terça-feira, 25 de junho de 2024

Alckmin vidente, na cena do crime


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/mix-politica12


E chegamos ao décimo segundo “mix de política ao redor do mundo”, também conhecido como número 12, um pior que o outro! Coloquei meus pensamentos mais recentes tudo aqui num combo, pra que eu não precisasse repartir em publicações diferentes e acabasse tendo mais trabalho. Aliás, se eu sumir nos próximos tempos, não se assuste: cumprida uma etapa principal de minha vida, que foi a defesa da tese de doutorado, preciso me preparar pra começar outra, a saber, estudar pro concurso da diplomacia brasileira e quem sabe, finalmente, ter um emprego fixo, rs.

E além de ser um dos concursos mais difíceis, se não o mais difícil, de nosso cabedal de empregos serviço público, quero reorganizar várias coisas da vida que tinham sido moldadas pela pós-graduação, como minhas estantes de livros e minhas bibliotecas digitais, e fazer as tão adiadas reformas nesta página! Portanto, se porventura não saírem coisas novas, pelo menos não com a frequência com que eu gostaria, não se preocupe, pois de alguma forma estou trabalhando ativamente pra continuar fornecendo bem esse mundo de conhecimentos gratuitos e me aperfeiçoando intelectualmente. Só que desta vez, longe do mundo das “redes antissociais” e vacinado contra essa vontade doentia de viralizar, ser curtido, ter repercussão e opinar praticamente sobre tudo!

Pra começar, vamos refrescar a memória sobre uma calejada personalidade política que talvez seja o vice-presidente menos ruim que já tivemos, e o presidente menos danoso que nós não tivemos: o Picolé de Chuchu. Em 2018, a miniatura acima era de uma entrevista sua à SECOM paralela do Bolsonaro Rádio Jovem Pan, quando ele concorria à presidência e acabou chegando em quarto – conseguindo ficar atrás do Poste do Lule e do Cangaciro –, o que determinou a crise terminal de seu partido, o PSDB. Claro que em 2022 ele realizaria seu sonho “pela metade”, se assim posso dizer, mas vamos refletir sobre esta profecia: Quem vota no Bolsonaro elege o PT.

Claro que do ponto de vista econômico, o ex-capitão e atual capetão parecia mais uma versão piorada da Dilma, isto é, da Unicamp School of Economics (também conhecida como “dilapidar o erário como se não houvesse amanhã”), tanto que a campanha do Chuchu apostou na comparação dele com Hugo Chávez, a quem o vereador federal tinha elogiado em 1999. Mas longe de uma “teoria da ferradura”, talvez o ex-governador estivesse querendo dizer que ele ia ser tão ruim, que o PT ia acabar voltando.

Resultado: parafraseando o tucano em 2006, que disputou a presidência (e ficou em segundo) justamente com seu atual patrão, não só o petista “voltou à cena do crime”, como também cooptou o adversário e o levou junto! A profecia se concretizou, embora a diferença no segundo turno fosse mínima o suficiente pra atemorizar os liberais, mas o mais irônico é que, além da Jararaca ter voltado, o médico de Pinda, então seu crítico feroz, só recuperou seu “lugar ao Sol” após ser eleito pela mensa chapa, rs.



“O, o, o Bôôôzôôô...” (CHUCHU, Picolé de)


Há alguns dias, com seu senso de humor um tanto peculiar, Nando Moura (que não consegue mais se reinventar nem como youtuber, nem como influencer, portanto, se rebaixou à velha categoria de “vlogueiro”) comentou o “cancelamento” do divulgador científico Sérgio Sacani, o famoso “Gordão dos Foguetes”. Ele criticou no Équis tanto as posições da Jararaca sobre exploração espacial privada nos EUA quanto a comemoração, pela Agência Espacial Brasileira, do primeiro voo feminino ao espaço com o desenho de uma astronauta negra, quando a pioneira Valentina Tereshkova, na verdade, era russa. Após essa lacração descarada, a própria AEB apagou o pôster, mas a “tropa de choque” continuou tentando “justificar” a obra de arte e chamando Sacani de “fascista”, “racista”, “extrema-direita” e todo o imprecatório que já conhecemos.

