segunda-feira, 29 de maio de 2023

Memes na Globo e em TVs do mundo


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/memes-globo1

A televisão no Brasil e no mundo, sobretudo os boletins de notícias, muitas vezes podem nos fazer rir ou gerar situações engraçadas ou constrangedoras. Parte disso já ocorreu no próprio Jornal Nacional da TV Globo ou em outros telejornais da emissora, mas como brasileiros, às vezes podemos achar cômicas algumas “notícias” que são veiculadas em outros países. Eu, pelo menos, entendo mais ou menos algumas outras línguas fora do circuito tipicamente “ocidental” e acabo encontrando situações bizarras, e mesmo que não entenda tudo o que está sendo dito, posso deduzir o assunto por vários elementos extralinguísticos.

Esta é só a primeira publicação de uma série que quero continuar no futuro, pois tenho muito mais situações engraçadas que guardei de vários telejornais da TV Globo ao longo dos anos e boa parte das quais eu tinha carregado no Pan-Eslavo Brasil, antigo canal do YouTube. Porém, como você vai ver, há ainda trechos de noticiários de outros países que eu, pelo menos, achei cômicos ou aptos, com mais ou menos modificações, a se tornarem memes universais!



“Tá, mas você já viu o menino-ímã da Armênia?” (Vanadzor, 26 de outubro de 2021) – Descobri por acaso na TV armênia este menino da cidade de Vanadzor, no qual todas as coisas parecem grudar quando colocadas em cima de sua pele, numa espécie de magnetismo natural. Os bolsonaristas diriam que isso ocorreu após ele tomar uma das doses de alguma vacina contra a covid, embora nesse dia o índice de vacinação completa do país ainda estivesse baixíssimo, rs.

Infelizmente, como ainda sei muito pouco de armênio, não pude entender o que estavam dizendo na matéria, mas as imagens falam por si. Aquele estilo de reportagem sensacionalista bem típico do Ratinho ou dos anos 2000... Tanto minha descoberta quanto o conteúdo foram tão aleatórios que no título faço uma brincadeira com isso, rs. Quando o algoritmo impulsiona algum vídeo ou meme aleatório no YouTube, os jovens que o recebem como sugestão na página inicial gostam de comentar mais ou menos assim (adaptação pra este vídeo):

Eu: “Finalmente posso estudar agora.”
YouTube: “Tá, mas você já viu o menino-ímã da Armênia?”


Duas pérolas do pitoresco Edney Silvestre quando ele foi pra Dinamarca pelo Globo Repórter em 2017. Na primeira, ele visitava uma fazenda de produtos orgânicos na Jutlândia (Jylland), península principal do país, cuja produção estava então muito valorizada no mercado. Até os simpáticos suínos, por serem criados soltos que nem galinha caipira, eram orgânicos: “Porcos felizes chafurdando na lama.” Alguma semelhança desse “texto” com a descrição de um brasileiro gado de político?

Na segunda, ele está esperando pra entrevistar Marie Cavallier, a princesa da Dinamarca, e ele solta esta frase que pode ser usada em muitos contextos: “Não é toda hora que a gente entrevista uma princesa.” Aproveitando a expressão lançada pelo histórico vídeo do Porta dos Fundos, eu diria que puxar o saco de monarquias europeias é algo muito “sudestina”, e pra piorar os inocentes nos comentários veem isso como um exemplo de “simplicidade”. Bem, a julgar pelo tamanho comparado de Brasil e Dinamarca, e se pudéssemos supor que Edney teria muito menos chance de sucesso se tentasse fazer a mesma coisa com a monarquia feudal e colonialista britânica, não vejo nenhuma razão pra assombro!




No dia 10 de janeiro de 2020, uma usuária do Twitter filmou e postou uma briga num restaurante árabe da rede Ken’s Kebabs em Portsmouth, na Inglaterra. A inação do cliente Chris Hill, de 52 anos, que aparece por acaso comendo calmamente e apenas observando tudo (relançando em 2023, eu também associaria ao meme “Briguem, desgraçados, briguem”, do pato desenhado comendo um sanduíche), fez o vídeo viralizar por causa da postura cômica. O homem não larga suas batatas fritas nem seu celular com fone de ouvido, enquanto o pau come solto dentro e fora do estabelecimento.

