Vladimir Putin vai “concorrer” às “eleições” presidenciais de março de 2024 na Rússia como candidato “independente”, mas não é nenhum mistério que o partido Rússia Unida, criado pra ser o aglutinador do putinismo e de suas bases políticas, eleitorais e militantes, não está meramente o “apoiando”, mas segue como a principal graxa que lubrifica as engrenagens da ditadura. Pra isso mesmo, visando manter as aparências de formalidade, o congresso desse partido apoiou oficialmente a “candidatura” de Putin, sob a batuta do ex-American Boy e atual profeta do apocalipse nuclear, Dmitri “Eu Odeio os Ocidentais” Medvedev. E não foi nada menos no site oficial do Kremlin que foi publicado o vídeo e o texto do discurso em que o ditador aceitava e agradecia pelo “apoio” recebido.
Mesmo dentro da Rússia, e entre as mídias de oposição exiladas ou não, uma frase no meio desse lenga-lenga chamou muito a atenção: Putin dizia que a Rússia, ao contrário de “alguns países”, não podia “entregar sua soberania em troca de uma linguiça”. Aqui devo especificar que se trata da palavra “kolbasá”, ou seja, uma palavra genérica pra embutidos de carne, geralmente de porco, que abrangem uma vasta gama de produtos, como linguiças, salsichas (que da forma como conhecemos no Brasil, geralmente em conserva, são chamadas em russo “sosíska”), chouriços e salames, além das várias salsichas que são conhecidas entre as comunidades alemãs. Em todo caso, o uso ficou engraçado, porque segundo o relato da história brasileira, por exemplo, os portugueses teriam “comprado” os nativos com espelhos e outras quinquilharias, mas por que alguém usaria uma linguiça como moeda de troca? (Tá, eu confesso, eu venderia o Brasil por uma feijoada ou um joelho de porco bem preparado, rs!)
Brincadeiras à parte, houve interpretações associando a “linguiça” justamente a um objeto sem valor, uma ninharia, e se não me engano essa foi a leitura do jornalista Kiríll Martýnov. Na verdade, se trata de mais uma das bravatas de Putin, pois não só a infraestrutura pública do país está caindo aos pedaços, como provam os recentes problemas com o aquecimento das casas, como também a China assedia cada vez mais economicamente a Rússia, enquanto se vê obrigada a comprar armas de párias como Irã e Coreia do Norte pra continuar o genocídio na Ucrânia. Além disso, quem acompanha a invasão desde o começo, sabe que o ditador usa o pretexto de que Zelensky teria se vendido à OTAN e aos EUA, portanto Kyiv não passaria de uma “colônia de Washington”. Bem, em vista do que vimos o que acontecia com as populações locais quando o “Mundo Russo” (Rússki mir) chegava até elas, imagino que iam preferir ter como patrão até mesmo aquele Tio Sam das garatujas infantis do Latuff...
A cidade onde moro, Bragança Paulista, é conhecida como a capital nacional da linguiça calabresa, e inclusive recomendo a visita à Famosa, de meu vizinho Luiz Américo, uma das produtoras que fica do ladinho de meu condomínio, além do já conhecido Bar do Rosário. Como bragantino de adoção e em defesa de meus concidadãos, não posso deixar de considerar uma falta de respeito do ditador paranoico ao chamar de “ninharia” esse valioso produto: se ele continuar com desprezo, invado Moscou com toda torcida do Red Bull pra conduzir uma “operação alimentar especial”, rs. Eu baixei o vídeo do site presidencial (basta clicar com o botão direito nele e escolher a opção “Salvar vídeo como”...), cortei o trecho sem legendar e eu mesmo traduzi o parágrafo do texto que estava disponível, mas neste vídeo do YouTube você também já pode ver o trecho separado, embora com muitos logotipos poluidores:
Enfim, tudo o que é secundário, supérfluo, o que nos divide, deve ser deixado de lado. E obviamente devemos e vamos tomar sozinhos todas as decisões, sem pitacos alheios vindos do exterior. A Rússia não pode, como alguns países, entregar sua soberania em troca de uma linguiça e se tornar o satélite de alguém. Devemos nos lembrar, nunca nos esquecer e estipular a nossos filhos: ou a Rússia será uma potência soberana e autossuficiente, ou não existirá de todo. Isso é uma coisa muito importante que sempre deve estar em nossas mentes e em nossos corações. Por isso, obviamente nós mesmos definiremos e construiremos nosso futuro. E essa é a concepção de mundo de um Estado soberano, a base para uma autêntica consolidação civil e para um trabalho conjunto.
А значит, всё второстепенное, лишнее, то, что нас разъединяет, нужно отбросить в сторону. И конечно, все решения мы должны и будем принимать только сами, без чужих подсказок из-за рубежа. Россия не может, как некоторые страны, в обмен на колбасу отдать свой суверенитет и стать чьим-то сателлитом. Мы должны помнить и никогда не забывать и детям нашим наказать: Россия или будет суверенной, самодостаточной державой, или её вообще не будет. Это очень важная вещь, которая всегда должна быть у нас в голове и в сердце. Поэтому, конечно, мы сами будем определять и созидать своё будущее. Это и есть суверенное государственное мировоззрение, основа для подлинной гражданской консолидации, для совместной работы.
Foi isso que fez Angela Merkel aceitar a abertura do Nord Stream 1...
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