Há algum tempo fiquei curioso sobre se os EUA ou o Brasil já tiveram algum presidente que não era casado durante seu mandato, ou que só se casaria depois pela primeira vez. Após uma busca rápida, descobri no site “Guia dos curiosos” que nenhum presidente brasileiro tinha sido solteiro. Segundo o breve texto, apenas Castello Branco tomou posse viúvo, e Hermes da Fonseca se tornou viúvo e casou de novo dentro do mandato. Já Itamar Franco e Dilma Rousseff eram divorciados, tendo sido casados e tido filhas no passado. (Eu acrescentaria que na época havia boatos sobre namoradas de Itamar, mas enfim, rs.)
Quanto aos EUA, também não foi difícil de obter uma resposta, mas achei conteúdo bem mais rico. Encontrei o nome do único presidente que nunca se casou, no século 19, mas algumas histórias sobre os outros mandatários também são muito interessantes. Além disso, a trajetória de James Buchanan tem passagens intrigantes quanto à sua vida sentimental, inspirando zombaria e especulações sobre sua sexualidade, igual ocorre hoje. Os exemplos mais recentes de que me recordo no Brasil são Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e ex-deputado federal que nunca se casou, e Eduardo Leite, governador gaúcho que recentemente assumiu ser gay.
Seguem abaixo uma pergunta no Quora, site coletivo especializado em repsonder dúvidas pontuais, e trechos relevantes da Wikipédia em inglês que contam o principal da carreira pública e da vida sentimental do presidente Buchanan. No primeiro caso, conforme respondeu Angela Stockton à pergunta “Quais presidentes dos EUA não eram casados durante seus mandatos?”, há uma grande diversidade de casos, e só omiti algumas frases irrelevantes. No segundo caso, omiti e não traduzi as muitas notas de rodapé na página original. Nos dois casos, eu mesmo traduzi ambos os textos diretamente do inglês.
Thomas Jefferson, Andrew Jackson, Martin Van Buren e Chester Arthur eram viúvos. É claro que Jefferson tinha Sally Hemings como “companheira”, mas sua filha Martha servia como sua primeira-dama.
John Tyler foi presidente de 4 de abril de 1841 a 4 de março de 1845. Sua primeira esposa, Letitia, morreu em 1842. Ele se casou com sua segunda esposa, Julia, em 1844. [...]
James Buchanan nunca se casou.
Grover Cleveland estava solteiro quando foi eleito presidente, mas um ano depois se casou com Frances Folsom, de 22 anos, a quem ele chamava de “Frank”. Ela era filha de sua antiga companheira legal, e ele explicou que esperou pra se casar até completar 48 anos, porque estava “esperando que Frank crescesse”.
Woodrow Wilson se mudou pra Casa Branca em 1913. Sua primeira esposa, Ellen, morreu em 1914. No ano seguinte, ele se casou com uma viúva, Edith Bolling Galt. [...]
James Buchanan Jr. (23 de abril de 1791 – 1.º de junho de 1868), advogado e político estadunidense, foi o 15.º presidente dos Estados Unidos de 1857 a 1861. Anteriormente, tinha sido Secretário de Estado (de 1845 a 1849) e representado a Pensilvânia em ambas as casas do Congresso dos EUA. Ele foi um defensor dos direitos dos Estados [states’ rights] e reduziu ao mínimo o papel do governo federal nos anos finais da escravidão no país. Historiadores e críticos modernos condenam Buchanan por não ter resolvido o problema da escravidão nem ter prevenido a relacionada secessão dos estados do Sul. Historiadores e acadêmicos o classificam firmemente como um dos piores presidentes do país.
Após ter sido eleito em 1832, o presidente Andrew Jackson ofereceu a Buchanan o posto de Embaixador dos Estados Unidos na Rússia. Buchanan relutou em deixar o país, mas no final aceitou. Ele serviu como embaixador por 18 meses, período em que aprendeu francês, a língua de trabalho da diplomacia no século 19. Ele ajudou a negociar tratados comerciais e marítimos com o Império Russo.
James Buchanan teve uma formação clássica tradicional, que incluía latim e grego, na Old Stone Academy (privada), antes de se transferir pro Dickinson College. Ele era excelente nas duas matérias.
Em 1818, Buchanan conheceu Anne Caroline Coleman num baile de gala em Lancaster, e os dois começaram a flertar. Anne era filha de Robert Coleman, um rico fabricante de ferro. Ela também era cunhada de Joseph Hemphill, um juiz da Filadélfia e um dos colegas de Buchanan. Por volta de 1819, os dois estavam noivos, mas passavam pouco tempo juntos. Buchanan estava ocupado com sua firma de advocacia e projetos políticos durante o Pânico de 1819, os quais o mantinham longe de Anne às vezes por semanas seguidas. Entre os muitos rumores, estava o de que ele só tinha se casado com ela por dinheiro; outro rezava que ele tinha se envolvido com outra mulher (não identificada). Cartas de Anne revelavam que ela estava a par de vários desses rumores. Ela rompeu o noivado, e pouco tempo depois, em 9 de dezembro de 1819, morreu repentinamente. Buchanan escreveu pro pai dela pedindo permissão pra participar do funeral, mas recebeu um não.
Após a morte de Anne, Buchanan nunca se envolveu com outra mulher. Ele dizia, na época do funeral dela: “Sinto que a felicidade fugiu de mim para sempre”. Durante sua presidência, uma sobrinha órfã, Harriet Lane, a quem ele tinha adotado, serviu como anfitriã oficial da Casa Branca. Havia um rumor infundado de que ele tinha um caso com Sarah Childress Polk, viúva do presidente James Polk.
O fato de Buchanan ter sempre ficado solteiro após a morte de Anne Coleman foi alvo de curiosidade e especulação. Alguns supõem que a morte de Anne serviu apenas pra desviar questionamentos sobre a sexualidade ou o celibato de Buchanan. Vários escritores asseveraram que ele seria homossexual, entre eles James W. Loewen, Robert P. Watson e Shelley Ross. Uma de suas biógrafas, Jean Baker, sugere que Buchanan seria celibatário, ou mesmo assexual.
Buchanan tinha uma estreita proximidade com William Rufus King, o que se tornou um alvo da fofoca popular. King era um político do Alabama que serviu brevemente como vice-presidente sob Franklin Pierce. De 1834 a 1844, Buchanan e King viveram juntos numa pensão em Washington e compareciam juntos a eventos sociais. Na época, tal arranjo de vida era comum, embora King certa vez tenha se referido à relação como uma “comunhão”. Andrew Jackson chamava King de “Miss Nancy”, e o proeminente democrata Aaron V. Brown se referia a King como a “cara-metade”, “esposa” e “Aunt Fancy” [gíria: “homem gay”] de Buchanan. Loewen indicou que Buchanan, perto do fim da vida, escreveu uma carta admitindo que poderia ter se casado com uma mulher que pudesse aceitar sua “falta de afeto ardente ou romântico”. Catherine Thompson, esposa de Jacob Thompson, ministro de Buchanan, notou tempos depois que “havia algo de doentio na postura do presidente”. King morreu de tuberculose pouco após a posse de Pierce, quatro anos antes de Buchanan se tornar presidente. Buchanan o descreveu como “um dos melhores, mais puros e mais consistentes que eu conheci”. A biógrafa Jean Baker opina que as sobrinhas dos dois homens podem ter destruído a correspondência entre eles. Porém, ela acredita que as cartas intactas ilustram apenas “o afeto de uma amizade especial”.
“Sai daqui! Levem ele embora! Vagabundo!”
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