quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

“Казачья песня” (Canção do cossaco)


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Esta linda canção se chama “Казачья песня” (Kazachia pesnia), A canção do cossaco ou A canção cossaca, e provavelmente quem está cantando é o Coral do Exército Vermelho. Ela faz parte da ópera Terras virgens desbravadas, composta e estreada pelo músico Ivan Dzerzhinski em 1937, que compôs, portanto, a melodia, enquanto a letra é do poeta Aleksandr Churkin. As imagens fazem parte do filme Tikhi Don (literalmente, O tranquilo rio Don), traduzido em inglês como And Quiet Flows the Don e filmado em três partes em 1957-58.

Esta canção mostra de novo a diversidade da experiência cossaca, tanto no tempo quanto no espaço. Aqui, estamos falando dos cossacos que viviam às margens do rio Don, relativamente próximo à atual fronteira ucraniana, e que partilham, portanto, vários elementos linguísticos com os ucranianos. A ópera Terras virgens desbravadas, assim como outra ópera de Dzerzhinski também chamada Tikhi Don, foi inspirada no romance igualmente de nome Tikhi Don, escrito em quatro volumes de 1925 a 1932 e em 1940, por Mikhail Sholokhov. O livro trata de uma família de cossacos do Don, os Melekhov, que vive uma trágica história amorosa nos anos da 1.ª Guerra Mundial, da Revolução Russa e da Guerra Civil Russa. Retrata-se, pois, a decadência e desmonte da instituição cossaca pelos bolcheviques. Com várias mudanças, o filme Tikhi Don, dirigido por Sergei Gerasimov em 1957 e 1958, relata a mesma história e, por isso, foi muito premiado até no exterior.

Ivan Ivanovich Dzerzhinski (1909-1978) foi um compositor soviético laureado com o Prêmio Stalin de terceiro grau (1950), membro do PC soviético desde 1942 e Artista Popular da RSFS da Rússia desde 1977. Compunha óperas e canções comuns, e recebeu ainda outros prêmios estatais durante sua vida. Aleksandr Dmitrievich Churkin (1903-1971) foi um poeta soviético que serviu no Exército Vermelho e se dedicou ao gênero do “realismo socialista”. Ele também escrevia canções, era membro do Partido desde 1949 e recebeu, entre outras condecorações, a Ordem da Insígnia de Honra. Mikhail Aleksandrovich Sholokhov (1905-1984), autor de Tikhi Don, foi um escritor, roteirista, jornalista e correspondente de guerra, laureado com o Nobel de Literatura em 1965. Também ganhou os prêmios Lenin (1960) e Stalin (1941), foi membro do PC soviético desde 1932 e de seu Comitê Central desde 1961. Contudo, foi várias vezes acusado de plágio, inclusive no caso de seu Tikhi Don, por A. Solzhenitsyn e outros.

O vídeo sem legendas com o filme e a canção está nesta página, e a letra em russo pode ser consultada neste site, onde há muitas outras canções cossacas. Neste vídeo, outra montagem interessante mistura cenas de filme com a atuação do Coral do Exército Vermelho. Eu mesmo traduzi, legendei e mudei o enquadramento, e seguem abaixo a legendagem, a letra em russo e a tradução em português (nas legendas, o texto foi encurtado, sem mudar o sentido):


Шли по степи полки казачьи с Дону,
Один казак лишь голову склонил.
Ой, заскучал один казак по дому.
Коню на гриву повод уронил.
Ой, заскучал один казак по дому.
Коню на гриву повод уронил.

Эх, разлетались кудри врассыпную.
О доме думка мучила его.
Лижь в даль глядел он синюю степную,
А в той дали не видно ничего.
Лижь в даль глядел он синюю степную,
А в той дали не видно ничего.

Тряхнул казак чубатой головою,
Сказал своим товарищам с тоской:
Эх, изболелось сердце молодое,
Ой, как мне братцы, хочется домой.
Эх, изболелось сердце молодое,
Ой, как мне братцы, хочется домой.

Лети скорей дороженька-дорога,
Развей казачью думу и тоску.
Эх, на дыбы поднял коня лихого,
И свистнул саблей острой на скаку.
Эх, на дыбы поднял коня лихого,
И свистнул саблей острой на скаку.

А по степи полки со славой громкой,
Всё шли и шли спевая соловьём.
Ковыльная, родимая сторонка,
Прими от красных конников поклон.
Ковыльная, родимая сторонка,
Прими от красных конников поклон.

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Iam pela estepe tropas cossacas do Don,
Somente um cossaco deu-se por vencido.
Ei, um cossaco se cansou e foi para casa.
Deixou a rédea cair pela crina do cavalo.
Ei, um cossaco se cansou e foi para casa.
Deixou a rédea cair pela crina do cavalo.

Ah, as madeixas voaram em debandada.
Ficar pensando na casa o fazia torturado.
Ele só olhava pra longínqua estepe azul,
Mas nessa imensidão não podia ver nada.
Ele só olhava pra longínqua estepe azul,
Mas nessa imensidão não podia ver nada.

O cossaco sacudiu a cabeça com topete,
E disse com melancolia aos camaradas:
Ah, meu jovem coração está extenuado,
Ei, maninhos, queria tanto ir para casa.
Ah, meu jovem coração está extenuado,
Ei, maninhos, queria tanto ir para casa.

Voe depressa, caminho, caminhozinho,
Desembarace mente e peito do cossaco.
Ah, fiz meu cavalo impetuoso empinar,
E no galope, meu sabre agudo assobiou.
Ah, fiz meu cavalo impetuoso empinar,
E no galope, meu sabre agudo assobiou.

E pela estepe, os regimentos em frente
Seguiam, com glória muito retumbante.
Minha cara terra natal, cheia de mato,
Deixe a saudarem os nobres cavaleiros.
Minha cara terra natal, cheia de mato,
Deixe a saudarem os nobres cavaleiros.


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