Os donos do restaurante não quiseram se pronunciar sobre o caso, e vários memes com fotos foram feitos da situação. Eu ia deixar por isso, se não fosse, logo depois de ler a matéria a respeito no site da Istoé, eu ter visto parte de uma palestra do professor Leandro Karnal sobre ofensas e xingamentos. Algumas frases se encaixaram tão bem na cena que resolvi fazer este meme! Usei as imagens de um canal viralizador e misturei o áudio com o volume baixado com o áudio aumentado de alguns trechos de palestras do Karnal sobre o assunto. E perto do final, ficou genial o loirinho saudando a câmera quase coincidindo com o professor falando “A vida é muito curta pra levarmos uma existência medíocre”, rs!


Renata Vasconcellos: “Alô, técnica!” (17 de novembro de 2020) – E eis que logo após apresentar uma abordagem crítica sobre a participação de Jair Bolsonaro na reunião virtual dos BRICS, o Jornal Nacional viveu um problema técnico inusitado: parece que William Bonner e Renata Vasconcellos perderam o contato com parte da produção do programa e simplesmente não sabiam mais o que e como apresentar. Como já ouvi falar certa vez: “O Bonner sem o ponto no ouvido não é nada”...

Esse meme ficou muito famoso na época, sobretudo no Twitter, e inspirou ainda mais montagens e piadas. De fato, ia ser uma resposta à afirmação de Bolsonaro de que outros países facilitavam a exportação de madeira ilegal do Brasil, mas parece que o presidente zicou a transmissão, rs. Aproveitei pra fazer uma pequena zoeira com um meme famoso do Bunda Suja (não mais disponível no YouTube), mas não é porque o apoiava.

Pra piorar, no primeiro turno das eleições de 2018, houve uma séria altercação ao vivo entre a Renata e o Jair, portanto os espíritos já não se dão há muito tempo. Basta lembrar que, durante o Plantão da Globo que anunciou o atentado a faca em Juiz de Fora, a repórter fez ao mesmo tempo com a mão o gesto da facada, o que significa, segundo especialistas, raiva pela outra pessoa. Aproveito a republicação e trago também os “Vereadores comedores”, meme feito pelo mesmo canal de onde tirei o “Alô, técnica!”, rs.




Pior do que a “técnica fujona” foi uma repórter russa que, em 21 de junho de 2019, parece ter enrolado a língua num boletim de notícias do horário das 15h de Brasília! Só me chateei que o arquivo MP3 original não está mais disponível, pois a agência praticamente desmontou a sucursal russa, após o começo da invasão à Ucrânia...

Esse trecho de um minuto e meio do flash de notícias (total de 10 minutos) do serviço em língua russa da Rádio França Internacional (RFI) informa que a Comissão Europeia da UE se recusava a mudar novamente o acordo de saída do Reino Unido, processo conhecido como “Brexit”. O governo de Bruxelas estava particularmente atento à troca de governo no país atlântico, não se adequando à ideia da possível escolha do conservador eurocético Boris Johnson como primeiro-ministro, mas em qualquer cenário reafirmou sua recusa em aceitar um novo acordo. Theresa May, que tinha deixado o cargo algumas semanas antes, tinha recebido muitas novas chances, após muita resistência do Parlamento, mas a moleza finalmente acabou.

A transmissão é lida pela jornalista russa Inna Rakúzina (Инна Ракузина), sobre quem quase não há informações na internet. Há anos percebia essa mulher às vezes tropeçando na fala, quase embargando a voz: não sei se ela tem algum problema neurológico, fônico ou orgânico, mas não custa fazer uma brincadeira especulando coisas mais profundas! Posso ser criticado pela zoeira, mas sendo uma ocorrência frequente, podiam pelo menos tirá-la da transmissão ao vivo. Ironicamente, em 2023, sabemos a que levou a liderança de Johnson no Reino Unido (“Hasta la vista, baby!”)...


Mudando um pouco de assunto, os jovens talvez não entendam muito bem esse tipo de humor (que mesmo pra época era muito sem graça). Em 2006, surgiu no antigo Zorra Total, programa de humor da TV Globo exibido todas as noites de sábado, um quadro com o casal fictício Jajá e Juju, que não seguia muito os padrões contemporâneos de moda e comportamento.

A “graça” estava em que, apesar disso, Jajá era muito apaixonado pela esposa, e que quando começava a elogiá-la ou falar dela, começava a surtar falando “Tô doido, tô doido, tô doido”, fazendo uma “dança do sapo”, como ele mesmo chamava, e quebrando tudo o que via pela frente, sobretudo em restaurantes. Mesmo que se apresentassem as mais lindas e jovens mulheres, Jajá recusava e às vezes até era estúpido com elas.

