domingo, 18 de julho de 2021

Os 10 países mais violentos do mundo


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O artigo “Conflits : les 10 pays les moins pacifiés au monde” (Conflitos: os 10 países menos pacificados do mundo) foi escrito por Sabine Cessou e publicado hoje, 18 de julho, no site da RFI em francês. Notável é a informação de que os brasileiros são o povo que mais teme a violência, mesmo sem a ter vivido. Tradução de Erick Fishuk.


A edição de 2021 do Índice Global da Paz, um indicador do Institute for Economics and Peace (IEP), think tank sediado em Sydney, revela que cinco países da África estão entre as 10 nações menos pacificadas do mundo.

A África do Sul está em chamas, desde a prisão do ex-presidente Jacob Zuma. Ela corre o risco de somar-se, no ano que vem, à lista dos países menos pacificados do Global Peace Index (Índice Global da Paz) elaborada pelo IEP, um think tank sediado em Sydney. Islândia, Nova Zelândia, Dinamarca, Portugal, Eslovênia, Áustria, Suíça, Irlanda, República Checa e Canadá são os 10 países mais pacificados do mundo.

No outro extremo, a África conta com cinco dos 10 Estados mais conflituosos e inseguros do planeta. Na ordem dos piores figuram Afeganistão, Iêmen, Síria, Sudão do Sul (na 160.ª posição), Iraque, Somália, República Democrática do Congo, Líbia, República Centro-Africana e Rússia.

Limitando o foco à África, somam-se à lista dos 10 países menos pacificados Mali (148.ª posição), Nigéria (146.ª), Camarões (145.ª), Etiópia (139.ª) e Níger (137.ª).

O Índice Global da Paz (PDF em inglês), publicado em 23 de junho pelo IEP, um think tank australiano com escritórios em Bruxelas, Harare, Cidade do México, Haia e Nova York, passa 166 sob o crivo de seus 23 indicadores de medida dos conflitos, da segurança e da “militarização” das sociedades. Globalmente, o recuo foi baixo em 2020 (-0,07%), mas ele prossegue pelo nono ano consecutivo. Enquanto 73 países viram sua situação agravar-se, 87 obtiveram ganhos em paz.

O recuo mais forte do mundo no Burquina Fasso – As manifestações violentas aumentaram fortemente, ligadas à pandemia da covid-19, assim como a instabilidade política, em alta em 45 países. “O Índice registrou 5 mil incidentes violentos no mundo entre janeiro de 2020 e abril de 2021 ligados à crise da covid, enquanto o impacto de longo prazo da pandemia sobre os crimes violentos e os suicídios ainda não está claro”, explica Serge Stroobants, diretor do IEP em Bruxelas.

A Ucrânia e o Iraque foram os que mais progrediram, enquanto o Burquina Fasso conheceu o recuo mais grave do mundo em 2020. Segundo o relatório, “a decisão do governo de financiar e armar grupos auxiliares civis (link em francês) no combate contra os insurgentes aumentou o acesso ao armamento leve e a intensidade do conflito. O Burquina Fasso encontra-se em estado de guerra civil de baixa intensidade, com 1 milhão de pessoas desalojadas no fim de 2020”.

Todos os sinais também piscam em vermelho na Zâmbia por causa de disputas de fronteira com a República Democrática do Congo (RDC) e da alta dos gastos militares. Mesma coisa na Etiópia, devido ao conflito no Tigray com intervenção da Eritreia, mas também aos 291 mortos nas manifestações que se seguiram ao assassinato do cantor Oromo Hachalu Hundessa (link em francês), sem esquecer as tensões com os países vizinhos em torno da barragem da Renascença no rio Nilo.

A violência tem um preço: quase 12% do PIB mundial – O impacto anual da violência é estimado pelo Índice na soma colossal de 15 trilhões de dólares, ou seja, 11,6% do PIB mundial. Os gastos militares representam 43% dessa soma total, a segurança internacional 31% e a segurança privada quase 8%, o restante sendo repartido entre os conflitos (3%), os crimes violentos (3,1%) e os homicídios (7%).

Mais interessante ainda é que a sondagem altamente abrangente em que se apoia o Índice, o World Risk Poll (site em inglês), conduzida pela Lloyd’s Register Foundation junto a 150 mil pessoas maiores de 15 anos em 142 países. Globalmente, os crimes violentos e o terrorismo são temidos por 15% das pessoas entrevistadas, e percebidos como o segundo risco após os acidentes de carro.

A África encabeça a experiência vivida da violência – Os cinco países com a experiência da violência mais fortemente vivida (pelas pessoas entrevistadas ou por conhecidos) nos dois últimos anos encontram-se na África: 63% na Namíbia, 58% na África do Sul, 56% no Lesoto, 55% na Libéria e 54% na Zâmbia. No mundo, a experiência mais fraca da violência situa-se, por outro lado, no Turcomenistão, no Usbequistão, no Japão, em Singapura e na Polônia.

Já o medo da violência é mais forte no Brasil (83%, duas vezes maior do que a experiência vivida da violência), na África do Sul (79%), nas Ilhas Maurício (76%), no Maláui (75%) e no Lesoto (74%). A violência é percebida como um risco principal no dia a dia por mais da metade das pessoas entrevistadas no Afeganistão, no Brasil, na África do Sul, no México e na República Dominicana.

As Ilhas Maurício constituem um caso particular, na medida em que elas aparecem no primeiro lugar dos países mais seguros da África, seguidas por Gana, Botsuana, Serra Leoa, Gâmbia e Senegal (54.ª posição mundial, logo à frente da França), segundo o Índice. O medo aumentou porque as ilhas viram sua taxa de homicídio dobrar (passando de 1,8 a 2,9 a cada 100 mil pessoas) e manifestações violentas ocorrerem devido à controversa gestão de um derramamento de petróleo em 2020 (link em francês).

Notem-se ainda outras exceções: a Mauritânia, único país da África Subsaariana onde menos de 20% das pessoas entrevistadas tiveram a experiência da violência nos dois anos anteriores, e Madagascar, único país onde menos de 20% das pessoas se dizem muito preocupadas com os crimes violentos.


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