quinta-feira, 30 de maio de 2024

“Hola a todos, yo soy el león” (J. Milei)


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/milei-leon


Como todo político populista, Javier Milei nunca abandonou o clima de campanha, embora esteja ocupando o cargo político mais alto da Argentina. No último 22 de maio, ao apresentar seu mais novo livro a uma plateia de fãs no estádio Luna Park, o ultraliberal também fez um longo discurso sobre economia e mercado em linguagem técnica, recebeu o apoio de políticos aliados presentes e, o mais notório, junto da banda La Liberal, que o apoia, “entoou” a canção Panic Show, usada durante toda a sua campanha pra tentar forjar sua imagem de “leão” político (na verdade, como se diria aqui na Favela, “tigrão” pros pobres e “tchutchuca” pro grande capital).

Contudo, a banda La Renga, de matiz anarquista e que gravou a faixa pela primeira vez ainda no ano 2000, dentro do álbum La esquina del infinito, jamais o autorizou a usá-la como jingle, e inclusive critica seu uso pra autopromoção, e não apenas pra desfrute privado. Composta por Gustavo Fabián Nápoli, Milei a usou pela primeira vez quando ainda era pré-candidato a deputado nacional, em setembro de 2021. Após receber a crítica sem ser nomeado, o economista lembrou que La Renga tinha recebido dinheiro pra atuar num show pró-Cristina Kirchner, em 2013.

Em todo caso, segundo a Wikipédia em espanhol, o álbum de 2000 tinha de fato um tom de crítica social, refletindo o rescaldo dos anos relativamente estáveis sob o presidente Carlos Menem e que já estavam se transformando em recessão econômica (até desaguarem, como se veria, na crise aguda entre 2001 e 2002). Vendo o vídeo abaixo, que foi publicado pelo portal G1, posso concluir que Milei não é apenas um “Paulo Kogos argentino”, como muitos dizem aqui, mas também tem pitadas de Nando Moura, o roqueiro fracassado que promoveu o bolsonarismo e depois o renegou, deixando-o ainda mais ridículo e insuportável. A pronúncia quase vomitada em nada deve à Pandora 101, e por isso lhe apresento as duas versões, pra concluir qual delas pode ser a pior, embora o páreo seja duro, rs.

Há também a versão com a letra um pouco modificada, que Milei cantou durante a campanha e da qual pode ser escutado um dos versos no vídeo do G1. Ele troca algumas palavras de pessoas por casta (quem não se lembra dos “marajás” de Collor? Rs) e grita seu lema político após a primeira estrofe, em áudio publicado no YouTube e no Spotify por uma conta chamada “La Mancha Venenosa”, gíria portenha pra uma espécie de jogo. Ainda com poucos seguidores, ela publica a maioria dos jingles de Milei e outras canções relacionadas à ideologia antissocial dos libertários latino-americanos. E pra não quebrar a tradição em minha página, seguem a letra em espanhol disponível no site do mesmo jornal La Voz e a tradução que tentei fazer, usando como auxílio uma já disponível no portal Letras.mus.br. Em algumas aparições, Milei adaptou a letra pra colocar o famoso termo “casta” como alvo desse leão destrutivo:






Hola a todos, yo soy el león
Rugió la bestia en medio de la avenida
Todos corrieron, sin entender
[Corrió la casta, sin entender]
Panic show a plena luz del día
Por favor no huyan de mí
Yo soy el rey de un mundo perdido
Soy el rey y te destrozaré
Todos los cómplices son de mi apetito
[Toda la casta es de mi apetito]

No te escapes, ven a mí
Desnúdate y enfrenta mis dientes
Yo soy el rey, el león
Ven a saber lo que se siente
Por favor no huyan de mí
Yo soy el rey de un mundo perdido
Soy el rey y te destrozaré
Todos los cómplices son de mi apetito
[Toda la casta es de mi apetito]

Hola a todos, yo soy el león
Rugió la bestia en medio de la avenida
Todos corrieron, sin entender
[Corrió la casta sin entender]
Panic show a plena luz del día
Por favor no huyan de mí
Yo soy el rey de un mundo perdido
Soy el rey y te destrozaré
Todos los cómplices son de mi apetito
[Toda la casta es de mi apetito]

____________________


Olá a todos, eu sou o leão
A fera rugiu no meio da avenida
Todos correram, sem entender
[A casta correu, sem entender]
Panic show [show de pânico] em plena luz do dia
Por favor, não fujam de mim
Eu sou o rei de um mundo perdido
Sou o rei e vou te destroçar
Todos os cúmplices despertam meu apetite
[Toda a casta desperta meu apetite]

Não fuja, venha até mim
Desiniba-se e enfrente meus dentes
Eu sou o rei, o leão
Venha conhecer a sensação
Por favor, não fujam de mim
Eu sou o rei de um mundo perdido
Sou o rei e vou te destroçar
Todos os cúmplices despertam meu apetite
[Toda a casta desperta meu apetite]

Olá a todos, eu sou o leão
A fera rugiu no meio da avenida
Todos correram, sem entender
[A casta correu, sem entender]
Panic show em plena luz do dia
Por favor, não fujam de mim
Eu sou o rei de um mundo perdido
Sou o rei e vou te destroçar
Todos os cúmplices despertam meu apetite
[Toda a casta desperta meu apetite]



Comentarista de um dos artigos citados. Como dizem os hermanos, #MileiSosCasta !

Um comentário:

  1. martha aulete hirsch16 agosto, 2024 21:46

    E..., enquanto isso, em Brasília...
    O PT é o kitsch político de cá de Brasíliua e do Brasil. Barango.
    O PeTismo que está aí por ignorância, em 2024, não sabemos como ficará a educação -- já que o PeTismo (religião) nivela tudo por baixo. O PeTismo nivela tudo pela baixa cultura e cultura de massas {Theodor Adorno}. A educação; a arte; a cultura: veneram a indústria cultural. Com seus ministérios sindicalistas e cafonas, Kitsch. Nivela a ""arte"" pela indústria cultural baranga. O PT é brega.

    A indústria cultural, portanto, não mede esforços para lançar os indivíduos em estado de indigência estética, isto é, no mais completo empobrecimento da reflexão crítica e da sensibilidade artística. A padronização é o valor decisivo desta proposta cultural. Eis aí o PT. O PT é cafonérrimo.

    E, além disso, a grande religião profana do nosso tempo é a publicidade: e o PT pratica lavagem-cerebral via publicidade.
    A esquerda se ACHA do "bem". Reparou?
    Vade-retro comunistinhas disfarçados de cordeirinhos bonzinhos!
    Tudo gado do aPedeuTa Mula e da medíocre dilmANTA.
    Vamos ludibriar um bocadinho?
    Vamos! Vamos, sim!

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