos orgulhamos de sua coragem e bravura, confiamos em vocês.
Em sua honra, em homenagem aos 80 anos da Grande Vitória [na 2.ª Guerra Mundial] e em tributo à memória de nossos antepassados que lutaram pela Pátria em todas as épocas, o ano de 2025 vai ser declarado na Rússia como o Ano do Defensor da Pátria. Somos os filhos, netos e bisnetos da geração que esmagou o nazismo. Somos fiéis aos compromissos e tradições de nossos veteranos.
Caros amigos!
Sempre recebemos o Ano Novo com carinho e cordialidade e esperamos que nossos sonhos e pensamentos, nossas melhores intenções certamente se tornem realidade. Falta muito pouco até a chegada do Ano Novo. Nestes minutos, as pessoas mais próximas estão a nosso lado: família, filhos, pais, netos, amigos e companheiros de luta.
Desejo bem-estar e prosperidade a cada um de nossos lares, a cada uma de nossas famílias e à Rússia, nosso amado país. Quando estamos juntos, tudo se realiza.
Feliz Ano Novo, caros amigos! Feliz Ano Novo de 2025!
“Pois quem trouxe incêndio pra nossa terra, um dia vai o ver de sua própria janela.” Se não é montagem, Zelensky tem um quadro do Kremlin pegando fogo no gabinete dele 🤣🤣🤣
Por uma feliz coincidência, o “jubileu de prata” da renúncia do primeiro presidente da Rússia moderna, Boris Ieltsin, coincidiu com meu movimento de adiantar vários pedidos e projetos que foram sendo represados durante a existência de meu canal Pan-Eslavo Brasil. Infelizmente, legendas não vai haver, mas seguem abaixo os textos completos do discurso de renúncia de Ieltsin (sobre quem já falei numa publicação bastante antiga), pronunciado à guisa de votos de fim de ano na noite de 31 de dezembro de 1999, e do discurso com os votos daquele que, pela Constituição, deveria suceder o bebum até a realização de novas eleições: o ex-agente do KGB soviético e primeiro-ministro por ele escolhido em agosto de 1999, Vladimir Putin.
Confesso que é a primeira vez que leio atentamente os dois textos, e no caso de Putin, só tenho a dizer que muito pouco mudou em relação a tudo o que ele viria a falar durante o último quarto de século: banalidades, votos vazios, afagos insinceros. Sobre Ieltsin, tudo é muito mais complicado, porque primeiro, acho que ele não previu a dimensão histórica da escolha (pessoal, a ser somente ratificada pela Duma Estatal) do trombadinha de Leningrado como premiê, a começar pelo genocídio que ele imediatamente ia mandar perpetrar na Chechênia pra acabar com o separatismo. É famosa a frase segundo a qual “vamos caçar terroristas até dentro das privadas”, mas a matança foi feita, e mesmo assim a guerra não terminaria com uma vitória total, mas com um acordo com a família Kadýrov, até hoje vassala de Putin e que vassaliza aquela região.
E segundo, e mais gritante: a promessa de uma nova geração que renovasse a Rússia rumo a uma democracia de mercado foi frustrada com uma caminhada em sentido inverso. Custa acreditar que a “dor” (no coração, talvez sim, porque era cardiopata), a “decepção” e o “pedido de perdão” de Ieltsin fossem sinceros, mas não somente velhas raposas dos tempos soviéticos continuaram no poder, como também cada vez mais a Rússia se militarizou, sua economia se fechou e seu sistema político superou a época de Leoníd Brézhnev em repressão, censura e letalidade de dissidentes. Assim como o belarusso Lukashénka, Putin é o exemplo daquele Homo sovieticus cujo fóssil não foi enterrado e continua emperrando a “lei da evolução”. Os realmente novos foram exilados, presos, mortos ou condenados ao silêncio.
É um milagre que no próprio portal do Kremlin haja as versões oficiais em texto e em vídeo dos discursos de feliz ano 2000 (“Século Novo”) tanto de Ieltsin (também saiu no antigo portal da BBC russa) quanto de Putin, e as mídias (de péssima qualidade) que incorporei podem ser vistas abaixo. E é curioso que no mesmo site o discurso de renúncia tenha o simples título “Anúncio de Boris Ieltsin”, enquanto o seguinte já se chame “Alocução de Ano Novo do Presidente em Exercício Vladimir Putin aos cidadãos da Rússia”. Antes do primeiro discurso, também incorporei a junção dos dois feita e carregada pelo Centro Ieltsin em 2011, cuja qualidade está bem melhor e que não corta nem a abertura solene do aviso de renúncia, nem a execução final do hino nacional então vigente, a Canção Patriótica. (Há outro upload neste canal, caso o original dê problemas.) Seria a última vez que o hino apareceria em tal ocasião, antes de dar lugar ao atual, com a mesma melodia do hino da antiga URSS.
