Esta é a tradução parcial com adaptação de um artigo da Rádio França Internacional sobre a polêmica que envolve o site “Plan Procu”, abreviação de “plano procuração”, mantido pela associação “A voté” (Votou), cujo objetivo é combater a abstenção eleitoral, que na França costuma atingir metade do eleitorado, algo impensável na Banânia com seu livre voto obrigatório. O plano de nome, ao menos em português, bastante estranho e ambíguo visa facilitar o voto por procuração, ou seja, promover o encontro (ou “match democrático”, meldels, rs) entre duas pessoas, uma se oferecendo a trazer pra urna a cédula da outra, com todo o registro e aviso junto às autoridades. Na França, ao contrário dos EUA, não existe o voto por correspondência, e ao contrário da Estônia, não é possível votar por aplicativo, e como o voto não é obrigatório (daí a tentativa de estancar a abstenção), o instituto brasileiro da justificativa não faz sentido.
O Plano Praquilo Lá é voltado especificamente pras eleições legislativas nacionais que vão ocorrer em 30 de junho e 7 de julho, convocadas depois que o próprio Macron dissolveu o Parlamento com o objetivo inverossímil de obter uma maioria absoluta pra que ele se torne um mero assinador de seus projetos. Sendo o presidente o principal interessado num contexto que causou o que muitos já chamam de pior crise política desde a Constituição de 1958 (a qual igualmente surgiu após uma crise), não deixa de estranhar que uma força-tarefa pra reunir votantes e evitar o abstencionismo não pudesse estar ligada à situação. Bingo: nas redes sociais, uma das muitas críticas ao site é supostamente estar ligado ao atual governo.
O Plano Anal foi lançado ainda pras parlamentares europeias do começo de junho, visando ajudar pessoas que queiram encontrar um “procurador” (o que faz sentido, sobretudo, pra velhos e deficientes físicos), mas uma das primeiras críticas lançadas no Équis é que o domínio online do plano foi adquirido por Titouan Galopin, cofundador do site citipo.com e que trabalhou na campanha digital de Macron em 2016 e 2017. Foi feito um apelo geral ao boicote da plataforma, mas 8-7 anos atrás acho que já faz tempo não? Mas não para por aí: um dos casos tuitados foi o de uma pessoa que se inscreveu no serviço, obteve o nome da pessoa que ia votar por ela e, jogando-o no Santo e Onisciente Google, descobriu que ela militava no partido de Macron (no “En Marche !”, mas há anos o nome não é esse, então talvez a referência seja ao atual “Renaissance”). A irrefutável conclusão seria a de que o site foi criado “pelos macronistas, para o macronismo”, o que podia gerar uma séria acusação de fraude nas eleições. Mas em se tratando da unicidade do caso, e ainda alardeado numa rede abertamente conspiracionista, mantenhamos o pé atrás.
Outra acusação é a de que outro cofundador da “A voté” criou em 2022, ano de reeleição de Macron, o aplicativo “Elyze” (nem se vê a referência direta ao palácio presidencial do Elysée, né?), cuja proposta era a de propor um candidato que seria mais próximo das escolhas dos usuários. Porém, a ferramenta foi criticada por quase sempre dar o marido da Brigitte como resultado principal, havendo outros “menos compatíveis”, obviamente, mas com os mais ideologicamente afins mais próximos do topo. E pra piorar, seu criador trabalha desde fevereiro deste ano como chefe de gabinete do ministro encarregado (uma espécie de secretário ou subministro) das Contas Públicas.
Os gestores do “Plan Procu” rebatem as acusações de partidarismo, afirmando que cuidam pra que nada recaia na manipulação eleitoral e que vão apagar os dados sobre pedidos de procuração depois das eleições. O próprio articulista da RFI (uma mídia estatal, diga-se de passagem) chama de “anedóticas” as acusações lançadas nas redes sociais, mas pra esta pobre página que gosta de misturar humor ruim com a atualidade política, resta mais um “legume de duplo sentido” (salve Casseta & Planeta!) pra fazer a alegria dos lusófonos sul-americanos. Aliás, um nome que nada fica devendo, em nossa humilde interpretação, ao buraco político a que realmente o ex-banqueiro parece ter levado a antiga nação colonial, rs.
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