Eu estava fazendo minha caminhada matinal nas ruas do bairro, quando passou por mim um SUV com um estepe externo coberto por uma lona com a famosa frase e desenho: “Nas mãos de Deus”. Como estudante de árabe que sou, pensei: Báyna yadáyi-llaah (lit. “Entre as [duas] mãos de Alá”), por que não? Rs.
Hoje encontrei no G1 esta foto dizendo que, devido à crise no Rio Grande do Sul e ao consequente aumento dos preços desse produto majoritariamente produzido no estado, “Os arroz está limitado”, ou seja, existe uma quantidade máxima de sacos que cada cliente pode levar. Pelo jeito, os plurais também estão limitados, rs.
Neste vídeo em russo sobre a língua portuguesa, feito por um youtuber que adora aprender idiomas sozinho (além de outros assuntos culturais), achei o mapa acima (em inglês) das principais características dos falares do português no Brasil. No contexto, “Portuguese S” é a pronúncia do esse como “ch” em fim de sílaba, muito característico do falar do Rio de Janeiro e de algumas regiões do Norte e Nordeste brasileiros.
Sobre a distribuição de “tu” e “você”, o mapa não leva em conta uma característica básica: no registro oral, coloquial e familiar, principalmente, usamos “você” (que também pode ser suprimido, se o verbo sozinho já bastar pro contexto), às vezes abreviado pra “cê” (sobretudo em Minas Gerais e no norte de São Paulo, e geralmente em posição proclítica de sujeito, junto ao verbo), como pronome sujeito ou tônico (usado sozinho ou junto a preposições, ao tipo do moi, toi, lui etc. franceses: “Foi você!”, “Você?”, “É você!”, “pra você”, “com você” etc., mas não “contigo”, e sim “com você”, no limite “cocê”, rs). Porém, como possessivo e objeto direto ou indireto, aparece com as formas do “tu”: “teu/tua”, “vou te falar”, “vou te bater” etc. Fenômeno idêntico ocorre com o voseo rioplatense, sobretudo o argentino (Buenos Aires), em que o “vos” convive com “te”, “tu/tuyo” e algumas formas verbais da segunda do singular, mas não com “ti” (a vos, con vos, para vos etc.).
Outra coisa que me irritou um pouco, embora fosse mais fácil de explicar pros gringos estrangeiros, foi chamar o “erre retroflexo” de “American R”, como se ele tivesse alguma influência do inglês, especialmente do falado nos Estados Unidos. Na verdade, ele é uma herança do tupi, que até o século 18 e sua proibição pelo Marquês de Pombal, era muito mais falado que o próprio português em São Paulo e na chamada região histórica da “Paulistânia”. Se você escutar o espanhol paraguaio (procure no YouTube qualquer discurso do ex-presidente Abdo Benítez!), ou mesmo o guarani falado no Paraguai, vai ouvir a mesmíssima articulação com muito mais frequência.
E pra terminar, este comentarista num canal russo que gosto bastante de assistir e cujo conteúdo é bastante maçante pra que não atraia chupadores de saco. Por que que o carinha precisava insistir em sua origem e pedir a todo custo um alô pra sua cidade, a capital da República da Chuváchia: Cheboksáry? Rs!
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