Do fundo do baú, e mantendo o webdesign daquela época, ainda está disponível uma tradução do discurso de Ieltsin publicada pela Folha de S. Paulo, que serviu de base pra que eu fizesse minha própria, após cotejar com o original em russo. Há várias imprecisões, certamente derivadas do fato de ter sido feita a partir de alguma versão em inglês, mas mantive o estilo mais formal da época e evitei imprimir “minha própria marca”, como costumo fazer por aqui; o estilo foi igualmente alinhado no discurso de Putin. A própria Folha também deu a notícia da renúncia, chamada no texto de “surpresa”, e o Jornal do Commercio de Recife também trouxe o evento (versão arquivada) em suas páginas.
Das muitas traduções que consegui encontrar há alguns anos pra comparar com o original russo (algo que hoje praticamente quase nunca faço), não usei nenhuma sequer pra tirar dúvidas, mas as deixo aqui pra conferência pública: em inglês feita pela BBC, em inglês feita por uma escritora desconhecida, em francês (versão arquivada) feita por um site atualmente suspenso e em espanhol feita por El Mundo. A estreia de Putin, bastante curta, joguei no Google Tradutor e comparei com o original em russo, e agora talvez seja a única tradução escrita disponível em português na internet!
Nos próximos dias, vão vir mais traduções de votos de fim de ano de vários líderes (Macron, Putin, Sandu, Radev), e em 2025 vou tentar manter o ritmo de uma publicação por dia, mesmo que isso canse meu público... Um de meus próximos projetos é justamente traduzir e publicar os vídeos da maioria dos discursos disponíveis dos últimos presidentes da França e da Rússia, cujos arquivos já estou conseguindo encontrar e guardar. Feliz ano novo, paz ao mundo, menos fanatismo e notícias ruins e até as próximas traduções!
Caros russos,
Resta muito pouco tempo antes de uma data mágica em nossa história: o ano 2000 está se aproximando, um novo século, um novo milênio.
Faremos todas as nossas provas nesta data. Ficávamos pensando – primeiro na infância, depois crescidos – com que idade estaríamos em 2000, com que idade estariam nossas mães e nossos filhos. Parecia outrora que esse inusitado Ano Novo estava tão distante, e eis que esse dia chegou.
Caros amigos, meus caros! Hoje estou me dirigindo a vocês pela última vez com uma saudação de Ano Novo. Mas não é só isso: hoje estou me dirigindo a vocês pela última vez como Presidente da Rússia.
Tomei uma decisão. Ponderei longa e duramente sobre isso. Hoje, no último dia do século que está acabando, estou renunciando ao cargo.
Tenho ouvido muitas vezes: "Ieltsin se agarrará ao poder a qualquer custo, não o entregará a ninguém." Isso é mentira [vranió]. Esse não é o ponto. Eu sempre disse que jamais divergiria nem um pouco da Constituição, que as eleições para a Duma Estatal deveriam ocorrer nos prazos constitucionais. Assim ocorreu. Eu também desejava que a eleição presidencial ocorresse no tempo certo, em junho de 2000. Isso era muito importante para a Rússia. Estamos criando um precedente importantíssimo para uma transferência de poder civilizada e voluntária: o poder de um Presidente da Rússia para outro, recém-eleito. E, todavia, tomei uma decisão diferente: estou renunciando, renunciando antes do tempo estabelecido.
Compreendi que era necessário eu fazer isso. A Rússia precisa entrar no novo milênio com novos políticos, com novos rostos, com novas pessoas inteligentes, fortes e enérgicas. E nós, que já estamos no poder há muitos anos, devemos partir.
Tendo visto com que esperança e fé as pessoas votaram, nas eleições para a Duma, numa nova geração de políticos, compreendi que realizei o ato mais importante de minha vida. A Rússia nunca mais retornará ao passado: agora, a Rússia para sempre seguirá apenas em frente. E não devo interferir nessa marcha natural da história. Como manter o poder por mais meio ano, enquanto o país tem um homem forte, digno de ser Presidente e no qual praticamente todos os russos estão agora depositando suas esperanças para o futuro??? Por que eu deveria atrapalhá-lo, para que esperar mais meio ano? Não, não é meu estilo, não é conforme a meu caráter!