Desde 2011, Tereshkova é deputada da Duma Estatal, hoje praticamente um fantoche nas mãos do Kremlin, e pertence ao partido de Putin, estando sob sanções internacionais por apoiar a criminosa invasão russa à Ucrânia. Curioso, não? Rs. Então, por esse motivo, eu quero mais é que essa véia se f...

Pra mim, “ser cancelado no Twitter/Équis” é um “não evento”, já que o que acontece aí fica aí e que a própria plataforma não tem nenhum impacto social a não ser envenenar o debate público. Por essa mesmíssima razão, o próprio Sacani disse certa vez, num desses incontáveis “mesacasts”, que o Équis já pode ser uma experiência de vida num “metaverso” (palavra que curiosamente sumiu da imprensa recente, com a ascensão medonha da IA). Portanto, não vou entrar em muitos detalhes, a não ser o de que a crítica ao presidente foi que este vive criticando o Ilomasque por aparentemente “querer fugir da Terra pra outros planetas em seus foguetes, sem resolver nossos problemas”, mas Sacani considera tudo isso uma ignorância e desinformação muito grande sobre o assunto. A enxurrada de violência digital, da parte de gente que chupa o saco do Mito Barbudo, foi idêntica.

Abaixo, Nando Moura critica no primeiro corte os ataques devido ao apontamento da ignorância presidencial, imitando magistralmente o político e inventando um planeta “onde pra comer só teria calango, onde até chovesse calango”, e no segundo, a persistente ingenuidade de alguns diante do que se tornou o Équis, cuja definição pelo metaleiro frustrado também é magistral. Os comentários ao vídeo também resumem, de forma humorada, a insatisfação de certos setores conservadores ou de direita com a “patrulha do cancelamento”, geralmente associada apenas à esquerda ideológica:






Montagem comparativa genial, feita por um amigo meu e que dispensa comentários. Apenas observe e reflita sobre a semelhança das essências, rs:


Esta é a política venezuelana María Corina Machado. Assista ao vídeo e descubra por que o Stalin Caribenho pisoteou leis existentes e inexistentes até conseguir que este ano ela não fosse candidata a lhe dar um pé no rabo. Ainda em janeiro de 2012, mesmo sob os uivos dos mortadelas da ditadura, ela ousou dizer umas poucas e boas na cara de um Chávez já perto de ir quicar no colo do Tinhoso. Além de ter mais culhão que muito macho pra enfrentar o ex-golpista na cara, previu exatamente a tragédia que aguardavam os anos futuros de “bolivarianismo” (que de Bolívar só guarda o nome):


No dia 1.º de julho, a atual moeda brasileira, o real, vai completar 30 anos de implantação definitiva, e a Folha de S. Paulo está publicando várias reportagens celebrativas, numa das quais se inclui a seguinte foto, que me permiti roubar pra fazer uma pequena “intervenção artística”. Sem ser um dos incontáveis planos que desde 1985 eram impostos de cima pra baixo à população, de imediato e sem explicações, pra tentar acabar com a hiperinflação de maneira “mágica”, o Plano Real foi sendo implantado aos poucos, desde meados de 1993, e em diversas etapas que eram esclarecidas à população (cuja participação ativa foi considerada essencial pro sucesso), até a adoção final da nova moeda. A queda brusca da inflação em 1995 e a manutenção de índices anuais relativamente baixos a partir de então também pareciam “passe de mágica”, mas justamente foram sendo abandonadas as muitas reformas estruturais e econômicas que o plano originalmente previa, limitando o potencial que o país tinha, com inflação tão baixa, pra “decolar de vez”.