Com roteiristas e humoristas mais “politicamente corretos” (porque o machismo, a homofobia e o racismo velado de antes eram nojentos!), mas muito aguados e ainda mais sem graças, o programa se reconfigurou e se renomeou apenas Zorra (finalmente extinto em dezembro de 2020), sem obviamente enganar ninguém. Porém, como eu achava engraçada a “dancinha do sapo”, resgatei dois vídeos com episódios da época pra separar a “apoteose” aos interessados em relembrar e aos jovens curiosos! Era um dos maiores sucessos do Pan-Eslavo Brasil...

Fontes:
http://youtu.be/yWctxJ9iIiY
http://youtu.be/T5sZzp2HbE8


Numa das inúmeras reprises que o Faustão fez em seu programa de domingo durante o ano de 2020 (por causa da pandemia), quando ele ainda estava na TV Globo, apareceu o artista de rua paraense Mike do Mosqueiro, que 10 anos antes tinha causado muita sensação na internet com seu sucesso autoral Shananá nananá. Há várias postagens com filmagens caseiras dele, mas no dia 14 de março de 2010 ele conseguiu chegar ao famoso quadro “Se vira nos 30”, deixando até o Faustão desconcertado. Shananá nananá, obviamente, não tem nada a ver com o resto da letra, sendo apenas uma imitação cômica de palavras em inglês que muita gente não entende em certas canções. Época em que esses programas de auditório, sem a desidratação pelas redes sociais, eram mais autênticos...

O que chamou a atenção foram suas interpretações peculiares de grandes nomes da música brasileira, como Victor e Leo, que estavam então no auge, e o violão desafinado, que segundo alguns ficou assim de propósito, só por “sacanagem” com o Mike. Infelizmente, nosso amigo humorado faleceu em março de 2013: tendo problemas com álcool e drogas, que corroeram seu prêmio da Globo, ele foi atropelado sem querer enquanto cambaleava, talvez bêbado, por uma estrada. Esta versão, cujo canal infelizmente foi apagado, é a que ele canta antes de sair do palco, puxando até o Faustão pra cantar e dançar junto. Pra quem fizer questão da criativa letra, aí está ela com minha redação, rs:

Shananá, nananá,
Shananá, nananá,
Shananá, nananá,
Shananá, nananá,
Ai, vai meu amor,

(O quê, o quê, o quê, o quê?)
Eu quero te dizer,
Falar que eu te amo,
E não vivo sem você.
Você é minha vida,
Você é tão especial.
Faria qualquer coisa
Pra não te fazerem mal.

O teu olhar no meu,
O meu olhar no teu.
Você me conquistou,
Me envolveu, me enlouqueceu.
Com esse seu jeitinho
Sedutor e especial,
Mudou a minha vida,
Sem você não é legaaaal.

Shananá (vai, vai, vai, vai)
Shananá, nanáááá,
Shananááá,
Shananá.

Por isso eu te amo
E lhe canto essa canção
Declarando meu amor
Do fundo do coração.
Não quero nunca mais,
Saber de um outro alguém.
Entreguei meu coração,
Agora igual a você não teeeem.

Shananá (vai, vai, vai, vai)
Shananá nanáááá...


O melhor exame de próstata – Quem não se lembra (se já era nascido, claro...) da icônica “Luvinha da Vitória”, um acessório plástico que era anunciado pelas TVs mais trash (eu via pelo SBT) durante a Copa do Mundo de 1994? Sim, ninguém menos que Pelé, o “Rei do Futebol” que faleceria no finzinho de 2022, foi chamado pra anunciar essa utilidade que certamente nos ajudou muito a conquistar o Tetra!

Bizarrices dos anos 90... Eu tinha 6 anos de idade e ainda torcia pra Seleção, mas nunca me passou pela cabeça comprar essa beleza, rs. Se você procurou por anos esta propaganda, ei-la aqui pra seu desfrute! Aos jovens, saibam o que é realmente zoar da vida... Muito melhor do que vuvuzela, pelo menos.

O resgate só foi possível porque os reclames estavam contidos em excertos da antiga rede CNT Gazeta postados com melhorias pelos canais de Juliano Trindade (não mais disponível) e do grande documentarista Êgon Bonfim. O primeiro deve ser de junho de 1994, pois os preços ainda estavam em cruzeiros e aludia-se à futura chegada do Plano Real, em 1.º de julho. O segundo é de 19 de julho, exatamente quando a Seleção vitoriosa era recebida no retorno ao Brasil!

Esta reportagem engraçada da época, na Folha de S. Paulo, alude a possíveis “maracutaias” por trás da venda e fabricação da “Luvinha da Vitória”, rs.


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