Hoje, neste dia incomumente importante para mim, quero dizer mais umas palavras pessoais além das que costumo falar. Quero lhes pedir perdão. Por muitos sonhos que compartilhamos não terem se realizado. E por muito do que nos parecia fácil ter se revelado duramente difícil. Peço perdão por ter frustrado algumas esperanças das pessoas que acreditavam que num só golpe, de uma só vez, poderíamos transitar de um passado cinza, estagnado e totalitário para um futuro luminoso, rico e civilizado. Eu mesmo acreditava nisso: parecia que poderíamos superar tudo de uma só vez.
De uma só vez foi impossível. De alguma forma fui extremamente ingênuo. Em alguns lugares, os problemas se mostraram complicados demais. Forçamos a marcha passando por enganos e falhas. Nesses tempos difíceis, muitas pessoas viveram um colapso.
Mas quero que vocês saibam que eu nunca disse isso, e hoje é importante que eu lhes diga: a dor de cada um de vocês despertou a dor em mim, em meu coração. Noites sem dormir, duras preocupações: o que precisava ser feito para que as pessoas, mesmo que só um pouquinho, vivessem mais facilmente e melhor. Eu não tinha nenhum dever mais importante.
Estou renunciando, fiz tudo o que podia. E não seguindo minha escolha, mas levando em consideração a totalidade dos problemas. Uma nova geração está me substituindo, a geração dos que podem fazer mais e melhor.
Seguindo a Constituição, por ocasião de minha renúncia, assinei o Decreto sobre a Transmissão do Cargo de Presidente da Rússia para o Presidente do Governo [primeiro-ministro], Vladímir Vladímirovich Pútin. No decorrer de três meses, seguindo a Constituição, ele será o chefe de Estado. E daqui a três meses, também seguindo a Constituição, será realizada a eleição para Presidente.
Sempre tive confiança na admirável na sabedoria dos russos. Por isso, não tenho dúvidas sobre a escolha que vocês farão no final de março de 2000.
Além de me despedir, quero dizer a cada um de vocês: sejam felizes. Vocês merecem a felicidade, vocês merecem felicidade e tranquilidade.
Feliz Ano Novo! Feliz Século Novo, meus caros!
Caros amigos!
Hoje, na véspera de Ano Novo, assim como vocês, sua família e seus amigos, eu ia ouvir as palavras de saudação do Presidente da Rússia, Borís Nikoláievich Iéltsin. Mas acabou sendo diferente.
Hoje, 31 de dezembro de 1999, o primeiro Presidente da Rússia tomou a decisão de renunciar ao cargo. Ele pediu que eu me dirigisse ao país.
Caros russos! Caros compatriotas!
Hoje me foi incumbida a responsabilidade de chefe de Estado. Daqui a três meses, será realizada a eleição para Presidente da Rússia. Chamo a atenção para o fato de que nem por um minuto haverá um vazio de poder no país. Nunca houve e nunca haverá.
Quero alertar que quaisquer tentativas de sair das margens das leis russas e das margens da Constituição da Rússia serão decididamente suprimidas.
Liberdade de expressão, liberdade de consciência, liberdade dos meios de comunicação em massa e direitos de propriedade, elementos fundamentais de uma sociedade civilizada, serão zelosamente protegidos pelo Estado. As Forças Armadas, o Serviço Federal de Fronteiras e os órgãos de manutenção da ordem realizam seu trabalho no mesmo regime de sempre. O Estado se manteve e se manterá velando pela segurança de cada um de nossos cidadãos.
Ao tomar a decisão de transmitir seu cargo, o Presidente agiu em plena conformidade com a Constituição do país. Talvez só daqui a algum tempo seja possível avaliar honestamente o quanto este homem fez pela Rússia. Mas hoje seu grande mérito já está claro: a Rússia seguiu pelo caminho da democracia e das reformas, não se desviou desse caminho e conseguiu afirmar-se como um forte Estado independente.
Gostaria de desejar ao primeiro Presidente da Rússia, Boris Nikolaievich Ieltsin, saúde e felicidade.
