quarta-feira, 8 de maio de 2024

O putinço se volta contra o putinceiro


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/muga


Agradeço a meu amigo Claudio Cavalcante Junior, paranaense do Rio de Janeiro (rs), professor, mestre em Antropologia, doutorando em Sociologia e Antropologia e defensor das causas ucranianas, por ter me apresentado ao mais novo meme da “guerrosfera”, desta vez relacionado aos fascistas ocidentais que na verdade querem a vitória de Putin. Marjorie Taylor Greene, deputada federal do Partido Republicano pelo estado da Geórgia, nos EUA, é conhecida até mesmo pela Wikipédia como “teórica da conspiração”, pois como representante da ala “MAGA” (isto é, trumpista de choque) de sua legenda, defende com unhas e dentes todo tipo de afirmação maluca emitida pelo ex-presidente. Ela é considerada por alguns analistas como “mais trumpista que o próprio Trump”, e por seu exagero nesse sentido, eu a compararia com Carla Zambelli, que chegou ao extremo de ajudar na derrota de Bolsonaro perseguindo um negro no meio da capital paulista com uma arma na mão e ajudada por assessores. (Tudo bem que ele estava provocando, dizendo “Aqui é Lula, papai!”, mas isso nem de longe justifica.)

Há alguns dias, Taylor Greene ameaçou entrar com um pedido de cassação do deputado Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes e também republicano, por ter ajudado a finalmente aprovar o pacote de centenas de bilhões de dólares de ajuda militar à Ucrânia, a Israel e a Taiwan. O bloqueio de meses só foi resolvido com o “fatiamento” da ajuda e a aprovação separada das partes, o que não impediu a deputada extremista de chamar o acordo bipartidário de “caminho a um partido único” (que ela chamou de “Uniparty”). Neste trecho de uma entrevista coletiva que ela publicou no próprio Équis, Taylor Greene denunciou o financiamento de mais uma “guerra interminável no exterior” em detrimento dos “interesses nacionais” (basicamente, terminar o muro na fronteira com o México e expulsar imigrantes latino-americanos). Num gesto esquisito, ela tirou um boné (feito por quem, e onde?) com as cores da bandeira ucraniana, contendo as iniciais “MUGA”, e o posicionou sobre um retrato com os líderes dos dois blocos, porque em suas palavras, o Uniparty tinha como política “Making Ukraine Great Again” (tornar a Ucrânia grande novamente):



Definitivamente, não só a trumpada infame não colou, como também o “MUGA”, sua peculiar e inesperada inovação, acabou tendo o efeito reverso de ser usado como símbolo de apoio à resistência ucraniana contra a invasão moscovita. Como disse um jornal dos EUA, a Zambelli ianque agora poderia dar um novo sentido ao MAGA: “Making Another Gaffe Again” (fazendo outra gafe novamente), rs. Segue abaixo uma pequena adaptação peculiar minha ao vídeo, e os memes e montagens que Claudio me mandou e outros que achei no Google Imagens, alguns deles explicados ou traduzidos:










“Todos esses rublos [pagos aos trumpistas] e é com isso que ela me aparece!”






O Raul Gazolla da quinta idade, ou Pedro Paulo Petr Pavel, presidente da Chéquia, ex-comandante da OTAN e o mais consequente suporte ocidental à Ucrânia, mesmo no antigo bloco soviético.


Os amigos da Ucrânia, agora “MUGAs” (rs), bebendo as lágrimas das putinetes defensoras de genocídio!











“Viver na Rússia” e “Elogiar a Rússia do conforto de um país ocidental” (lembrando que desde 2022 os ucranianos só usam “rússia” e “putin” com inicial minúscula). O termo pejorativo vatnik foi criado a partir de um meme em 2011, mas se popularizou na internet a partir de 2014 (invasão russa da Crimeia e começo da intervenção no Donbás) pra designar um ultranacionalista que acredita piamente na propaganda de Putin. É muito recorrente nas redes sociais da NAFO-OFAN citada acima, uma comunidade humorística criada em 2022 pra combater a desinformação do Kremlin e que até já se reuniu pessoalmente pela primeira vez em maio de 2023.

Claudio me mandou também este mapa, mas achei um pouco exagerado. É uma resposta à reivindicação de Putin sobre “terras historicamente russas”, mostrando como várias regiões hoje da Rússia também foram habitadas, até o século 18, por cossacos ucranianos depois assimilados à cultura russa ou forçados a deixar sua língua e cultura, sobretudo por Catarina 2.ª, que de Grande só tinha a pança... Depois da entrevista do ditador a um tuiteiro chamado Tucker Carlson, quando ele repetiu as mesmas mentiras históricas, um ex-presidente da Mongólia zoou postando um mapa com a Rússia e toda a Ásia Central pintadas de vermelho e designadas como o Império Mongol na Idade Média (e a “Rússia”, um pequeno círculo branco em torno de Moscou...). Deve ter sido a inspiração dos ucranianos, que também indicam os “russos” com o termo pejorativo “moskalí”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe suas impressões, mas não perca a gentileza nem o senso de utilidade! Tomo a liberdade de apagar comentários mentirosos, xenofóbicos, fora do tema ou cujo objetivo é me ofender pessoalmente.