Mesmo assim, e apesar dos ocasionais problemas sociais e econômicos que o Brasil atravessou nas últimas décadas, ninguém entre a população média tem qualquer pesar pela adoção do real, todo mundo ainda vê o fim da hiperinflação como uma das maiores conquistas modernas e prefere a atual situação à passada. Essa relativa bonança impulsionou a carreira política do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, chefe da equipe que coordenou o Plano Real, e adiou por muitos anos a eleição de Lula. Maria da Conceição Tavares, recém-falecida economista da supracitada Unicamp School of O Povo Pague a Conta, é famosa pela passagem em que “chorou” na TV ao defender o Plano Cruzado em 1986, um dos mais retumbantes fracassos, em comparação com a expectativa que criou.

Muitos dos defensores e mesmo planejadores do cruzado depois integrariam o time de FHC, mas Conceição Tavares, deputada federal pelo PT em 1995-99, insistiu em criticar as reformas, achando que “só iam beneficiar as elites”. Eis um dos raros encontros entre os dois acadêmicos, na época da adoção da nova moeda, algo que pra figuras atuais hoje pareceria impossível, dadas suas enormes diferenças:


Pausa pro intervalo, você merece:


Terminaram ontem, dia 24, os Jogos dos BRICS, evento multiesportivo que em tese se reúne anualmente num dos países que integra o citado fórum econômico, mas permite acolher um número bem maior de países. A edição deste ano contou com 29 esportes e se realizou em Kazan, capital da república russa do Tartaristão, e contou com várias nações ocidentais e de grande parte do “Çu Grobá”, apesar das sanções aplicadas ao país pelas economias mais poderosas. Curiosamente, há “países” listados no quadro que só são reconhecidos por Moscou e por outros párias geopolíticos, como Abecásia, Ossétia do Sul (ambas províncias da Geórgia ocupada pela Rússia) e a “Republika Srpska”, unidade federada da Bósnia e Herzegóvina de maioria sérvia e à beira da secessão. Me espantei de não ver a Transnístria, a Somalilândia, o Saara Ocidental e aberrações similares, mas enfim...

Ignorando completamente o caráter genocida da invasão à Ucrânia, o Brasil resolveu enviar sua delegação, e pelo quadro de medalhas estabelecido até a edição de meu texto, até que não nos saímos tão mal, rs. Em todo caso, percebo que o Brasil tem feito um trabalho olímpico maravilhoso, independente de políticos e de crises institucionais (ao contrário da CBF, que tá caindo de podre), ficando cada vez mais à frente nas Olimpíadas e chegando a obter o segundo lugar no Pan de Santiago, em 2023 (embora bem atrás dos EUA), proeza passada quase despercebida entre funkeiros, tuiteiros e maconheiros! Só acho que essa libido devia ter sido guardada pra França, evitando assim decorar a vitrine do Kremlin assassino.

Isolado pelos governos mais racionais devido a seu comportamento megalômano e cleptocrata, Putin decidiu usar a ocasião como uma espécie de “válvula de escape” por não poder usar as Olimpíadas de Paris como vitrine esportiva da ditadura, embora muitas nações sequer tivessem cogitado levar delegações. Por essa razão, os Jogos dos BRICS podem ser chamados de Olim-Piada do Putinverso Paralelo. Em todo caso, pelo que podemos constatar abaixo, a lógica putinista pode ser resumida da seguinte maneira: 1) Desencadeie uma das guerras mais criminosas das últimas décadas. 2) Seja isolado do mundo, inclusive das instituições esportivas, mas bote a culpa na “russofobia” do “imperialismo malvadão estadunidense”. 3) Organize os próprios jogos (ou use outros pra fazer propaganda), dispute sozinho e chegue em primeiro. 4) Ganhe as “Olim-Piadas” longe de concorrentes sérios, rs.

O próprio Aleksandr Máltsev, de 29 anos, que virou piada internacional ao aparecer sozinho num pódio, é um dos pioneiros do nado sincronizado masculino, uma categoria ainda incipiente e incomum, como fez notar parte da imprensa russa de oposição no exílio (a segunda imagem é de uma triagem da versão russa do portal Meduza feita pelo site Ground.news):






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