Para os russos [na Rusí], o Ano Novo é a festa mais luminosa, agradável e amada. Como se sabe, os sonhos se realizam no Ano Novo. E mais ainda neste Ano Novo tão incomum. Tudo de bom e de agradável que vocês planejaram certamente se realizará.
Caros amigos!
Faltam apenas alguns segundos para a chegada do ano 2000. Vamos sorrir para nossos parentes e amigos. Vamos desejar um ao outro calor, felicidade, amor. E levantemos nossas taças pelo novo século da Rússia, pelo amor e pela paz em cada um de nossos lares, pela saúde de nossos pais e filhos.
Outra canção que eu queria ver legendada no antigo Pan-Eslavo Brasil, mas pra qual não sobrou tempo! Como dever de honra, mesmo que seja um material já muito difundido na internet, trago nesta quase virada de ano a canção ídiche “דזשאַנקױע” (Dzhankoye), às vezes também conhecida como Hey, Zhankoye!, em referência a uma pequena cidade na Crimeia chamada Dzhankói (tanto em russo quanto em ucraniano). Há também referência às linhas férreas que se cruzavam lá e causavam muita impressão na população. A adição da letra “e” é exclusividade do idioma judaico-germânico, que era muito mais falado na Europa, sobretudo Oriental, antes do Holocausto e da escolha do hebraico moderno como língua oficial do novo Estado de Israel.
Segundo este site que traz a letra original, a transliteração pro alfabeto latino e uma tradução em inglês, Dzhankoye é uma canção folclórica sem autor definido, executada pelos agricultores judeus na Crimeia a partir de meados da década de 1920. Como a península tem grande influência turca (e lá também vivem tártaros e os chamados “tártaros da Crimeia”, de línguas túrquicas), muitos internautas sugeriram uma relação da repetição de “dzhan” com a palavra turca can (“querido/a”), que tem a mesma pronúncia “dján”. A primeira publicação foi feita em 1938 por Moishe Beregovski-ltsik Fefer, e desde então várias gravações antigas e recentes têm sido feitas, dentre as quais se destacam as dos grupos The Limeliters e Klezmatics e dos cantores Pete Seeger e Theodore Bikel.
Neste tópico de discussão numa página no Reddit, há também outras traduções alternativas em português e outras informações sobre o contexto da canção. Abaixo coloquei minhas versões preferidas (primeira, do cantor Frieder Breitkreutz, e segunda, do grupo Oy Vey), além da tradução em português que fiz confrontando a disponível no referido portal e a que achei num comentário do YouTube, ambas em inglês. Os áudios, obviamente, podem variar com o que publiquei aqui, baseado essencialmente naquele site:
1. Az men fort keyn Sevastopol
Iz nit vayt fun Simferopol
Dortn iz a stantsiye faran
Ver dart zukhn naye glikn?
S’iz a stantsye an antikl
In Dzhankoye, Dzhan, Dzhan, Dzhan.
2. Ver zogt, az yidn konen nor handlen
Esn fete yoykh mit mandlen
Nor nit zayn keyn arbetsman?
Dos konen zogn nor di sonim
Yidn, shpayt zey on in ponem
Tut a kuk oyf Dzhan, Dzhan, Dzhan
(Refreyn)
3. Entfert, yִidn, oyf mayn kashe
Vu’z mayn bruder, vu’z Abrashe?
S’geyt bay im der trakter vi a ban
Di mume Leye bay der kosilke
Beyle bay der molotilke
In Dzhankoye, Dzhan, Dzhan, Dzhan
(Refreyn)
____________________
1. No caminho pra Sevastópol
Não muito longe de Simferópol
Há uma estação ferroviária
Quem precisa buscar novos sucessos?
É uma estação muito especial
Em Dzhankoye, Dzhan, Dzhan, Dzhan
Refrão: (Dispensa tradução. “Dzhanvili”
talvez seja apenas um trocadilho.)
2. Pessoal, respondam à minha pergunta
Onde está meu irmão? Onde está Abrasha?
Seu trator está andando como um trem
Minha tia Leye está na ceifadeira
E Beyle está na debulhadora,
Em Dzhankoye, Dzhan, Dzhan, Dzhan
(Refrão)
3. Quem disse que judeus só sabem comerciar
E fazer sopas gordas com amêndoas
Mas não sabem ser operários?
Só nossos inimigos podem dizer isso
Judeus, cuspam na cara deles
Dê uma olhada em Dzhan, Dzhan, Dzhan