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O Foro de São Paulo é uma congregação de partidos de esquerda e extrema-esquerda latino-americanos criada em 1990, por alternativas socialistas após a desagregação dos regimes comunistas europeus. Seu alinhamento com Cuba, o único regime comunista ainda vigente fora da Ásia, o tornou peça de muitas teorias da conspiração por parte da direita conservadora no Brasil, durante e depois dos governos do PT. A mais recente delas se refere ao “plano URSAL”, ou seja, o de formar uma “União das Repúblicas Socialistas da América Latina”, anunciada no debate presidencial da TV Bandeirantes pelo Cabo Daciolo em agosto de 2018. O termo, porém, num sentido satírico, foi criado ainda em 2001 pela socióloga brasileira Lúcia Victor Barbosa, contrária às críticas que as esquerdas de então faziam ao antigo plano norte-americano da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).
Em 1993, a cúpula do Foro de São Paulo tinha se reunido em Havana, capital de Cuba, pra discutir novas estratégias das esquerdas latino-americanas após o colapso do “socialismo real” e do avanço neoliberal no subcontinente. No dia 24 de julho, uma data histórica pros cubanos, o presidente Fidel Castro pronunciou o discurso de encerramento do evento, do qual um trecho sem legendas foi postado neste canal. Ante um contexto em que a criação de regimes socialistas parecia não ter futuro, o líder prega que todas as forças de esquerda (subentendem-se partidos, correntes, organizações, movimentos etc.) deviam se unir e se integrar, mesmo que nem todas achassem possível construir ou lutar pelo socialismo em seus países. Achei essa ideia tão ligada ao tal “plano URSAL” que resolvi dar o referido título à postagem!
Junto com Castro, o ex-presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva (PT) foi um dos criadores do Foro de São Paulo. O cubano morreu em 2016, deixando seu irmão Raúl no poder, e Lula está preso acusado de diversos crimes de corrupção. Somando isso à ascensão de governos de direita na Argentina e no Brasil e à crise econômica que Cuba vive hoje, não houve desfecho pior àquele plano de integração. Quanto ao espanhol de Fidel, ou ele fala muito embrulhado, ou o estilo dele é muito intrincado, ou isso é particularidade do espanhol regional. Achei o texto original um tanto difícil de entender, mas no fim consegui, mudando bem a redação em português. Neste portal achei traduzido um “trecho do trecho”, que me deu a primeira ajuda, e seguem abaixo a legendagem, o texto que copiei do próprio canal original e depois revisei, e minha tradução em português:
¿Qué menos podemos hacer nosotros y qué menos puede hacer la izquierda de América Latina que crear una conciencia en favor de la unidad? Eso debiera estar inscripto en las banderas de la izquierda: “Con socialismo y sin socialismo”. Aquellos que piensen que el socialismo es una posibilidad y quieren luchar por el socialismo, pero aún aquellos que no conciban el socialismo aún, como países capitalistas, ningún porvenir tendríamos sin la unidad y sin la integración.
O que podemos fazer nós e o que pode fazer a esquerda da América Latina a não ser criar uma consciência em favor da unidade? Isto deveria estar inscrito nas bandeiras da esquerda: “Com socialismo e sem socialismo”. Tanto os que pensam que o socialismo é uma possibilidade e querem lutar por ele, quanto os que ainda não concebem o socialismo estando em países capitalistas, não teremos nenhum futuro se eles não estiverem unidos ou integrados.
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