Vamos rir um pouco? Aproveitei pra fazer uma montagem simples com a canção Voa, voa, brabuleta, composta pra fins humorísticos à personagem Shayenne (Cláudia Abreu), “a rainha do eletroforró”, na novela da TV Globo Cheias de charme em 2012. Por incrível que pareça, ela era a vilã, mas o enredo faz uma zoeira com a ascensão social e a maior visibilidade das trabalhadoras domésticas, alcançadas durante os dois governos Lula (2003-2011), enquanto naquele ano a sucessora Dilma Rousseff ainda colhia os frutos do ápice do boom econômico da década passada. Enxergo também que a zoeira é com a mudança nos gostos da cultura de massas que veio com essa ascensão social, muitas vezes vista como “cafona” ou “decadente”, cujo maior alvo de preconceito era e ainda é o funk das periferias urbanas. Basta lembrar dos tempos em que as palavras “rolezão” ou “rolezinho” estavam na moda, simbolizando o acesso da “nova classe média” a espaços antes feudalizados pela população de maior renda. A migração de nordestinos ao Sul e ao Sudeste e a ascensão que o próprio Nordeste teve nos governos do PT também aparecem, como se nota pelo sotaque zoado de Shayenne e pelas misturas musicais inusitadas (que ao longo da década, sobretudo no sertanejo, se tornariam a regra), inter-regionais.
Pra quem se interessar, eis a transcrição da fala do Ary Fontoura no vídeo original postado no Twitter: Me convidaram pra desfilar num bloco de rua, disseram que iam mandar a roupa. Olha a roupa que mandaram! Como é que uma pessoa de 90 anos vai sair desse jeito? Se bem que fantasiado de borboleta, quem é que vai me reconhecer? É ou não é? “Ele vai se fantasiar de borboleta, e a mulher dele vai de Antonieta...” Oi, oi, oi!
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